SE SEPULTANDO COM O MARIDO
Estimado Pastor Caio,
Eu sempre digo que sou sua fã de carteirinha. No tempo da Vinde eu sempre ia aos encontros da família, e procurava estar sempre lendo seus livros e artigos. Acompanhei lendo e orando pela sua trajetória de ministério.
Sou casada há 31 anos e tenho dois filhos e uma filha.
Com 1 ano de casada já comecei a conviver com a dura experiência da infidelidade do meu marido.
Mas Deus sempre me deu um coração perdoador, e fui perdoando e achando que as coisas pudessem tomar outro rumo. Digo isto porque eu sempre confiei que Deus pudesse mudar a minha história.
Mas Deus age onde há verdadeiro arrependimento, e, às vezes eu penso que isso não existe na vida do meu marido.
Já passei por muitos altos e baixos na vida conjugal. Hoje, já estou cansada, decepcionada e envergonhada com tantas situações constrangedoras. Me sinto frágil e impotente diante da situação em que estou vivendo.
Ultimamente tenho vivido em função do meu trabalho, dos filhos e netos, mas não tem sido fácil.
Hoje meu marido é um homem impotente sexualmente, devido a um problema de saúde. Ele é uma pessoa totalmente indiferente às dificuldades e problemas—os meus, os dos filhos, etc… Ou seja: vive o seu mundo… eu e mais eu… e eu apenas.
Peço desculpas pelo meu desabafo, mas no momento sinto-me sufocada.
Um grande abraço.
Eu
___________________________________________________________________________________
Resposta:
Minha amada irmã: Que o Senhor a faça subir com asas como de águias!
Minha querida, você assinou “Eu”. E é isto que é: você existe, você é um eu, uma pessoa. Esta é a sua chance de ter um eu bem seu, visto que, provavelmente, nem você mesma sabe quem você é—tamanha deve ter sido a opressão desses anos, e que deve ter impedido você de ser muita coisa que você é, no coração.
Você não me disse a sua idade, mas imagino que você esteja aí pelos cinqüenta e poucos. O sentimento que você me passou foi realmente de cansaço. E é mais do que natural, considerando uma existência inteira de indiferença, traições, tristezas e constrangimentos. Posso imaginar o que tenha significado ter que ser esposa e mulher para alguém que tão somente faz a pessoa se sentir menor e mais achatada a cada dia quando volta para casa.
Você mencionou filhos, netos, e o trabalho. E acrescentou que o marido ficou impotente em razão de um problema de saúde, mas não disse o que isto significa para você: se alívio ou o despertamento de sua libido. Mas, dado ao tom de cansaço, cri que de fato mais do que ainda desejar encontrar alguém, a sua alma quer paz e descanso. Se esse é o caso, tente viver o melhor que você puder para você mesma.
Trate-se bem. Não se deixe brochar com a impotência de seu marido (“sinto-me impotente…”… “…meu marido ficou impotente”…).
Se você não vai fazer mudanças fora, faça, todavia, grandes mudanças em você.
Você está correndo o risco de se tornar viciada na dor do grande desperdício que foi a sua existência, do seu ponto de vista como mulher apenas. Nesse caso, cada vez que você olha para a cara do marido, a alma se contorce—e isso mesmo que você nem sempre saiba a causa, pois, muitas vezes parece ser apenas um mal-estar sem causa—e se sente muito mal, e sente raiva; raiva essa que já se cansou de ser raiva, e já virou leve depressão crônica.
Não fique seqüestrada por ele. Chega de ficar refém dessa doença. Ele quis e parece até agora querer existir assim. Dê o conforto que ele precisa em casa, e não fique sepultada com ele. Curta seus netos, filhos, amigos, e bons gostos de bom gosto.
Introduza coisas novas na sua vida.
Aprenda uma dança, exercite seu corpo, leia bons livros, vá ao cinema, goste do que você gosta; e, sobretudo, cuide bem da mulher que você é. Não se sepulte com ele.
De coração, minha querida, é o que tenho a lhe dizer. Com Jesus a gente aprende que a vida ninguém tem que ter poder de tirar de nós, mesmo que nos matem. Vida a gente dá…
Nele, em Quem a dor de hoje será esquecida pelo fruto do amanhã,
Caio