RESIGNAÇÃO, RENÚNCIA E PACIÊNCIA: AS BASES DO CARATER DE JESUS EM NÓS!
Estas são as três palavras mais alienígenas à consciência cristã atual. As novas gerações nem sabem mais o que elas significam, de tão estranhas e distantes que se tornaram do cotidiano existencial, psicológico e espiritual de quase todos nós.
Hoje o que se tem é Frustração, no lugar de Resignação, Impotência, no lugar de
Renuncia, e Ansiedade no lugar de Paciência!
Ora, a morte de tais palavras foi obviamente precedida pela morte dos seus valores e significados nas praticas e nas consciências dos cristãos.
Entretanto, até a uns quarenta anos antes de hoje […], ainda era comum ouvir-se discípulos de Jesus dizendo que se haviam resignado ante uma impotência; ou que
haviam renunciado a algo que poderiam fazer, mas que julgavam não deveriam realizar; ou mesmo que haviam decido esperar com paciência no Senhor alguma coisa, ao invés de morrerem de ansiedade, ou mesmo de buscarem aquilo com obstinação imorredoura.
Certamente as três palavras não significam a mesma coisa, mas mantêm conectividade intrínseca entre elas próprias!
Resignação é o que se assume ante perdas ou impossibilidades, não necessariamente ruins em si mesmas. Assim, resignar-se é assumir que algo não foi possível, mas isto sem as dores da impotência magoada. Ou seja: a resignação é uma atitude positiva ante
a negatividade da existência, sem que seja conformismo.
Renuncia, por seu turno, é uma atitude positivamente arbitraria da consciência ante algo que se pode fazer, mas que se julgue não seja conveniente ou edificante realizar
apenas por que se possa […]; embora o coração o deseje e possua a potência para tal. Desse modo é que se renuncia a se dar respostas que suscitem a ira, ou abre-se mão de direitos certos, ou abdica-se de poderes que estejam em nossas mãos; e isto em nome de algum valor superior da fé e da consciência. Desse modo, na renuncia, pode-se, mas não se deve fazer ou acolher aquela coisa ou situação como exercício de poder, de potencia.
Já a Paciência é, muitas vezes, tanto uma resignação temporária quanto também uma renuncia em compasso de espera —; posto que se resigne o não realizar ou ter aquilo ou alguma coisa por uma impotência total, ou também por dever de consciência, ou mesmo por uma impossibilidade temporária; e decida-se renunciar aquilo ou algo por amor a pessoas ou à sabedoria imposta pelos tempos e circunstâncias; e isto tudo implica em exercer paciência. Ora, a Paciência é a ciência da Paz na Espera. De fato trata-se de uma paz-ciência. E mais: a paciência se conforta na esperança e na certeza das promessas de Deus mediante a fé; e, por isto, alegra-se enquanto aguarda.
Ora, esta três palavras/virtudes são membros ativos do espirito de todo sacrifício de fé.
E mais:
Pelo exercício de tais virtudes o coração cresce em esperança e alegrias não aduladas; portanto, amadurece, se faz forte, enrijece-se, ganha integridade e adquire caráter e amor!
Não existe caráter que possa ser forjado em nós sem resignação, renuncia e paciência!
Sim, isto é fato; e é Lei Psicológica e Espiritual da Vida segundo Deus!
Hoje, entretanto, com a Teologia da Adulação, que é essa Demonologia da Prosperidade a qualquer preço, tudo isto morreu entre os cristãos. Sim, pois resignar-se é coisa de quem não tem fé; renunciar é um sentimento de covardes; e paciência é coisa de quem não conhece a “confissão positiva” ou os poderes mágicos para “fé rehma”, da fé que determina por seus próprios poderes de fé/onipotente.
O resultado disso tudo é mais do que visível entre nós; ou seja: dando certo […] surge a geração esnobe, presunçosa, caprichosa, onipotente, arrogante, perversa, altiva, orgulhosa, mecânica, obstinada, adulada e desobediente; e, dando errado, quando as coisas não acontecem conforme a crença mágica, surge o outro lado dessa mesma geração, que é ansiosa, inquieta, carente, fraca, frustrada, amargurada, queixosa, rixosa, insatisfeita, descontente, cínica, egoísta, desalmada, e, sobretudo, sem esperança, amor e fé.
Assim, você que me lê hoje, saiba:
Não existe a menor chance de que se desenvolva o caráter de Jesus em nós, ou seja: o caráter do Evangelho — sem que se volte a praticar, como ato de fé consciente, a resignação ante aquilo que nos seja uma impossibilidade, ainda que temporária; a renuncia como expressão da supremacia da consciência sobre o poder e a potencia; e a paciência como a ciência da paz na espera grata e confiante no melhor de Deus para nós.
No fim tudo isto tem a ver com amor; pois o amor faz resignações quando tudo sofre e não se ressente do mal; faz renuncias quando não age inconvenientemente e não se alegra com a injustiça; e exerce paciência quando tudo espera, tudo crê e tudo suporta.
Quem souber outro modo de ser de Jesus e de desenvolver o caráter do Evangelho, amadurecendo segundo Cristo, e que não seja este aqui clara e simplesmente exposto, então me ensine; posto que eu não conheça outra forma de crescer em Deus, de adquirir amor, de desenvolver integridade e consistência interior, a não ser mediante as praticas dessas virtudes do amor, as quais, entre nós, se tornaram bobagens e tolices a serem evitadas pelos poderes de He-Man.
Recordo-me como se fosse hoje o dia [março/abril de 1991] quando o Edir Macedo me disse que ele iria acabar com essa igreja de fracos e tristes, e que só viviam de resignações, de renuncias e de paciência.
“Que coisa nenhuma!… O meu evangelho não conhece essas coisas! Vou acabar com essa igreja de fracos! A fé não vai pra frente e não conquista nada porque o povo foi ensinado assim… Estou aqui pra acabar com isso!” — foi o que ele me disse, no seu gabinete na TV Record, com os olhos ardendo com certa raiva do passado.
O problema é que ele de fato conseguiu o que pretendia!
Com temor e tremor, Nele, que venceu fazendo resignações, pois, sendo rico se fez pobre por amor de nós; que venceu pela via de muitas renuncias, posto que tudo podendo decidiu apenas poder segundo a vontade revelada do Pai; e que carregando a autoridade para mudar montanhas de lugares, decidiu subir com paciência o monte da Caveira para nos salvar,
Caio
9 de janeiro de 2012
Copacabana
RJ