Hoje faz duas semana  que Luk partiu.
Tem sido horrivelmente doce, e docemente  amargoso.
O estranho é paz!
O sentimento de paz é o de um pai que  sabe com certeza que seu filho está “a salvo” dos males desta Terra.
A  dor é saudade, e que cada vez mais vai se concentrando nas pequeninas  coisas…
Até a chatice dele sempre estar querendo uma grana a mais…e  eu duro…me enche de saudades.
Ele nunca me viu zangado com nada em  relação e “ele”; exceto nas vezes em que tive que ser forte e duro para  arrancá-lo de certos estados.
Então, ele conheceu meu furor  apaixonado!
Eu entendi meu filho desde há muito…
Provavelmente  ninguém tenha provocado tanto o meu desejo de conhecer a alma humana do que ele.  
Ele também me livrou de envelhecer na percepção generacional, pois me  obrigou a lidar com os “significados existenciais” de várias novas  gerações.
De 1990 em diante ele sempre “sentiu os tempos”, e percebeu  “qual era” a de cada geração que acompanhou.
Amanhã vamos todos passar o  domingo de Páscoa juntos. 
À semelhança da “cadeira de Elias”, como os  judeus fazem, visto que deixam sempre vaga um cadeira na festa, no aguardo  daquele dia em que o profeta virá outra vez, guardarei uma para ele. 
No  meu caso—digo: no nosso—, é apenas porque amanhã não será um dia de dor, mas de  lembranças boas e engraçadas.
Certamente, como conheço minha família,  cada um vai chorar rindo, enquanto falará de alguma coisa engraça  dele.
Com meu irmão foi assim….
Nunca nos reunimos para chorar a  memória dele, mas para celebrar, rir, gargalhar chorando…até que ficaram  somente as graças engraçadas, e o choro deu lugar a uma saudade delicada e  sempre presente.
A ironia: eu vou guardar uma uma cadeira para ele à  mesa, enquanto ele está assentado à mesa com Abraão, Isaque e Jacó…e uma nuvem  de testemunhas.
Boa Páscoa para todos.
Nele, que nos cobriu com  Seu sangue,
Caio