SE NÃO CHAMAREM SEU DEUS DE “JESUS” ELE NÃO ATENDE?

 

SE NÃO CHAMAREM SEU DEUS DE “JESUS” ELE NÃO ATENDE?

 

“Quem conhece a Deus ama, quem não o conhece não ama”.

 

Uma coisa interessante quando se trata do modo como Jesus vai sendo apresentado no Novo Testamento tem a ver com o Seu nome relacional com a História, os indivíduos e com a Trans-história; ou seja: com a eternidade.

Primeiro Ele é o Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Ora, Emanuel é o nome do trans-fenômeno da Encarnação na História.

Depois se diz a Maria que Ele seria chamado pelo nome Jesus, que quer dizer: Ele salvará o povo dos seus pecados; remetendo-nos assim para a Sua relação com os indivíduos que viessem a conhecer o Evangelho como Informação; ou seja: na base mais simples da relação existencial entre uma pessoa e sua consciência existencial acerca de Jesus em sua própria vida.

A seguir Ele é chamado de o Cristo, e, com isso, se afirmava a promessa feita aos Patriarcas quanto ao fato de que da descendência de Abraão e Davi viria o “Enviado”; ou seja: o Messias, o Ungido, e, portanto, segundo a língua grega, o Cristo.

Então vem Paulo…

Ora, mais do que qualquer outro é Paulo quem o chama de Jesus, de Jesus Cristo, de Cristo Jesus, e, além disso, o chama de Deus mesmo; ou seja: de Emanuel; isto ao ponto de dizer que Nele subsistem todas as coisas, que Ele é a imagem do Deus invisível; e mais que isto: Aquele em Quem, por Quem e para Quem todas as coisas são e foram criadas.

A seguir vem João…

João o chama de Verbo, usando um conceito existente entre os pensadores Iônicos da Ásia Menor; sendo que em João o conceito é ampliado para significar não a Razão Pura por trás de tudo, mas, antes disso, o Sentido Absoluto e Amoroso de todas as coisas na criação.

Desde João Batista Ele, Jesus, fora chamado de Cordeiro; embora seja já no Apocalipse de João que a figura de Jesus como o Cordeiro de Deus se sobreponha a todas as demais designações relacionadas ao Deus Encarnado, ao Messias, ao Cristo, ao Salvador; e mais que isto: apontava para a Revelação de Deus em Sua amplidão trans-histórica; ou seja: falava do Emanuel para os que Dele sabiam e para os que Dele nunca nada souberam.

Jesus, como nome, está irremediavelmente vinculado à história individual de todos os que receberam a informação do Evangelho.

O Cristo está aberto ao sentido da esperança pessoal de cada um, e, além disso, não determina que o professante saiba qualquer coisa da história de Jesus, mas apenas da experiência existencial com Ele, tenha havido consciência de Sua História entre os humanos ou não para aquele que tenha tal Esperança.

Cristo Jesus designa o fato de que Aquele que é a Esperança de todos os homens, ainda quando não saibam nada sobre Ele, é o Jesus da história dos que conheceram o Evangelho como Informação.

Jesus Cristo é um nome de afirmação na pregação que visa dizer: a Esperança dos humanos tem nome e uma história a ser contada.

O Cordeiro, todavia, se diz que é desde antes de haver Cosmos; e mais: é Ele quem encerra os nomes de Deus na História, quando, no Apocalipse, depois das Cartas às Sete Igrejas e mais três outras afirmações no corpo do texto, Aquele que é o Emanuel, Jesus, Cristo, Verbo, etc. — transcende tudo, e volta ao Principio antes de todos os começos, e passa a ser chamado apenas e tão somente de Cordeiro.

Jesus, Jesus Cristo e Cristo Jesus são designações temporais; porém o Cordeiro é atemporal e eterno: existia antes de tudo e será assim depois de tudo.

A mente religiosa, todavia, só enxerga Jesus onde Ele seja nomeado pelas letras J-E-S-U-S.

Até mesmo a designação “o Cristo” não é bem sentida na alma pela maioria das pessoas da religião; pois, para elas, o Cristo que não diga “Muito Prazer em conhecê-lo. Meu nome é Jesus!” — não serve ao propósito de fazer crentes se reunirem.

Então vem o João do Verbo e do Cordeiro; o João do Apocalipse, e, como ninguém antes […], apenas insiste que a Igreja saiba Seu nome, mas que Ele mesmo é o Cordeiro sobre tudo e todos; até sobre os que nunca nada Dele souberam.

No fim o Apocalipse nos mostra apenas o Cordeiro; e diz que em Sua Cidade ou Sociedade Eterna, não haverá nomes históricos de Deus a serem pronunciados; visto que lá não haverá [não há] religião e nem santuário; sendo que os humanos subirão para adorar apenas Aquele que se chama de modo indesignável pelo nome de Cordeiro.

Quem entende isso hoje já começa a ver Jesus onde o Seu nome é anunciado; e também passa a discerni-Lo até mesmo onde Seu nome não seja conhecido historicamente como uma Informação, mas que, nem por causa disso, Ele deixe de se revelar aos homens como a verdadeira Luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem.

Afinal, João começa o Evangelho do mesmo modo como encerra seu Evangelho Eterno e Escatológico, o Apocalipse; ou seja: chamando-O apenas de Verbo e de Cordeiro; e mais: afirmando que todos os humanos apenas e tão somente viverão da Sua Luz, a qual é e será sobre todos, sem que as nomenclaturas sirvam mais para designar ou mesmo para ideologizar a revelação, conforme acontece hoje com o nome Jesus; o qual é genuíno, mas foi pervertido pela religião para significar “Aquele que nós conhecemos”, em contraposição aos que “não o conheçam” — conforme os “cristãos” imaginam que exclusivamente se possa conhecê-Lo; ou seja: como uma Informação.

Afinal, tudo isto não tem valor eterno; posto que Aquele que me diz que eu tenho um novo nome que eu mesmo não conheço, é o mesmo que diz que nos revelará o Seu nome, o qual ninguém conhece, exceto aquele a quem Ele o revelar.

Portanto, calem-se os lábios que usam o nome de Jesus como grife, e não deixam que as pessoas apenas vejam, saibam e creiam que Deus é amor, e que o resto é a finitização da revelação para compreensão humana nas contingencias da história, do tempo, do espaço, da cultura e da finitude de nossas próprias percepções.

 

Nele, que é a Luz, o Cordeiro, o Amor e a Vida Eterna,

 

Caio

2 de abril de 2010

Lago Norte

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Páscoa.