QUEM NÃO DÁ O DÍZIMO DEVERIA SER PRESO?
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Sent: Thursday, April 21, 2005 4:22 PM
Subject: VAI PRA CADEIA…
Rev. Caio
PAZ E ALEGRIA SOBRE VOCÊ SUA FAMILIA!
Rev. Quero externar toda a minha alegria por tudo de bom e bem que sua vida representa para esse país. Na verdade o que tenho discernido de quatro anos para cá é que o senhor é um profeta e todas as denúncias feitas pelo senhor já começam a acontecer. Tenho visto na minha Igreja e na vida dos lideres aqui. A loucura já começa a se externar e visibilizar de uma maneira gritante.
A última foi a interpretação de Malaquias 3, o velho texto tão estuprado sobre o dízimo. O pastor aqui disse que aquele que não dizima é ladrão e devia estar preso mas, como isso é impossível a prisão dele é espiritual. O medo já tomou conta da igreja e o povo vive a neurose deixada por esses discípulos do si mesmos. Rev. só escrevi porque queria que as pessoas fossem sinceras e não colaborassem mais com essa bandalheira religiosa.
O que eu queria saber é se esse texto tem promessa de morte e destruição e se quando ele foi escrito qual era a intenção de Deus ao faze-lo ?
Rev. desculpe mas, reconheço minhas limitações e não pude responder a irmãos que recorreram a mim como essa necessidade.
Que Deus o abençoe e continue a guarda-lo no amor de Deus.
Hamilton
Resposta:
Meu amado amigo: Graça e Paz!
Inicialmente quero dizer que preso deveria ser todo aquele que usa o nome de Deus para “extorquir crentes-crédulos”.
O texto de Malaquias 3, sobre os dízimos, é o favorito da “igreja” nas questões de contribuições financeiras.
O que não percebemos é que o N.T. não se utiliza dele como Lei da Graça quando se trata de dinheiro.
O texto de Malaquias fala do Templo-Estado. Tem seu próprio contexto histórico, do qual não se pode fugir a fim de entende-lo; além disso, não se pode ser ‘seletivo’ em relação a que parte de Malaquias gostamos mais… Os crentes parecem só gostar dos ‘dízimos’ em Malaquias.
A palavra de Malaquias se dirige a Israel em relação ao Templo-Estado, e sua necessidade de ser mantido após o cativeiro em Babilônia.
A Igreja, todavia, não é assim!
Ao escolhermos, seletivamente, Malaquias como o Santo das Contribuições, sem o sabermos, estamos dizendo quatro coisas:
1) Nosso desejo de que a Igreja esteja para a sociedade assim como o Templo-Estado estava para a população de Israel.
2) Nossa seletividade arbitrária quanto a determinar o que na Lei nos é conveniente.
3) Nossa incapacidade de ver que Malaquias 3 tem sua atualização na Graça em II Co 8 e 9.
4) Nossa ênfase na idéia de que aquele que não contribui é ladrão, põe aqueles que “cobram” no papel de sacerdotes-fiscais dos negócios de Deus na Terra.
Em Atos 5: 1-11, diz-se que dá quem deseja!
Dar sem desejar ou dar mentindo gera morte, não vida!
Ananias e Safira foram disciplinados pela Liberdade que nasce da verdade e não a fim de gerar medo legalista na Igreja. Eles morreram por terem traído a Graça de dar ou não dar, ser ou não!
Eram livres para não dar, não para mentir ao Espírito Santo!
Dar não os tornaria maiores!
Não dar não os tornaria menores!
Mentir a Deus os destruiria!
Deus ama a quem dá com alegria!
O que passar disso é “negócio” feito em nome de Deus e que se alimenta da culpa que se põe sobre os ombros ignorantes de quem não sabe que em Cristo tudo já está Consumado!
Portanto, não há barganhas a fazer!
Não creio que Deus deseje que ninguém contribua com qualquer que seja a causa sem amor. Por medo, nada adiantará.
Dez por cento é uma boa medida de contribuição quando de trata de dar para algo que promove o nome de Jesus e ajuda outros a encontra-Lo.
