REBORDOSE ESPIRITUAL: tá doendo!
—– Original Message —– From: REBORDOSE ESPIRITUAL: tá doendo! To: contato Sent: Monday, June 27, 2005 10:57 AM Subject: Está doendo! Nosso querido Pastor, mestre, amigo e irmão em Cristo Jesus, Saudações de Paz! Caio, estou lhe escrevendo para pedir-lhe ajuda! Há alguns dias estou sendo extremamente incomodada, inquietada. Acho que a Palavra está falando, gritando, até, em mim, mas estou confusa, não consigo discerni-la. Me acordo ou me pego em meio às seguintes afirmações: Porque me chamas Senhor, Senhor, e não consegues cumprir as minhas palavras; toda árvore que não dá fruto é cortada, mas toda que dá fruto esta é podada. Também me veio à consciência a dor do trabalho de parto pela qual Paulo passou, duas vezes, em relação aos seus filhos, na fé, na Galácia. Outra afirmação: Sem mim nada podeis fazer; se alguém me ama obedecerá a minha palavra. Diante dessas palavras, afirmações, eu respondo: Senhor eu não consigo fazer o que quero, eu não consigo cumprir as tuas palavras! Como o Senhor sabe, e disse, sem o Senhor nada posso fazer! Então, por que estou me sentindo indigna, incapaz!? Será que fui cortada? Não dei frutos conforme a tua vontade? Ou estou sendo podada? Eu não consigo obedecer a tua palavra se tu mesmo não me fizer obedecê-la, então, fica claro que sou totalmente dependente de ti, não estou entendendo! Pastor, está doendo! De fato é uma espada! Estou me sentindo em trabalho de parto, porém do lado oposto, contrário, ao de Paulo, com relação aos gálatas. Sinto-me como a criança, a dor dela! Eu sou mãe e sei da mistura de sentimentos antagônicos que acompanham o antes e o pós-parto: medo, dor, angústia, expectativa, ansiedade, alegria, e enfim … a felicidade … de ouvir o choro, ver o rosto, de tocar, pela primeira vez, o fruto do ventre! Acho que estou em trabalho de parto, no lugar da criança: meu Pai-Mãe está me esperando, me desejando; quer ver o fruto; Ele já sofreu toda a dor, e às vezes penso que ainda sofre, por mim, diante de quem sou! Contudo, está doendo para sair; o ambiente é confortável, cômodo, sou alimentada, amada (desde o ventre materno; ainda informe); dói ! Sei que há amor e sinto, também, a dor que antecede o parto. Quero amar a Deus de todo o meu coração, de toda a minha alma, de todas as minhas forças; mas não consigo por mim mesma, pois, tal qual bebê, dependo totalmente de meu Pai-Mãe, para viver e continuar viva. Como bebê, não entendo muito do que se passa a meu derredor e muito menos dentro de mim, mas sinto … e dói! Repito: sei que há amor, cuidado, tratado … em todo esse processo! Será que é semelhante à morte da semente? A criança deixa, incômoda e contrariadamente, mas sob a sábia soberania de Deus, em seu tempo, a sua zona de conforto. Ela deixa de ser uma semente, que foi fecundada, morre para aquele espaço-físico, e nasce fruto, para ocupar outro espaço – tudo em meio a dor e sem entender. Estou me sentindo assim! O senhor me entende? Pode me aconselhar ? No amor de Cristo Jesus, SENHOR de vivos e mortos, ____________________________________________________________ Resposta: Minha querida amiga: Graça e Paz! Quando eu estava aprendendo a andar de bicicleta, meu pai me disse que o segredo era se tornar um com ela, em equilíbrio, sem lutar contra a máquina, mas “chamando-a” para a harmonia com você. Aos 13 anos comecei a andar de moto. Primeiro na garupa dos amigos; e, depois de pouco tempo, eu mesmo conduzindo. A acabei por andar de moto até depois que meu primeiro filho nasceu; e eu já era pastor. Parei porque a família não caberia numa moto, e, podendo ser de outra forma mais segura, seria isso o aconselhável. No entanto, aos 13 anos, ao subir pela primeira vez numa garupa de moto, logo fui ensinado que eu tinha que me tornar um com o piloto, sem tentar, “eu mesmo”, equilibrar a moto. Ou seja: andar na garupa de uma moto com segurança para si e para o piloto, implica em que o carona “confie totalmente no condutor”. E a razão é simples: quem não conhece as dinâmicas do andar sobre uma moto, tende a se apavorar quando sente a máquina se inclinar numa curva, por exemplo e, assim, instintivamente, tende a deitar-se para o lado oposto ao da inclinação, como quem puxa a moto para o lado oposto, fazendo assim com que a moto perca o equilíbrio; visto que há duas tendências de energia a puxá-la em direções opostas. Ora, é assim que a maioria das derrapagens em curvas acontecem, quando há um carona. Sim, cai-se, nesse caso, porque não se confiou no piloto, deitando com ele na mesma direção, e, assim, “se tornando um com ele”, pondo-se inteiramente “sob seu comando”; o que, no caso, é apenas uma entrega simples e quieta. Quando o piloto e o carona se tornam um, grande é a segurança; mas quando o carona quer “ajudar o piloto” com seu próprio entendimento, emoção, instinto, resposta à revelia—filha da ignorância e do medo—; e mais o peso próprio e energia própria— então, grande é o desastre. Ora, o que isto tem a ver com você? Na minha opinião, você, que é tão sensível—vejo nos textos que me escreve—, está começando a experimentar o significado do caminho não como “passeio”, mas como cotidiano; assim como quem pega carona de moto não para se deleitar; mas todos os dias, indo trabalhar. Até aqui você vinha na garupa e andando em linha reta. Tudo empolgação. Vento no