SINTO ESTRANHOS DESEJOS SEXUAIS….

—– Original Message —– From: SINTO ESTRANHOS DESEJOS SEXUAIS…. To: Sent: Wednesday, October 06, 2004 11:04 AM Subject: Práticas sexuais… Lendo sua reposta quanto a um esposo que pratica taras sexuais com a esposa…do dia 26.09.2004…gostaria de saber algo… Muito próprio quando você falou que tara gera tara…carne alimenta de carne… Tenho um ótimo relacionamento com meu esposo e vejo que nosso relacionamento é tão engajado sexualmente que por vezes sinto vontade de ir além (ex. tocar no anus do meu esposo)… Ele, aparentemente, quando aproximo a mão da sua região (creio que por causa da próstata), também se excita…mas nunca cheguei ao ato, pois entro em conflito…pois me parece falta de domínio da carne…ou estou me reprimindo em demasia? Nunca acessei sites de sexo, mas lendo o GUIA SEXUAL Fórum, vi que é normalíssimo, a nível de mundo, casais se saciarem na área do anus, com toque das mãos tanto no homem quanto na mulher… desde que sejam entre casais com vínculos emocionais…´ Mas o senhor tem razão total quando diz que práticas deste tipo instiga um prazer insaciável…eu até que respondo por mim..mas meu esposo creio que acabaria por dividir com outras mulheres suas taras. Se o Senhor quiser me esclarecer algo mais que porventura eu não o tenha percebido… eu agradeço. ____________________________________________________________ Resposta: Minha querida amiga: Paz e Contentamento! O que vejo é que a alma está sempre projetando para o que não é, aquilo que ela diz que seria o melhor. Assim, parece que as montanhas de alegria são sempre deixadas sem apreciação, visto que a pessoa olha para as montanhas altaneiras, mas, se impressiona com um montezinho de nada que está para além da montanha. Desse modo, ao invés de aproveitar as quedas d’água que brotam da montanha, e ao invés de se deliciar nas floresta aromáticas que cercam a montanha, esquecendo-se de tudo o que já tem e ainda não conhece em profundidade, e entrega-se ao desejo ardente de subir o pequeno monte que está ali ao lado, com alguma beleza, mas longe de poder ser comparado com as delícias da montanha da alegria. Bem, você me diz: Eu escrevi sobre sexo, e sobre minha vontade de tocar a região anal de meu marido, não sobre alpinismo. Bem, é que você expressou isso com aquele aflição desejosa que mais se assemelha ao desejo de uma virgem desejável, e que dorme ao lado de um marido desejável como homem, mas que nunca toca nela, e nem a possui. Ou seja: me parece que essa questão anal tomou um lugar de interesse desproporcional em sua vida e alma; especialmente se a gente levar em consideração o seguinte: 1) seu marido, que seria o suposto “beneficiário” do prazer, nunca lhe propôs isto; 2) se o beneficiário é ele, no mínimo ele deveria demonstrar tal desejo—por mais estranho que fosse. No entanto, ele parece apenas não rejeitar, mas me parece longe de desejar isto. Desse modo, minha querida, estamos tratando de um fetiche seu, de um desejo seu, de uma pulsão sua; não dele. E mais: o modo como você descreveu a situação parece expressar seu intenso de desejo de fazer isto, como se o prazer fosse seu, e não dele. Ou seja: me parece que você é que está dominada pela idéia de realizar tal ato; e que, em você, se instalou com as pulsões iniciais de uma leve tara. Por exemplo, há homens que são tarados em pé de mulher (nunca consegui entender tal coisa). Ora, a mulher nada sente e nada quer em seu pé, além de uma boa massagem e um bom sapato ou chinelo. O cara, no entanto, é tarado no pé dela, e sente energias estranhas e poderosas percorrendo o seu corpo com um excitamento que parece vir direto dos porões mais insondáveis de seu corpo-alma, sempre que ele vê um pezinho; e ele nem poderia jamais explicar porque que deseja tanto o pé da mulher. A mulher não sente nada além do eventual prazer de ver o cara louco de desejo (e ver o outro louco de desejo, excita muito; ainda que seja em relação à unha do dedo mindinho); e, o sujeito, não sente fisicamente nada, mas, assim mesmo, sente