SOU ESPÍRITA E ESTOU COM UM CÂNCER…



Caio Fábio, Caro amigo me chamo Abrahão e tenho 25 anos. Minha história começou em março de 2003, quando descobri um câncer no maxilar esquerdo. Isso me levou a procurar auxílio médico fora do meu Estado, fui para o INCA, no Rio de Janeiro, onde recebi tratamento quimio-terápico, sem sucesso. O tumor estava crescendo muito, e fui orientado a procurar tratamento de radioterapia. Como este tipo de tratamento é feito no meu Estado, resolvi fazer aqui, para ficar próximo de minha família. Assim como a quimioterapia, esse tratamento também não obteve sucesso, e fui orientado a procurar tratamento cirúrgico, pois o tumor não estava reduzindo. Isso foi muito difícil, pois a maioria dos médicos não aceitaram fazer a operação, pois a deformidade seria grande e a maioria deles dizia que eu morreria na mesa de cirurgia. Com um pouco de medo mais certo de que passaria por isso, fomos à procura de cirurgião. Apenas 01 em toda a cidade aceitou meu caso; e resolvi operar no dia 13 e junho de 2003, retirando todo tumor de 361 gramas. Com isso fiquei internado por 68 dias, tendo como conseqüência 2 infecções graves e queimaduras, em razão de um erro por parte dos médicos; e uma deformidade facial grave. Depois que saí do hospital, fiquei fazendo os exames de rotina. Em maio de 2004 através de exame descobri um tumor no pulmão, resolvemos operar e retiramos a lesão. Através de outro exame descobrimos outras 2 lesões também no pulmão em setembro de 2004, operamos; e novamente em outubro do mesmo ano descobrimos 3 lesões onde não foi possível operar… Com isso me foi sugerido quimioterapia, onde me encontro em tratamento desde 1/12/2004. Minha vida antes do meu problema era regada a álcool, drogas e saídas pela madrugada, estava completamente perdido, sem rumo, sem religião própria, e sem visão para o futuro… Hoje ainda me encontro com alguns desses problemas citados acima, mas em menor intensidade, pois consegui aprender pequenas coisas que não enxergava antes. Trabalhava numa empresa de médio porte no setor portuário, fazia faculdade, etc… e com minha doença tive que interromper bruscamente tudo isso.Tenho uma vida quase normal hoje, mas ainda não consegui voltar ao trabalho e retomar minha faculdade…E isso também é uma das minhas frustrações, Caio. Tento ser feliz na medida que consigo e desejo muito melhorar e diminuir minhas imperfeições. Peço suas orações e uma ajuda, pois meu coração anda triste… às vezes querendo chorar por algo que não sei o que é…. Tenho uma namorada, que conheço há muito tempo..uns 8 anos…, terminávamos e voltávamos… Há 1 ano e 1 mês voltamos a namorar … somos um casal normal, fazemos de tudo, e ela me aceitou do jeito que estou e também gosto muito dela e tenho medo de perdê-la . Ela está entrando para a Assembléia de Deus e eu era ou sou… não sei se ainda sou… um espírita kardecista, mas que não ia a Centro… apenas gostava da religião…e não consigo me libertar disso, e brigamos de vez em quando por esse motivo…mas estou indo numa igreja e estou gostando… mas não sinto muita vontade de ir… O que eu quero dizer é que estou muito confuso perante a religião que quero seguir…sou temente a Deus e acredito muito Nele e sei que a minha força em lutar vem Dele. Também sinto muito ciúme dela… pois estou deformado e ela é muito linda; e amo ela, e ela diz também me amar… Acredito nisso ..mas as vezes tenho duvida… O que posso fazer para relaxar?