Some de One II
Aqui vai uma boa ilustração do significado de falar em línguas sem que haja quem interprete.
Por isto, Paulo disse que preferia dizer, na igreja, umas poucas palavras em sequência, que milhares em outras línguas–à menos que hovesse “interpretação”.
A net é uma “língua estranha”.
A gente sente intimidade, mas tem que interpretar.
Do contrário, seu irmão fica sem a edificação.
Além disso, aqui na net há uma língua nova sendo criada, cheia de “PQs”, inundada de “tbm”, repleta de “q.” e muitas…
Bem, pra mim é um mundo novo.
Eu gosto mais de escrever como se fala, ainda que demore um pouco mais.
Temo pela total fraguimentação da línguagem; e, será apenas o resultado da vida fraguimentada e nervosa que se tem sob os auspícios da presente ordem de coisas.
A sequência de trocas de e-mails ilustra a possibilidade do desencontro e, também, do encontro.
Boa leitura.
Um beijão,
Caio
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—–Original Message—–
From: Some One
Sent: terça-feira, 5 de agosto de 2003 16:13
To: [email protected]
Subject: Some One…
Mensagem:
Você (Nele) é demais!
Mesmo doente.
Um beijão e fique curado!
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Resposta:
Obrigado!
Caio
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—–Original Message—–
From: SomeOne
Sent: quarta-feira, 6 de agosto de 2003
To: [email protected]
Subject: Some One
Mensagem:
Oi! Pastor Caio
Por (quase) nada!
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Resposta:
Por tudo!
Um beijão,
Caio
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—–Original Message—–
From: Some One
Sent: quarta-feira, 6 de agosto de 2003
To: [email protected]
Subject: Re: Contato do Site
Mensagem:
Porquê “Por tudo”?
Quando comecei falei: “Nele você é demais”.
Não é por tudo, é só por Ele.
Onde vc acha que está?
Eu acho que vc está doente… e gosta muito de jogo de palavras.
Um beijão,
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Resposta:
Perdão, sinceramente, NÃO ESTOU ENTENDENDO NADA!
E não gosto de jogo de Palavras.
Amo a Palavra.
Não sei em quê, nem quando a ofendi, e nem estou aqui para isto.
Diante de Deus, olho pra mim mesmo e declaro outra vez tudo o que lhe disse!
NÃO ESTOU ENTENDENDO NADA!
Se puder, por favor, me explique.
Afinal, você é quem se sente ofendida.
Eu, supostamente, o ofensor, não sei de quê.
Jesus mandou que você me diga.
Ou então, que não me diga.
Mas, também, não me culpe.
Sinceramente,
Caio
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—–Original Message—–
From: Some One
Sent: quinta-feira, 7 de agosto de 2003 08:06
To: [email protected]
Subject: Re: Contato do Site
Mensagem:
Oi! Pastor
Bom dia!
Realmente vc não me entendeu.
Não estou e nem fui ofendida.
Quando disse “Jogo de Palavras”, foi pelo trocadilho do “Por nada” , “Por tudo”.
Quando disse: Não é por tudo, é só por Ele.
Queria colocar só Ele e te tirar.Troquei também!
E vc não está doente? Dor no corpo, no dedinho,etc…
Não fique chateado. Vc falou que eu poderia
te falar qualquer coisa …
Acho que a falha não é minha e de forma
alguma sua. O problema é que e-mail não
leva a entonação da voz. É só letra.
Vc não me conhece, mas sou
uma pessoa muito delicada, no falar principalmente.
Falei com carinho, como falaria pro meu filho.
“Você está doente… vai descansar”.
Não sei colocar as vírgulas e pontos nos
lugares certos para transmitir o que quero falar.
Me desculpe Pastor.
Te respeito muito e por tudo o que vc já fez,
te tenho num lugar especial no meu coração.
Mais uma vez, me desculpe.
Só queria descontração.
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Resposta:
Minha querida,
Eu estou completamente descontraído, e quero que você se sinta assim também.
É que eu existo para você como uma pessoa só; já pensou quantas SomeOnes me escrevem?
Então, muitas vezes, eu tenho que botar os e-mails numa seqüência pra não perder o fio da meada.
Estou falando franco, e você sabe disso.
No meio das SomeOnes, com o tempo, algumas pessoas vão ganhando cara, expressão, etc…
Você, por exemplo, eu comecei a diferenciar completamente de outra SomeOne, já no segundo e-mail.
Então, se a pessoa não escreve me dando logo seu “código”, a maioria diz: Eu sou “G” da praia…; Ou: Eu sou a Rosa de Floripa. Ou ainda: sou o Caloi…; ou mesmo: Oi, eu sou o Dabrecha…etc…, eu não tenho como saber. Mas quando é assim, aí eu me situo na hora, o e-mail ganha pessoalidade contínua, chama memórias à existência.
Portanto, se você apenas me mandar frases, eu não tenho como construí-las imediatamente, à menos que eu monte uma seqüência, que muitas vezes me toma uns 3 minutos para conseguir.
E com tanta gente esperando, eu fico nem sempre podendo ir saber quem é quem, à menos que você já me diga: Oi, eu sou a Some de One!
De fato, agora não precisa mais, eu seu quem é a Some de One, especialmente pelo último e-mail—esse aqui, no qual faço o reply, pra facilitar a seqüência na leitura—, que é a pessoa que me disse ser, e eu creio.
No Senhor falo isso a você.
Portanto, escreva como desejar.
Agora eu sei quem você é.
E isto é bom.
Vai ajudar muito.
Pra mim, agora, todas as “Some” são “de One”, até prova em contrário.
Corro o risco de tratar com muito mais carinho a todas as SomeOnes.
Por que você não me fala de você?
Eu sou público demais.
E o que escrevo aqui não é nada fora de mim.
É minha alma.
Meu dia.
Meu instante.
Mas não dá pra saber quem você é de fato, sem um mínimo de história e de alma…e, aí, é você quem tem que contar.
Por favor, me escreva sempre que desejar, e com toda liberdade.
Eu e você provavelmente já conhecemos a Deus e a vida o bastante para não brincarmos de jogos de palavras.
Obrigado pelo seu retorno tão carinhoso e humano.
Estou aqui.
No Senhor,
Caio
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Portanto, quando falar, me diga; quando re-enviar, faça um reply; e quando receberr, como ainda não chega junto também o rosto, responda dizendo algo simples, como: Oi! Eu sou o Dabrecha (adorei essa auto-desiganação!), e ontem encontrei o Docapitulo…
Bem, por favor, ninguém me escreva “Literalmente” assim; se for desse jeito “literal” o Dabrecha e o Docapítulo vão ficar sem cara pra mim.
Crie o seu verdadeiro nome–que é maior que aquele que você escreve–, pinte-o com alma, envie-o em palavras, receba a resposta em espírito; e, assim, tudo ficará belamente humano!
Caio