Mas tem que ser de coração conforme II Coríntios 8 e 9 (Leia).
Por outro lado, essa questão deveria suscitar no coração dos pastores a questão:
Por que eu vivo do Evangelho? Teria eu outra alternativa?
Muitos hoje em dia pregam o “evangelho” apenas por causa dos dízimos. A razão de ser do ministério de muitos é ver a igreja crescer para ver o dízimo aumentar… e o bolso ficar recheado.
Quem tem essa motivação é que faz o tipo de exortação que você ouviu acerca do dízimo!
Assim, deixando o dízimo de lado, volto à questão: Por que eu vivo do Evangelho?
Prego o Evangelho porque eu não tenho outra alternativa na vida além de pregar o Evangelho. E sobre mim não pesa esta obrigação, embora eu experimente uma incontrolável obrigação desobrigada de pregar simplesmente porque tudo o que possa dizer respeito ao Evangelho, pelo o bem e pelo mal, é sempre algo que afeta até as regiões atômicas e quânticas das partículas sub-atômicas que compõe as moléculas que se somam para realizar meu corpo.
Prego o Evangelho porque Jesus pregou o Evangelho em mim!
Assim, o Evangelho se me tornou mais que visceral. Por isto não sinto nenhuma obrigação de pregar o Evangelho, mas a compulsão essencial de anuncia-lo como Boa Nova de reconciliação dos homens com Deus, visto que Deus com eles já está reconciliado, em Cristo; os homens é que na sua maioria ainda não sabem disso.
Os que comigo convivem e conviveram sabem que dinheiro é mercadoria contingencial para mim. Quando comecei a pregar, aos 18 para 19 anos de idade, nada me era mais constrangedor do que quando me ofereciam uma oferta após eu ter pregado. Lembro muito bem do Paulo Brito, e sua mãe, dona Zenilda, me exortando em público, na Maranata, ainda na ABI, acerca de minha relutância quanto a aceitar a oferta que a igreja queria me dar (1975). Para mim era um total constrangimento. Eu queria pregar de graça. Mas eles me venceram; e bem fizeram em me constranger.
Quando fui ordenado presbítero da Igreja Presbiteriana de Manaus (1974), e logo depois designado evangelista do Presbitério, e passei a ganhar um salário da igreja onde servia juntamente com meu pai, sentia grande constrangimento quando iam lá em casa entregar o nosso salário. Muitas vezes eu nem queria pegar o dinheiro. E não foram poucas as vezes que deixava o dinheiro com meu pai para que ele fizesse o que fosse melhor. Foi graças a isso que ele construiu minha primeira casa.
Depois de ser pastor local por 11 anos, não me acostumava à situação do salário. E quando deixei o pastorado local, em 1984, a fim de me dedicar exclusivamente às atividades da Vinde, missão que eu havia criado em 1978, em Manaus, continuei a receber uma ajuda pastoral da Igreja Presbiteriana Betânia, em Niterói, onde eu havia por último pastoreado, sucedendo o querido Rev. Antonio Elias. No entanto, eu nada recebia da Vinde—e nunca recebi—, e nem tampouco ficava satisfeito em receber salário da igreja.
Alguns amigos se reuniram—alguns sozinhos e outros representando suas igrejas—e decidiram que me ajudariam. E assim fizeram por algum tempo. Logo, no entanto, meus livros vendiam o suficiente para eu me manter, e, não muito tempo depois, passei a doar a maior parte dos meus direitos autorais para a Vinde.
Houve um tempo em que todos os subprodutos das coisas que eu produzia—mensagens que viravam fitas, livros, vídeos; e livros que eu escrevia—, geravam uma grande soma de recursos financeiros. Tudo ficava para a Vinde. E isto porque os meus livros que as outras editoras publicavam e vendiam geravam o suficiente para que eu me mantivesse, de modo que a editora da Vinde praticamente quase nunca me deu dinheiro algum de meus direitos autorais.
Isto sem falar nas somas extraordinárias de recursos que pessoas ricas ou gratas me ofertavam pelo país afora, as quais—digo: as ofertas—, invariavelmente iam direto de mim para a Vinde; e, depois, para todas as demais coisas que fui criando pelo caminho.
