Por que os evangélicos não dão quase valor à criação?

—–Original Message—– From: Maria de Fatima Dias Sent: sábado, 11 de outubro de 2003 15:42 To: [email protected] Subject: Por que os evangélicos não dão quase valor à criação? Mensagem: Rev. Caio, Tenho 47 anos, sou católica não praticante, e cheguei a ser atéia. Hoje faço um trabalho voluntário em ajuda aos animais, em favor da esterilização com o objetivo de conter zoonoses, superpopulação de animais, abandono, e outros problemas que não preciso “ensinar” ao senhor. Acompanho seu trabalho há mais ou menos 10 anos, e tenho alguns dos seus livros. Aqui, neste e-mail, meu propósito é apenas pedir que o senhor me “situe” dentro de sua vida espiritual, se é que posso dizer assim. Meu questionamento é em relação aos animais. Por quê os evangélicos de um modo geral os subestimam? por quê não reconhecem neles amor, companhia e respeito que, certamente, Nosso Deus reconheceu, pois assim os fez? Por isso, peço que me indique um artigo seu que fale da beleza dos animais; pois certamente o senhor já o tem pronto. Algumas poucas linhas para que eu possa finalizar meu folheto com a elegância de seu estilo. Muito obrigada Fatima www.focinho.hpg.ig.com.br *********************** Minha querida irmã: Paz sobre você! Sua observação sobre o descaso evangélico para com a criação, infelizmente, é incontestável. De fato poderíamos falar do “descaso cristão”. A resposta seria longa—aliás, estou escrevendo um livro sobre o tema—, mas pode ser resumida numa frase: O descaso cristão para com a criação aconteceu porque a “redenção cristã”, conforme uma visão equivocada, é menor que a criação de Deus. A “redenção de almas humanas” não é equivalente à redenção de seres viventes! Além disso, a “visão cristã”—ignorando a Palavra de Deus—, tem uma percepção muito negativa do mundo, confundindo o “sistema humano” chamado de mundo, com a criação de Deus, também chamada de mundo no Novo Testamento. Na maioria das vezes não se sabe fazer a diferença simples e prática entre as coisas. De um lado, “o mundo jaz no maligno”; e também “aquele que ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. De outro lado, o mundo não é mal, é apenas onde temos que ser livrados do mal, sem sermos retirados da vida, conforme Jesus no Evangelho de João (cap.17). Além disso, há o maravilhoso “Tudo é vosso”, do apóstolo Paulo. “Seja a vida, seja morte, seja o mundo…tudo é vosso!” O livro de Provérbios diz que “o homem bom cuida com amor de seus próprios animais”. O Velho Testamento expressa de modo claro como o “desequilibrador” do mundo é o homem. Os profetas bradam esse clamor do coração do Criador Entristecido, pois tudo o que fez era muito bom, mas o homem que fez tornou isto mal, pois mal era o intento de seu coração. O livro do Apocalipse é, provavelmente, o texto inspirado mais ecológico da Bíblia. As denuncias da ira de Deus contra o envenenamento dos mares, rios, fontes de águas, queima da vegetação e de todas as formas de criação, não podem ali ser ignoradas. No Apocalipse o drama humano não é maior que o gemido da criação; e a ira de Deus não se derrama apenas para promover a redenção dos humanos expropriados; mas também em razão da criação estar sendo destruída. Sugiro a você que retire algo do “Salmo da Oração Cósmica”, que transcreverei abaixo, e que aqui no site também está em Devocionais. ****************************** Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor, Deus meu, tu és maravilhoso! Estás vestido de honra e de majestade. Tu te cobres de luz como de um manto. Tu estendes os céus como alguém abre uma cortina. És tu que pões em águas os vigamentos da tua morada. És tu que fazes teu carro de nuvens e que andas sobre as asas do vento. Sim! tu fazes dos ventos teus mensageiros, e “ordenas” teu ministro um fogo abrasador. Oh Deus! Tu é Deus! Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não fosse abalada em tempo algum. E ela ainda hoje está firme. Tu revestiste a Terra com os mantos do abismo, e a adornaste como a uma noiva em gala. Coroaste a Terra com cristais de gelo, com as águas que se adensam sobre as montanhas. Tu falaste e as águas fugiram para os altos montes; à voz do teu trovão puseram-se em fuga. Oh Deus! Tu suspiraste! Elevaram-se as montanhas, desceram os vales, rasgou-se o chão em abismos até o lugar que lhes determinaste para ser o fundo. Tua criação conhece seus próprios limites. Termos traçaste às águas, e elas não haverão de ultrapassá-los. Jamais voltarão a cobrir a Terra sem que tu mesmo lhes dês ordens. Oh Deus! Tu desejas! Então nos vales fazes rebentar nascentes, que correm geladas entre as colinas e serpenteiam pelos vales. Assim, dão de beber a todos os animais do campo; ali teus animais matam a sua sede. Junto dos que pastam em teus verdes campos, habitam as aves dos céus; dentre a ramagem fazem ouvir o seu mavioso canto. Oh Deus! Tu amas os jardins! Da tua alta morada regas os montes; a