… Quero me casar e faço muitos planos com ela, mas aí vem a realidade e me coloca pra baixo…pensando…por que fazer planos se posso morrer amanhã…? Como posso lidar melhor com o câncer e também em relação com minha religião que na verdade não sigo…? Me ajude… Adoro suas palavras… elas são aconchegantes… Abraços do seu fiel admirador … Abrahão Obrigado! ____________________________________________________________________________________ Resposta: Meu querido amigo: Paz e Saúde! Considerando que você mesmo se sente perdido… devo dizer que você é um dos “perdidos” mas valentes que andam por aí. A maioria sucumbe ante o mero diagnóstico, e se entrega ao pavor da morte. Graças a Deus, todavia, você tem dando sua melhor resposta ao problema, e, como resultado, está não apenas sobrevivendo, mas vivendo. Faço-lhe aqui algumas sugestões: 1. Dedique-se ao tratamento sem aflição. Está demonstrado que pacientes que oram com gratidão e se tratam com o coração cheio de amor, recuperam-se muito mais rápido. Portanto, pegue o Evangelho e leia. Também leia os Salmos. E, se puder, leia tudo o que você puder aqui no site. Sei que se você fizer isso sua fé vai crescer, e sua confiança em Deus vai dar um grande salto. Ora, é pela fé e pela confiança que a gente vive e morre em paz. No seu caso, sei que a confiança haverá de lhe realizar verdadeiros prodígios, e lhe será de grande bem para a alma. 2. Namore como se você fosse viver cem anos. Ou seja: não impeça o fluxo do amor e da esperança apenas por causa da doença. Ao contrário, usufrua de todo bem do amor e das alegrias da paixão, pois, por tais mecanismos a alma anda na vereda da saúde. Do mesmo modo, se ela deseja casar-se, case-se. Sinceramente, amando alguém que nos ama vale a pena casar mesmo que seja apenas para viver a Lua-de-Mel. Além disso, amar, fazer amor, beijar, abraçar, expressar e receber afeto… são terapias naturais para a alma, e que refletem no corpo. Ou seja: somatizam-se para o bem. 3. O que você tem que deixar de lado é o ciúme. Ora, se ela não quisesse ficar com você, ela não ficaria. E se ficou, é porque gosta de você. Portanto, confie também nesse quesito. Confie nela baseado no amor de Deus por você. E aproveite cada pedacinho de vida com ela e com todos como quem bebe vinho santo e come pão de alegria. 4. Quanto ao Kardecismo, sinceramente, não o levará a lugar nenhum, como de resto nenhuma outra religião, mesmo a cristã. O que você precisa é conhecer Deus para você, em Jesus, numa experiência pessoal. Quando isto acontecer você verá a sua confiança aumentar para níveis impensáveis, e seu coração mergulhará em paz cada vez mais profunda. Nada ajuda mais alguém a ser curado de um mal do que a experiência da paz! Então você pergunta: como conhecer Deus? Há um só Deus. Mas para os homens há muitos. Deus mesmo é Um e Uno em Sua misteriosa Trindade. Mas para os homens há muitos deuses. Sim, para os homens há tantos deuses quantas almas humanas há na Terra. Ou seja: conquanto haja um só Deus (de fato e verdade), há muitos deuses psicológicos, religiosos e culturais; todos fabricação dos homens, desde o ídolo de pau, pedra, barro ou ouro, até os deuses psicológicos e abstratos; mas que existem na cabeça das pessoas; ainda que se o chame pelo nome judeu de Javé, ou pelo nome cristão de Deus, ou até mesmo “Jesus”. Meu nome é “Caio”. Mas não é meu nome que diz quem eu sou. Partindo-se de meu nome pode-se criar muitos “Caios” que não sou eu—todos chamados de Caio! Sim, meu nome enseja a “construção” de muitos “Caios” que não sou eu; aliás, como de fato acontece. Portanto, falando de mim, o importante—se é que para alguém isso é importante, mas apenas como ilustração—não é o meu “nome”, mas sim minha pessoa real. Nesse caso, prefiro milhões de vezes uma pessoa que não sabe