—– Original Message —–
From: SERVIÇO ESCRAVO PASTORAL: me ajude!
To: [email protected]
Sent: Friday, May 26, 2006 6:16 PM
Subject: AJUDA
Olá Pastor Caio!
Louvo a Deus por sua vida e por seu ministério, que tanto tem abençoado vidas.
Escrevo a Senhor em busca de um auxílio.
Minha história é a seguinte:
Tenho 26 anos, sou casado e pastor auxiliar em uma igreja independente e sem vínculos na região do Grande Rio. Desde cedo, meu pai (pastor titular de nossa igreja) imputa sobre mim atribuições pesadas, ao ponto de que, aos 17 anos, ele me ordenou Pastor (infelizmente sem minha plena vontade, mas por imposição), e me colocou para dirigir uma igreja-filha em Bangu.
Desta maneira, meu pai é o titular; e eu não posso ficar um dia sequer sem participar dos cultos. Ele e qualquer outro podem faltar; menos eu. Além disso, trabalho na igreja; moro nos fundos da mesma; e fico refém desta situação — pois sou dependente disto!
No mais, meu pai nunca teve um testemunho cristão sadio, pois agredia minha mãe, eu e minhas quatro irmãs; além de outras condutas referentes aos irmãos da igreja, tendo já chegado a tirar uma faca (peixeira) e colocado na cara de pessoas para intimidá-las.
Moramos no Rio, mas ele é um nordestino “arretado”. Eu já nasci aqui.
Tudo isto tem afetado muito minha vida.
Minha esposa é uma boa pessoa, só que tem passado por alguns problemas de saúde, e também, como é óbvio, referentes à minha família; e não tenho encontrado nela alguém para desabafar, conversar e me auxiliar.
Amigos, não tenho; pois meu pai nunca nos deixou conviver com outras pessoas (expulsava nossos amigos de casa). Assim, acabei encontrando em outra mulher um auxílio neste momento.
Arrependo-me muito por isso, pois minha esposa não merece isto de mim. Mas aconteceu e não sei o que faço.
Sei que preciso conversar com alguém e vejo no senhor uma pessoa que pode me ajudar, na medida em que fala a verdade, doa a quem doer; e é isso de que preciso agora: da VERDADE.
Desde já agradeço a compreensão.
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Resposta:
Meu filho: Graça e Paz!
Sinto muito. De fato me doeu a alma. Afinal, família não é “Senzala” e igreja não é “Casa Grande”. Mas seu pai, pobre homem, fez da família um exercito de escravos. Sim, mão de obra cristã-escrava; e pior: até de menores.
Qual a diferença entre obrigar um menor cortar cana e fazer um outro se tornar pastor também de modo involuntário?
Além disso, seu pai não é pastor. Ele é um homem que precisa do negócio-igreja para sobreviver; ele e milhares de outros.
Na realidade ele é um gestor de trabalho involuntário; e trata você como se o negócio dele fosse uma lojinha; e também como se na angustia de ter ajuda na lojinha, obrigasse os filhos a irem pra trás do balcão; o que é compreensível na luta pela vida. Só que o serviço ministerial não é uma quitanda ou um botequim. No ministério não há lugar para a involuntariedade. Não é serviço obrigatório. Não é Exercito. Ou é espontâneo ou ninguém deve tentar realiza-lo.
Permitir-se tal obrigação, gera ódio com o passar do tempo; sem falar nas amarguras que já estão em sua alma.
E mais: produz asco de “igreja” de tal modo, que esse é o caminho para fazer um “ateu emocional”, que é aquela pessoa que serviu de modo tão involuntário que acaba por perder qualquer que seja o romance pela coisa. Então, perdendo a alegria com a “igreja”, muita gente, imatura, confunde isso com Deus, e pensa que se “afastou de Deus”. E assim começa a saga de um “desviado” da “igreja”.
Obviamente não há mulher que agüente isto. Sua esposa está doente da sua doença e da doença de sua casa e das circunstancias da vida de vocês. Sim, isso mata; quanto mais não faria adoecer?!
Além disso, se sua família é assim com você, como não se sente ela, vendo você seqüestrado, e ela, de tabela, também?
Basta isto para que tudo acabe. Somente um milagre pode preservar um casalzinho vivendo nesse Bangu I conjugal e eclesiástico.
Também é claro que você foi transar com alguém a fim de colocar pra fora sua frustração e raiva. Deve ter ido até de birra. Sim, foi com vontade de se vingar, de chutar o balde (pelo menos escondido) e de punir-se por aceitar, sendo um adulto, o estado de prisão no qual seu pai colocou você.
Desse modo, meu filho, quanto mais você expuser sua alma a tal tirania, mais sem autocontrole você ficará; posto que a alma oprimida e amargurada, muitas vezes acaba por escolher o caminho de um affair sexual a fim de diminuir a frustração.
O que fazer?
Sinceramente, eis o que penso:
1. Escolha se você quer ainda poder ver seu pai salvo dessa morte-de-salvação ou se você se se submeterá ao regime de tirania ministerial e existencial por ele imposto. Somente sua saída desse “império” é o que pode salvar você, sua mulher, sua família, e, depois, quem sabe, seu pai também. Quando falar em “salvar” me refiro à doença presente, e, obviamente não estou me referindo à eternidade.
2. Se sua escolha for pela libertação, não diga nada, exceto para a sua esposa (e isso se ela for discreta e guardar segredo); e comece a procurar outra coisa pra fazer; qualquer coisa; desde que não seja esse serviço obrigatório ao ministério.
3. Saia dos fundos da casa dele, nem que seja pra debaixo da Ponte Rio – Niterói. Na água ainda é melhor! E se você não tem meios agora, não se assuste; pois em se buscando, sempre se acha. E, nesse caso, praticamente qualquer alternativa é espiritualmente melhor e menos danosa para a alma.
4. Ao fazer isto, me fale; pois, Deus permitindo, ajudarei você a encontrar um lugar bom em sua cidade. Sim, um lugar para você tirar essa “imposição de mãos opressoras” de sobre você. Sim, porque você literalmente “ordenado”; ou seja: posto sob ordens!
5. Pare de sair com essa mulher. Você sabe que não a ama, e que está com ela por está carente de caricia e sexo; e nada mais que isto. Portanto, não se engane e nem engane a ninguém. E mesmo que ela diga que quer de qualquer jeito, não entre nesse, pois seria e será o caminho de sua desgraça.
6. Se um dia, por ventura ou desventura, você e sua mulher decidirem se separar (o que espero que não aconteça), que seja com dignidade; e não em razão de traições e enganos; posto que isto o fruto disso seja algo muito ruim.
Peço que leia o site www.caiofabio.com
Se você ler o site todo, todos os dias — em poucas semanas, você já estará lá na frente em relação à solução do seu problema.
Se você ama seu pai, saia de perto dele; e dê a você e a ele a chance de se encontrarem fora dos viveiros de doenças, que, no caso, são a sua família e a igreja que seu pai “possui”; pois em ambos os lugares ele é o “senhor”, o “dono” e o “feitor”.
Foi para liberdade que Cristo nos libertou! Não se ponha sob o jugo de escravidão de ninguém, nem de seu pai. Digo isto porque o que está acontecendo é “trabalho ministerial escravo”.
Pense no que lhe disse e me escreva outra vez!
Nele, em Quem a Porta é aberta; e as ovelhas entram e saem, e sempre acham pastagem; pois o Bom Pastor não tem ovelhas presas, mas apenas bem cuidadas,
Caio