terra se farta do fruto das tuas obras. Fazes crescer erva para os animais, e a verdura para uso do homem, de sorte que da terra tire o alimento; da vide extraia o vinho que alegra o seu coração; da oliveira arranque o azeite que faz reluzir o seu rosto; e do chão lhe venha o pão, que lhe fortalece o coração. Oh Deus! Tu és o Senhor das Florestas! Saciam-se as árvores do Senhor; os cedros do Líbano que ele plantou; as gigantescas árvores do amazonas dançam para ti. Nelas toda sorte de aves se aninham. Oh Deus! Tu és o Senhor dos montes! Os altos montes são um refúgio para as cabras montesas, e as rochas para as centopeias. Oh Deus! Tu és o dono do Universo! Designaste a lua para marcar as estações; o sol sabe a hora do seu ocaso. E Marte tem permissão para passar perto de nós. Oh Deus! Tu és Senhor da Luz e das Trevas! Fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos os animais da selva. Os animais bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento. Quando nasce o sol, logo se recolhem e se deitam nos seus covis. Então as onças saem para receber de ti a sua porção! Oh Deus! Deus de todos os homens! Bem cedinho sai o homem para a sua lida e para o seu trabalho, até a tarde. Ó Senhor, quão multiformes são as tuas obras! Todas elas as fizeste com sabedoria; a terra está cheia das tuas riquezas. Oh Deus! A tua voz está sobre as muitas águas! Teu é o vasto e espaçoso mar, no qual se movem seres inumeráveis, animais pequenos e grandes. Ali andam os navios, e o monstros que criaste para brincar no mar. Oh Deus! Tu és o Deus de toda providencia! Todos esperam de ti que lhes dês o sustento a seu tempo. Tu lho dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e eles se fartam de bens. Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras a respiração, morrem, e voltam para o seu pó. Oh Deus! Teu é o derramar do Espírito da Vida! Envias o teu fôlego e seres são criados; e assim renovas a face da terra. Permaneça para sempre a glória do Senhor; regozije-se o Senhor nas suas obras! Ele olha para a terra, e ela treme; Ele toca nas montanhas, e elas fumegam. Oh Deus! Deus de meu amor! Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu existir. Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me regozijarei no Senhor. Sejam retirados da terra os que se satisfazem com o ódio e com a perversidade; e não subsistam mais os impiedosos. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor dos os seres criados! Adora a Deus, ó homem! ********************************* Além disso, pensando em bichinhos estranhos e divinos, me veio à mente um texto intitulado “O Salmo do Cavalo Marinho”, que também escrevi em Devocionais, aqui mesmo no site. Transcreverei para você. ********************************* Estava assistindo o Dicovery. Os crocodilos gigantes podem ficar até dois anos sem comer…Graças a Deus…imagine se eles tivessem a fome de um homem!? Então, vi um cavalo marinho…solto na água…cavalgando nas ondas. Meu Deus, como é estranho olhar e ver um cavalo dentro da água …com cara de cavalo, atitude de cavalo, ando-nadando em pé, quase como se fosse uma invasão da terra no meio do mar. O cavalo marinho é uma das infinitas aberrações dos gostos e das absolutas liberdades divinas para expressar a vida. Na criação Deus diz aos homens: Contemplem, extasiem-se, não tentem entender nada antes de aceitar tudo…e divirtam-se com minha alegria de criar tudo o que criei. Assim, bendiga a minha alma ao Senhor! O SALMO 148 nos convida a cultuar a Deus com toda a criação: Louvai ao Senhor! Louvai ao Senhor desde o céu, louvai-o nas alturas! Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas hostes celestes! Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes! Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus! Louvem eles o nome do Senhor; pois ele deu ordem, e logo foram criados. Também ele os estabeleceu para todo sempre; e lhes fixou um limite que nenhum deles ultrapassará. Louvai ao Senhor desde a terra, vós, monstros marinhos e todos os abismos; fogo e saraiva, neve e vapor; vento tempestuoso que excuta a Sua palavra; montes e todos os outeiros; árvores frutíferas e todos os cedros; feras e todo o gado; répteis e aves voadoras; reis da terra e todos os povos; príncipes e todos os juízes da terra; moços e moças; velhos e crianças! Louvem todos o nome do Senhor, pois só o Seu nome é excelso; a sua glória é acima da terra e do céu. Ele também exalta o poder do seu povo, e acolhe o louvor de todos os seus santos, do povo que lhe é chegado. Louvai ao Senhor! ******************************* Ele é o Deus de todos os seres que não compreendo, inclusive o Deus do meu semelhante absolutamente singular e incomparável a mim…e eu a ele. Cada um de nós louve ao Senhor! Amemos a Sua criação, pois fazê-lo lhe é agradável! Amém! Que Deus abençoe você! Nele, Caio Ps: vi que seu código de área é do Rio. Se puder, apareça no Café com Graça. O endereço está no Home do site.