PERDOA-ME, SENHOR!



Ó Senhor, perdoa a mim e a meus irmãos, pois, nos esquecemos de Teu amor, e corremos atrás de vãs ambições! Perdoa-nos, Senhor, pois amamos mais as doutrinas do que a Verdade, e porque concedemos a nossa fidelidade às teologia da ortodoxia, enquanto nos esquecemos de Ti, que és o Manancial das Águas Vivas. Perdoa-nos, Senhor, porque nos encantamos tão pagãmente com os Poderes Espirituais que nos esquecemos que sem Amor nada disso nos aproveitará. Perdoa-nos, pois covardemente disfarçamos nossas ambições pessoais sob os mantos dos Chamados Espirituais, quando, de fato, o que nos habita é vanglória, ambição, vaidade, e cobiça. Perdoa-nos, ó Senhor, pois Tu sabes como a Tua Vinha está devastada, como os inimigos pisaram com escárnio o que se havia plantado durante anos, e assim o fizeram porque estávamos embriagados pela volúpia das nossas próprias conquistas. Perdoa-nos, ó Senhor, porque confundimos a Tua Palavra com a Bíblia, a Tua Revelação com Pregação, a fidelidade a Ti com compromisso de integridade para com a Igreja. Perdoa-nos, Senhor, porque vemos, e não enxergamos; ouvimos, mas não escutamos; sabemos, mas não fazemos caso; e tudo para não suceder que vendo, não possamos mais fugir; ouvindo não possamos mais fingir; e sabendo, não possamos mais evitar viver. Sim, perdão, Senhor! Perdoa-nos, ó Senhor, a nossa covardia, a nossa falta de bravura, a morte de nossos sonhos puros, a ausência de verdade no intimo em nós. Perdoa-nos, pois, descremos… Por isso, entregamos o pastoreio de Teu povo ao Espinheiro, e o cuidado de Tuas ovelhas ao Lobo e ao Mercenário. Perdoa-nos, Senhor, posto que aquilo que é transitório nos cegou o eterno no olhar; e aquilo que carrega apenas fugazes belezas, cegou nossos sentidos para o que não perece, embora seja invisível. Perdoa-nos por pensarmos que recebemos de Ti qualquer forma de concessão à insensibilidade e à sinceridade. Perdoa-nos, pois de fato ficamos anestesiados pelo “Deus” que é educado pelos mestres da religião. Perdoa nossa arrogância para com os demais seres humanos. Sim, perdoa-nos o pecado de usarmos o nome “cristão” como símbolo de triunfo, supremacia, verdade, poder, e grandeza. Perdoa-nos por termos trocado o Evangelho pelas tradições da igreja, e a Palavra Viva, pelas modas de cada novo e pobre tempo. Perdoa nossa hipocrisia, e nossa capacidade de odiarmo-nos uns outros de modo tão piedosamente satânico, de tal modo que beijamos com o beijo de Judas, e matamos nosso irmão no campo por causa das invejas nascidas no altar. Perdoa-nos por nossas arrogantes justiças próprias, e por nossas altivas santidades, e por termos a pretensão de sancionar o que já realizastes, e de afirmar blasfemamente o que deves estar pensando enquanto decretamos o que deves fazer, conforme a nossa egoísta e adoecida vontade. Ó, perdão, meu Senhor! Perdoa-nos, pois nosso senso de sobrevivência animal nos tira o ímpeto de viver o arriscado espírito da profecia; assim como nossa necessidade de estar bem com todos, nos rouba a verdade no crer; e nossa falta de confiança nos impede de viver a plenitude de Teu amor. Perdoa-nos quando condenamos aos outros, condenando-nos a nós mesmos; quando julgamos os outros, julgado-nos a nós mesmos; e quando os mandamos tão facilmente para o inferno, apenas porque somos habitados por ele. Ó Senhor, perdoa o nosso desequilíbrio; o qual ora nos empurra para as muitas leis; ora para as leis do nada. Ajuda-nos a viver na Lei da Graça, que é amor que cresce no caminho da não transgressão. Tu conheces o meu coração, minha dor, minhas lágrimas, minhas jornadas todas, e todas as veredas de meu andar. Sim, Tu me conheces, e sabes que meu coração quer encontrar a simplicidade da retidão que não é do homem, mas é de Deus. Tu conheces também minhas muitas alegrias em meio a tantas lágrimas; e minhas muitas ações de graças em meio a tantas perdas. Tu também conheces minha gratidão pela dádiva de discernir o amor, e de poder prová-lo na Terra. Sim, Tu sabes como tenho prazer no encontro que é; no perdão que vence as diferenças; e na reconciliação que vence os ódios. Ó Senhor, mostra-me um sinal de Teu favor para com o Teu povo, para que meu coração não sinta como se eu tivesse corrido em vão, pois, vã não é a Tua Palavra! Em nome de Jesus, meu Senhor, e também de todos os homens, Caio