Nunca carreguei no coração qualquer tipo de cuidado com relação ao meu futuro. E disto tenho o testemunho de todos os que conviveram e convivem comigo. Sempre cri que seria seguido pela bondade e pela misericórdia.
Em 1998, entretanto, quando vi que minha decisão de divórcio iria destruir muita coisa linda, e prejudicar milhares de pessoas que eu deseja ver bem, corri como pude a fim de tentar ver se conseguia recursos para conseguir passar aquele Dia Mal, sem prejudicar aqueles que comigo estavam: familiares, amigos, funcionários, e os milhares ajudados diretamente dentro da Fábrica de Esperança.
A única vez que eu corri atrás de dinheiro, o dinheiro se virou com ódio contra mim. Encontrei uma potestade espiritual. Dei de frente com o poder do dinheiro. Vi o que ele faz nas almas humanas. E me senti, pela primeira vez em toda a minha existência, com medo de não ter dinheiro para ser provedor, conforme eu gostava de ser.
Eu não gostava de receber para pregar, mas amava ter dinheiro suficiente para ser provedor de muitos. Descobri que a humildade de espírito que pregava por puro prazer celestial, por não dar a mínima para dinheiro, acabou por se viciar na sutil vaidade da generosidade humana e cristã. E, me ver sem essa capacidade de provedor, me deixou pela primeira vez inseguro.
Acabou que eu fiquei sem nada. E tive a misericórdia de ser socorrido com o suficiente para me manter, e também manter aqueles dos quais cuido como pai, ex-esposo, marido, amigo e irmão.
Hoje me sinto mais tranqüilo do que nunca nessa área. Não tenho nada para amanhã. Foi assim toda a minha vida. E a cada manhã nada jamais faltou.
No entanto, eu quero ter minha liberdade como homem. E meu desejo é um dia poder pregar sem receber nada depois. Mas, para que isto aconteça, eu desejo, com o prazer de meu trabalho, e com a realidade do tempo e da vida que tem seu custo na terra, entre os homens, poder ter meios de subsistência que me permitam ter sempre grande liberdade.
Este site tem sido meu prazer no último ano e meio. Tanta coisa já aconteceu aqui. A quantidade de material que há escrita nesta site é bem maior do que todo o volume dos 117 livros que eu publiquei até hoje. E isto tudo foi escrito em apenas um ano e meio. Isto sem falar nas centenas de cartas e atendimentos feitos como decorrência do site.
Aqui eu descobri uma imensa liberdade. Liberdade de movimentos—pois posso atualizar o site de qualquer lugar—, liberdade de pensamento confessado, e liberdade sólida, posto que o que aqui se diz, aqui fica; e se torna um documento de existência.
Assim, se Deus permitir, espero poder unir o maravilhoso ao sublime, e poder atender a muitos que precisam de atendimento, aqui, on line, e também poder ter meios de subsistência, posto que desejo ter liberdade sempre, a fim de não fazer nada por qualquer forma de constrangimento.
No entanto, quero que todos saibam que me sinto constrangido, pois, Deu sabe, se meios eu tivesse de atender a todos, e o tempo todo, sem ter que me preocupar com responsabilidades familiares e de todas as demais ordens básicas, eu já estaria pago pelo simples privilégio de ter no meu trabalho, meu maior gozo; e de ter na pregação, minha maior realização como homem na Terra.
Eu, todavia, vejo nisto um tratamento de Deus, me pondo sob dependência, não de um homem, mas de Deus; e não de um alguém, mas de muitos, que por causa do bem que recebem, ajudam a tornar viável aquilo que lhes faz bem.
Quero aprender a ser sustentado apenas pela gratidão!
Paradoxalmente, meu maior espinho na carne é não ter meios próprios para viver do, para, no, e como no Evangelho, sem receber nada de lugar nenhum. O Senhor, no entanto, me colocou sob essa dependência. Ele sabe porque fez isto comigo até hoje. Eu peço a Ele que dessa fraqueza surja grande poder.
O Evangelho de Jesus é minha alegria!
Caio