meu nome, mas me discerne como homem, e me trata de modo equivalente à real percepção de quem eu sou, do que aqueles que dizem “Caio Fábio D’Araújo Filho”, mas que me descrevem e me vêem de modo a negar quem eu de fato sou. Esta é uma pobre ilustração, mas revela, no nível mais básico e psicológico, o que acontece numa escala infinita em relação a Deus. Quem é meu Deus? Não! “Meu Deus” não existe mais. Para mim não existe um “meu Deus”, mas apenas o Deus meu. O “meu Deus” seria uma fabricação minha. O Deus meu é aquele que é, que me fez, que me ama, que me salva, que me perdoa, e que anda comigo, especialmente no vale da sombra da morte e das lágrimas; mas Ele também dança, e baila comigo nas festas da Graça como o pai do filho pródigo. Negar o “meu Deus” é o caminho para conhecer o Deus meu! Quem é Deus? Ora, numa escala infinita ninguém sabe, senão somente o Filho, Jesus. Mas se pode conhecer o Seu amor, e intuir, pela revelação da verdade no coração, que Ele é amor, e que está presente em todas as coisas, embora a todas as coisas Ele transcenda. Ora, tal resposta não ajuda a alma a encontrar paz e descanso. Tal resposta não ajuda a resolver as questões da vida, da alma e do espírito. Tal resposta não realiza o bem da vida no coração, embora ajude a quem crê a não se tornar satanás e juiz da a vida de ninguém, o que já é uma infinita vantagem. Quem é Deus para mim? É Ele uma construção minha? Fabriquei-o a fim de melhor viver? Seria Ele uma adaptação psicológica que eu fiz Dele às condições presentes do mundo e de minha própria alma? É claro que não! Jesus disse que quem quer que deseje conhecer a Deus para si mesmo; e experimentá-Lo como Vida e Graça; esse precisa saber que Ele, Jesus, e o Pai, são Um. Jesus também disse: “Quem me vê a mim, vê o Pai”. E disse mais: “Se me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai”. Felipe, um dos apóstolos, pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isto no basta”. Jesus lhe respondeu: “Felipe, faz tanto tempo que estou convosco e não me tendes conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai”. E concluiu: “Crede que eu estou no Pai e que o Pai está em mim. Crede ao menos por causa das mesmas obras”. Assim, por e em Jesus, eu fico sabendo que quem deseja conhecer e saber quem é Deus tem que fazer duas coisas: a primeira é saber que Jesus é a revelação do Pai; e a segunda é crer que assim como Jesus tratou as pessoas, assim o Pai trata a todos, pois, as “obras são as mesmas”. Desse modo, eu não preciso andar com medo de Deus, assim como ninguém nos Evangelhos andava com medo de Jesus. Só tinha medo de Jesus nos Evangelhos aquele que servia a religião, e achava que a mensagem de Jesus, cheia de misericórdia e graça, era uma ameaça à ortodoxia. Esse, ou esses tais, sim, é que morriam de medo de Jesus, embora não temessem a Deus, posto que crucificaram o Unigênito de Deus, Jesus. Assim, minha querida, eu lhe digo: Deus é a cara de Jesus! Qualquer Deus, seja pagão ou cristão, que não pareça com Jesus nos seus atos de justiça, amor, graça, compaixão, e misericórdia, é aquele tipo de “Deus” que Jesus chamou de “ladrão e salteador” (João 10). As pessoas ficam querendo saber como Deus trata os humanos. Então, constroem doutrinas e regras divinas, e põe sobre os homens, em nome de “Deus”, jugos e pesos insuportáveis, que nada têm a ver com o jugo suave e o fardo leve que Jesus disse que era o caminho com Ele. Sim, um “Deus” que põe pesos que Jesus não colocou sobre ninguém, e que trate os homens como Jesus a ninguém tratou, esse não é Deus, mas apenas um impostor, seja o diabo ou seja uma