uma energia irreprimível correndo-lhe os nervos, com aquela excitação dos assassinos em série, que quanto mais matam, mas desejo e compulsão de matar sentem. Se você estivesse conversando comigo, certamente que eu iria querer saber como foi sua infância, e como foi sua sexualidade infantil; posto que, tais desejos, em geral são injetados em nós ainda na infância. Seja porque alguém brincou disso na pessoa, ou porque a pessoa brincou disso em alguém. Nesse caso, o prazer não está em nenhum prazer, mas na angustia aflita da pratica oculta, o que gera um forte estimulo, e acaba por viciar o indivíduo na descarga química que o medo de ser flagrado, associado ao desejo de fazer, produzem no corpo, e com quantidades tão grande de descarga químico-orgânica, que a maioria acaba por se viciar na dose. Ora, em geral, isto começa na infância ou na adolescência, e pode prosseguir vida afora… Ora, já vi homens heterossexuais que parecem ardentemente desejar que as mulheres façam isto com eles na hora do ato. No entanto, nunca vi nenhuma mulher que deseje, ela mesma, de si própria, sem nenhuma indução do parceiro, fazer a coisa por conta de seu próprio desejo; e, mais ainda: desejar tanto isto que a mova a escrever perguntando sobre o assunto. Em geral as mulheres escrevem dizendo que o marido quer algo, mas que elas, eventualmente, não sabem se consentem; ou mesmo dizendo que consentem, mas que não se sentem bem; ou que fazem para alegrar a relação, já que esse é o desejo do companheiro, posto que ele diz que isto exacerba o seu prazer, pela via do estimulo da próstata. No entanto, nunca encontrei uma mulher que, pessoalmente, tirasse prazer do ato de manipular o anus de seu companheiro. Portanto, não estamos falando de um prazer que nasça do corpo, mas sim da sensação de poder que tal ato gera naquele que é o praticante ativo; no caso: você. Como você viu, o que me interessa não é a coisa-em-si, mas o que está por trás dela. E é acerca disto que eu queria que você pensasse e me escrevesse. Sim, escreva contando como e quando isso começou; e veja se você consegue associar isto a alguma coisa significativa, ou mesmo à experiências ou memórias do passado. Também me diga se você já teve algum homem em sua vida que pedisse isto de você. Nesse caso, você teria ficado impressionada com o pacote que já teve; e, por essa razão, deseja reproduzi-lo com seu marido. No inicio eu comparei isto a trocar uma montanha de delícias por um monte liso e descampado que você vê de onde está. Sim, porque com tanta coisa maravilhosa para aproveitar e curtir em prazeres indizíveis, você se ocupa do montinho que está ali nas imediações. Na pratica é como trocar um banho de mar por um mergulho numa poça. Assim, alem de me responder o que já pedi, por que você não pára de se preocupar com isto e curte o seu marido? Sim, mergulhe no mar, e deixe que ele, seu marido, também mergulhe nos seus oceanos de amor e delícias. E saiba: há muito mais a se conhecer e explorar no oceano do amor do que nesse montezinho que tomou conta de se seus desejos como uma fixação extraordinária. Quanto ao sexo-em-si, se você lê o site, sabe que existe tudo em mim, menos grilo. No entanto, sempre fico preocupado quando vejo mosquitos ficarem tão importantes quanto camelos; ou quando vejo alguém gostar mais do calcanhar do marido do que de seu cetro real. Sim, a única coisa que me preocupa é o desequilíbrio e a fixação. Se fixou, saiba, adoeceu. Um casal cresce em sua relação sexual não quando varia posições apenas, mas, sobretudo, quando varia emoções, e quando cada ato é como se fosse o primeiro, de tão livre e espontâneo que seja. Mas se “agendar” ou se tiver um “manual”—mesmo que seja tácito—, então, é porque o prazer deu lugar ao vício; e, estranhamente, o vício tira a criatividade, posto que todo vício é repetitivo. Assim, quem quiser ter muito prazer sexual, que nunca se vicie em nada, posto que o prazer mais profundo é sempre filho da inventividade e da surpresa. Pense e me responda. Com todo amor e carinho, Caio