PRECISO DESABAFAR: SOU MULHER DE PASTOR!
—–Original Message—–
From: Mulher de Pastor
Sent: segunda-feira, 21 de julho de 2003
To: [email protected]
Subject: Meu marido tem um caso com as irmãs
Mensagem:
Pastor Caio Fábio,
Fiquei muito feliz em saber do seu site. Espero que esta mensagem chegue verdadeiramente até vc.
Sou apenas uma esposa de pastor…e estou passando por algumas lutas. Meu marido, como todo pastor, corre muito e não tenho a quem procurar por perto.
Até mesmo não quero envolver-me com outros pastores daqui da região…é mais fácil conversar com uma pessoa distante.
Sou casada há 15 anos, tenho 5 filhos. Mas sinto que meu marido está ficando cada vez mais estranho.
Ele não tem mãe, e se voltou e se apegou totalmente as suas irmãs.
Ele tem cinco irmãs, e eu as vejo como cinco sogras.
Elas são zelosas com ele, e sei que me criticam por trás.
Tenho sofrido com isso, pois, elas são inconvenientes, e querem roubar o tempo e a atenção dele apenas para elas.
Da minha parte, tenho uma família também complicada. Todos crentes e todos complicados.
Meu marido não quer se meter com minha família.
Fica longe, distante, diz que não quer nem saber o que se passa na minha casa.
Por outro lado, telefona para as irmãs várias vezes por semana.
Eu fico numa situação ruim, pois, se falo alguma coisa, ele logo diz que só penso na minha família.
Se vamos até a casa de meus pais, ele quer que fiquemos hospedados na casa da irmã ele. Ora, eu quero ficar também um pouquinho na casa de meus pais.
Não me sinto a vontade na casa delas. Mas isso já é motivo de briga. Fica emburrado sem falar comigo, e eu me sentindo um trapo…
O que fazer?
Onde errei para fazê-lo voltar-se totalmente em prol de sua família não da nossa?
Onde errei por não conseguir prender meu marido, sua atenção aqui no nosso lar?
O que faço em relação a minha família?
Não posso desprezá-los. Às vezes nem eu mesmo os agüento, mas tenho que ir lá, pois são meus pais.
Ele não entende isso, e fico numa situação muito difícil.
Se vou lá, ele me deixa na porta e inventa uma desculpa para só ir me pegar na hora de voltar.
Nem entra.
Já não sei mais que desculpas dar.
Se forço a barra ele emburra e fica sem falar comigo direito uns dois dias. Se tento falar com ele que está errado, que não é assim que se faz, ele diz que eu estou defendendo minha família, que fico até contra ele, por causa de minha família…aí a briga está feita.
Será que o senhor pode me dar uma luz?
Já pensei em fazer terapia com uma psicóloga, mas agora não tenho condições financeiras para isso. Só que já estou até entrando em depressão. Moro longe da cidade e minha casa vive cheia de visitas cristãs.
Se é alguma irmã dele, tenho que fazer todas a honras da casa; se é alguém de minha família, ele fica sério, mal conversa, vai pro quarto, fica lendo… e eu inventando desculpas, para não ficar chato.
Será que posso fazer o mesmo com as irmãs dele?
O que será que faço para cativar meu marido de volta à minha família e ao meu lar?
Obrigada, e espero sua ajuda. Será muito importante para mim.
Te admiro muito, sempre te admirei. Que Deus continue te abençoando assim como tens abençoado minha vida.
Mulher de Pastor
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Resposta:
Minha querida Simone:
Seu marido está infeliz e tem com as irmãs dele uma relação profundamente adoecida.
Você não mencionou nada sobre sexo, mas, aposto, que ele não “procura” você também. E, se o faz, é naquela de “comparecer com a patroa”. É, ou não é?
Se o perfil dele fosse outro, eu poderia até pensar que ele estaria tendo um caso com alguém. Mas não é o caso. De fato, ao que parece, o caso dele é pior.
E lamento informar que se você não o forçar a entrar, junto com você, numa terapia, não apenas seu casamento, mas toda a sua família, mergulharão e profunda disfuncionalidade psicológica, e o sistema familiar ficará viciado e doente.
Muitas vezes fica-se doente para sempre!
Nesse caso, todo mundo fica enfermo.
Vira maldição familiar psicológica…
Vai até a terceira e a quarta geração…
Esse sistema adoecido tem que ser curado para o bem de todos.
Caso seu marido se recuse a fazer algo a respeito, peite-o de verdade na consciência do amor.
Essa submissão à doença não está na Bíblia. Não na minha!
O escravo deve aproveitar a oportunidade para se libertar—ensina Paulo.
E mais: o caso psicológico dele com as irmãs, é terrível.
Possivelmente ele tenha coisas mais sérias e mais profundas atormentando a alma dele.
Não aceite ficar olhando isso acontecer.
O caminho da tristeza e da depressão serão inevitáveis, e, por fim, você não agüentará.
Muitas pessoas acabam se envolvendo com alguém numa hora dessas. Então, como ninguém sabe o que acontece em casa, fica para quem não suportou a doença, a pecha de adúltero (a) e leviano (a).
É melhor tratar da doença do que ter que enterrar o defunto.
E saiba, se nada mudar, será inevitável.
Digo isto com muita misericórdia, pois, conheço esse “lugar” onde você está.
Salve seus filhos.
Tente salvá-lo.
Sinto que você o ama.
Mas ele tem que querer.
E não adianta dizer que ele é pastor, e que por isso, à todo custo, tais coisas precisam ser encobertas.
Ao contrário, até para ele ser pastor, essas coisas precisam ser tratadas.
Sugestão: procure um terapeuta isento—em não havendo cristãos com tal isenção, procure qualquer um que seja bom—, e faça disso uma condição de natureza essencial para sobrevivência de vocês.
Se você se acomodar, será uma viagem ladeira abaixo.
E, quanto mais o tempo passar, pior se tornará.
Urge fazer algo, já!
Quanto à sua família, dê a ela o lugar que ela tem na vida de uma mulher adulta, casada e que tem sua própria família. Apenas isso!
Não trate as irmãs dele no mesmo nível que elas tratam a você. Talvez seja o álibi que a enfermidade precisa para se transformar em “direito”. Portanto, não lhes dê tal “direito”.
E, enquanto isto, seja mulher. Mulher mesmo. Não espere ele vir, vá a ele.
Essa é a melhor maneira de saber o que está “rolando”. Homens costumam ficar esperando. Está errado. Nesse nível os dois devem participar; afinal, tem que ser gostoso.
Mas faça a sua parte. Parta para dentro. Ele terá que manifestar o que tem dentro dele.
E lembre-se: tudo o que se manifesta, é luz. Portanto, não tema o que você vai encontrar.
Deixe seus filhos longe das picuinhas. Será melhor para a alminha deles.
E nunca trate a questão como “mulher de pastor”. Mulher de pastor é apenas uma mulher que casou com um homem, que, por acaso, é, também pastor.
Pastor que não for homem primeiro, jamais será pastor depois.
A salvação humana de um pastor é ser antes de tudo um homem.
Ore e disponha-se diante de Deus a fazer a sua parte. Mas não aceite esse câncer. Ele poderá dar metástase e co-roer toda a família.
Que o Senhor ilumine a você.
Que o Deus de misericórdia os visite!
Nele,
Caio