fabricação humana, ainda que leve o nome de “Deus” ou até de “Jesus”. Deus é Jesus e é como Jesus! E em Jesus eu fico sabendo como Deus trata a todos. Em Jesus a vontade de Deus está revelada como amor e graça. Em Jesus eu sei que a vontade de Deus é reconciliação e paz. Sim, em Jesus Deus me mostrou a face! É por esta razão que eu não tenho medo de Deus, antes o amo apaixonadamente, posto que eu jamais teria medo de Jesus, mas apenas me sentiria, como me sinto, irremediavelmente atraído por Ele. Não creia no “Deus da religião”, nem mesmo no “Deus criado pelos cristãos”. Creia única e tão somente no Deus que se revelou em Cristo, sem entalhes e sem esculturas psicológicas feitas por teólogos e pensadores de “Deus”. Esses tais são fabricantes de ídolos. Quem crê em Jesus, pura e simplesmente conforme o Evangelho, esse crê em Deus, e não numa construção de homens! Portanto, a fim de não ser vitima de um “Deus fabricado” tem-se que desistir de vez de todo “Deus da religião”, e, sem medo e sem temor, mergulhar de cabeça na revelação de Deus em Jesus, e apenas conforme o Evangelho. Fora da simplicidade do Evangelho todo “Deus” é pagão, mesmo que seja uma construção feita por teólogos cristãos! Assim, meu amigo querida, como creio no Espírito Santo e no amor de Deus por você, não tentarei dizer a você mais nada. Digo-lhe apenas que leia os evangelhos com o coração leve e livre, e veja como Jesus tratou a todos os tipos de seres humanos. Nessa leitura você verá a misericórdia de Deus para com todos, e verá a severidade de Deus para com “escribas e fariseus”, que foram os únicos que receberam Dele juízo e a promessa do inferno. Sim, foi apenas a esses que Jesus disse que eram “filhos do diabo”, justamente porque, em sua arrogância e presunção, sentiam-se os donos do Reino de Deus, e, por tal jactância, se diziam donos da cadeira do legislador Moisés, impedindo os homens de experimentarem os benefícios da vida com Deus. Esses, sim, foram terrivelmente ameaçados, conforme se lê em Mateus 23. No mais, viva conforme o ensino do Evangelho, e caminhe sem medo, pois se você errar, logo Ele, que vive e nos ama, salvará você de todo engano, conforme Ele mesmo fez com o povo, e, em especial com todo aquele que o seguia. Desse modo, e sem complicações, leia a Palavra do Evangelho, e você ficará sabendo quem é Deus, e também provará em você mesma a Deus como amizade e benefício para a vida; e tamanho será o impacto dessa comunhão que sua alma saberá que é com Deus mesmo que você está tratando, e sendo tratada por Ele. Quanto a sentir Deus na “igreja”, isso nada significa. A maioria aprende a arte da performance emocional, mas não vive a mesma emoção no silêncio do quarto, nem na quietude da alma, e nem experimenta a Deus como alegria e paz no espírito. O justo vive pela fé, e não por emoções. Eu me emociono muito em Deus, quase todos os dias, mas isso não me torna mais próximo Dele. Nada mais me distancia ou me afasta de Deus. Nem a tristeza e nem a alegria. Nem o céu e nem o abismo. Leia o Salmo 139 e você saberá a razão. Caminhe com fé e tranqüilidade. E diga sem medo acerca de qualquer “Deus” que não se pereça com os modos e gestos de Jesus: “Esse, foi apelidado pelo nome Dele, mas não é Ele!” Meu nome é Caio. Mas nem tudo o que se diz de um certo personagem chamado Caio tem qualquer coisa a ver comigo. Entendeu? Leia o Evangelho. Em Cristo temos tudo. Nele estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. E Jesus disse: “Aquele que me ama, meu Pai o amará; e nós viremos para ele, e faremos nele morada”. Creia e viva! Nele, em Quem Deus me mostra a face, Caio