rosto. Sensação nova. Cabelos esvoaçantes. Excitamento… A velocidade constrói uma grata sensação acerca do mundo quando se está andando em linha reta e plana. Agora, no entanto, começaram a surgir algumas curvas, alguns percursos mais normais da estrada, alguns aclives e declives, alguns buracos no caminho. Então, olhando essas coisas, e sentindo as trepidações e as inclinações que você está experimentando, você se assusta; e, pela memória de sua justiça-própria-instintual, você ‘puxa’ para o lado ao qual você está condicionada a fazer, apelando para o “si-mesmo”, confiando mais em seus sentimentos que no Piloto. E tem mais: quanto mais você ‘puxar para você’, mais desequilibrada a coisa toda ficará; chega o momento em que seu centro gravitacional compete com o do Piloto, e, assim, sob dois centros gravitacionais, e dois senhores—você puxando para um lado e o piloto para o outro—, a máquina ganha vida própria, sai do controle, posto que sobre ela própria também é exercido um outro centro gravitacional; indo, assim, ao chão. Toda queda de moto que acontece em tais circunstancias é em razão da falta de fé daquele que vai na garupa. Ele se sente como um ramo fora da árvore. Surge em sua cabeça a sensação de que sem sua indispensável ajuda e força, o Piloto não vai conseguir fazer a curva. Isto porque o ato de fazer a curva em velocidade numa motocicleta, muitas vezes, demanda se deitar um pouco com a máquina, como quem ajuda a máquina a cair, a pender…; sendo que o que se obtém, ao invés de queda, é equilíbrio; por mais que para sentidos desacostumados, a sensação seja a de que o Piloto está sendo suicida, forçando a maquina na direção de um dos lados, em favor da inclinação. Assim, para andar na carona da Graça, o carona, o viajante, tem que confiar no Piloto, e fazer “tudo o que seu mestre mandar”. Ora, sei que isto é muito difícil. Isto porque nossos instintos nos são, na maioria das vezes, mais fortes do que nossa fé e nossa confiança. Eu acho que você vinha sendo levada, feliz; até que viu os buracos da estrada, viu as curvas, sentiu o impacto da primeira; entrou em pânico, puxou da justiça própria; julgou-se e condenou-se; e decidiu que ao invés de confiar no Piloto, você mesma iria ajudar a exercer o controle sobre o risco de acidente e queda. E é aí que você está: angustiada porque quanto mais você ajuda, mais você atrapalha; e quanto mais você determina a inclinação, mais você pende para o lado oposto. Posso também ver que essas “curvas e buracos da estrada”, vão desde sentimentos mesquinhos que você ainda não conseguiu erradicar de sua alma, até desejos, vontades, tesões, carências, e um monte de necessidades que você admite que existem no seu caminho. Então, passadas as férias da jornada alegre e em linha reta, você olha e vê que o Piloto é o mesmo, a moto é a mesma, você é a mesma; mas o caminho mudou sob seus pés. Não! Não mudou! Mudou sua emoção em relação ao caminho! Está tudo no seu olhar! Assim, como amigo do Piloto, lhe digo: não olhe para os buracos e para as curvas como fez Pedro olhando para as ondas encapeladas. Tenha bom ânimo. Olhe para Ele. Está tudo como antes. O cenário é que cresceu ante os seus sentidos, e você creu mais nele do que em Quem a conduz. E mais: não lute contra. Vá conforme o momento. Não puxe na marra para o outro lado. Confie. Abrace a cintura do Piloto. Deite a cabeça nas costas Dele. Feche os olhos. E mergulhe com ele. No início até de olhos fechados, que é para não ser tentada pelo “instinto primitivo e animal da justiça própria”; e, assim, não vir a “puxar” pro outro lado, provocando a queda. O segredo é abraçar o Piloto e deitar nas costas Dele, pois, com Ele, em harmonia que decorre da confiança, por mais que os nossos sentidos instintuais e primitivos nos gritem que estamos caindo, estamos sim é sendo livres da queda. Sua carta está cheia dos “puxões” que seu instinto de justiça própria vem fazendo, movendo você para longe das costas do Piloto, e fazendo isto com aquela piedade sofrida de quem tenta ajudar o Piloto a não deixar a gente cair. Ora, olhando agora a analogia da Videira, usada por você, eu diria que tudo o que acima disse, é equivalente à “poda”, a qual é feita para que se produza mais fruto ainda. No fim, minha amiga querida, não há frutos, mas apenas um fruto: o da confiança. Não há frutos que sejam bons se eles não forem filhos da confiança. Quem confia, dá todo fruto necessário na estação própria. Portanto, agarre bem firme no dorso do Piloto; deite sua cabeça nas costas Dele; e descanse. Afinal, que poderá você fazer por Ele? O movimento, desse modo, é de confiança, o que equivale a “permanecer Nele”; o que equivale a “olhar para Ele”; o que equivale a “deitar-se junto com a inclinação do Piloto”; e que também equivale a “sem mim nada podeis fazer”. Portanto, descanse. Nele tudo está seguro; mesmo que nossos sentidos tentem nos convencer do contrário. Relaxe! Você e eu somos apenas pessoinhas desta terra, e que estão aprendendo a confiar, a se deixar levar, a descansar. Pois fomos viciados na heroína da lei e da justiça própria; razão pela qual, para nós, nada há mais difícil do que confiar e relaxar. Pense no que lhe disse. Sei que você fará as devidas aplicações. Receba meu amor e reverencia pela sua alma! Nele, de Quem ninguém é cortado se não desejar ser cortado, Caio