SOU ESPOSA DE PASTOR, MAS SOU LÉSBICA
—–Original Message—–
From: Esposa de Pastor… e lésbica?
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Subject: Não agüento mais…
Mensagem:
Pastor, por favor, me responda….estou muito ansiosa…
Sou esposa de pastor, tenho 42 anos, um filha de 14, e sou casada há 22 anos.
Moro na Europa e amo seu site, pois ele tem me dado uma visão diferente sobre vários assuntos.
Aqui na Europa falo do seu site para os brasileiros, e eles encontram em você um pastor que ouve o que a gente não tem coragem de dizer a nenhum outro… e o melhor: recebem uma palavra de sabedoria, sem pré-conceitos e julgamentos de “eu-sou-mais-santo-do-que-tu.”
Bem, eu acho que gosto do meu marido… talvez, eu o ame com algum tipo de amor; mas nos últimos tempos estou bastante preocupada.
Quando era pequena, ainda criança mesmo, tive algumas experiências sexuais involuntárias; com três meninas mais velhas do que eu.
Acredito que tínhamos aí por volta de 9 e 12 anos mais ou menos; e a experiência se resumiu em beijos e caricias apenas.
Isso passou… mas agora que sou adulta, e estou enfrentando algumas situações estranhas.
Sinto desejo por mulher… já há algum tempo, talvez uns 5 anos. Mas há um ano conheci uma enfermeira, de quem me tornei amiga.
Ela não sabe absolutamente de nada… Mas quando faço sexo com meu marido, penso nela… e me masturbo pensando nela também.
Não sei se o senhor sabe, mas amigas costumam, normalmente, dependendo do nível de intimidade, mostrar os seios umas pras outras, sem nenhuma maldade…coisa de mulher mesmo…pra comparar tamanho ou mesmo trocam de roupa perto da outra. Quando ela me mostrou os seios dela, não pude disfarçar meu desejo.
Ela ficou literalmente nua pra eu ver como ela tinha ficado após um tratamento de pele.
Não disse nada… ! não deixei que ela percebesse que fiquei excitada.
Tenho certeza absoluta de que ela também não fez por mal.
Gosto de fazer sexo com meu marido, já tive alguns outros homens além dele também…mas estou sempre imaginando se fosse uma mulher ali ao invés de um homem…
Sinto muito desejo quando imagino duas mulheres fazendo sexo…
Depois de adulta nunca tive uma experiência homossexual…
Quando vejo uma mulher na rua, fico admirando, achando atraente, tenho até vergonha de dizer isso…
Preciso de ajuda, não sei o que está havendo comigo…
Sou esposa de pastor, o que não me faz diferente de outra pessoa qualquer; é apenas uma referencia… que talvez pese mais no contexto…
Será que sou lésbica e não sei?
O que fazer pra afastar este fantasma da minha cabeça?
Estarei agradecida se me responder, pastor…
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Resposta:
Minha querida amiga: Paz sobre sua alma!
Não sei se você é lésbica. De fato, creio que esse é um “diagnóstico” que ninguém pode fazer por ninguém.
A única coisa que deu para perceber é que você não ama o seu marido e está vivendo uma crise de libido frustrada. Nesse caso, a expressão apareceu como a coisa mais “misteriosamente infantil” que já lhe ocorreu.
No entanto, conheço inúmeros casos como o seu.
O que “acho” é o seguinte:
1. Há homossexuais que são de fato homossexuais. Há neles algo que está presente na constituição. “Nascem eunucos”.
2. Há, todavia, aqueles aos quais “os homens fazem se tornarem eunucos”. Nesse caso, no passado, havia um ritual de “castração” e de adaptação da pessoa ao “serviço da corte”. Isso era assim para que as “mulheres do rei” fossem cuidadas sem o risco de relação sexual com o “servo”. Em alguns casos até mesmo a forma, as atitudes e gestos da pessoa eram induzidos ao modelo feminino, conforme ainda hoje se encontra em certos lugares na Índia; é o chamado “terceiro sexo”.
3. Há também aqueles que “se tornam eunucos” por amor ao reino de Deus. Nesse caso, é a pessoa que abre mão de qualquer pratica sexual, independentemente da tendência, a fim de servir com todas as suas energias à causa que sabe ser eterna. Jesus disse: “nem todos estão aptos para isso”.
Vejo você no segundo caso.
Ninguém pode avaliar o impacto psicológico de experiências sexuais infantis. Pode mudar a vida de certas pessoas para sempre, ou deixar profundas marcas.
Ora, normalmente as “alternativas” que se expressam são as seguintes:
1. Há aqueles que tiveram sua primeira experiência sexual do modo como foi a sua. Ora, aquela marca e aquela “referencia” sempre ficam presentes no softer do ser. Ninguém apaga por completo esse tipo de coisa. Sempre fica algo.
2. Em alguns casos o período de prática foi tão longo que a pessoa fica “viciada”. Sexo vicia muito, e muito mais que muitas drogas. Então, mesmo que a pessoa não seja homossexual, fica nela aquela “referência”. Há um “dado” de associação de “prazer” que se instalou ali. Se tal coisa nunca tivesse acontecido, possivelmente a pessoa jamais faria qualquer “associação” entre ela mesma e aquele tipo de “possibilidade”. Nesse caso, trata-se de uma referência sexual viciosa. E conheço muitas pessoas que acabaram prosseguindo apenas porque a “primeira referência erótica” foi de outra natureza. Psicologicamente tais pessoas foram feitas eunucas. Algumas ficam com aquilo em estado de “dormência”. Creio que esse seja o seu caso, especialmente porque você ficou anos sem se sentir “molestada” por esses desejos.
A questão é: o que pode estar por trás de tais desejos?
Isso porque eles não falam de si mesmos, mas de uma outra realidade, ou, quem sabe, mais de uma.
O que noto é que quando a coisa acontece do modo como você me contou, as alternativas mais comuns são as seguintes:
1. A pessoa está mal no casamento, caiu no habito conjugal, e a alma começa a reclamar outra coisa. Você disse que “acha que gosta do seu marido”, ou que o “ama com algum tipo de amor”; e relatou que “gosta de fazer sexo com ele”, o que já é algo extraordinário, pois, em geral uma mulher pode até conseguir transar com quem não gosta para casar, mas não consegue gostar de transar com o marido que não ama, ou que apenas acha que gosta. Eu penso que aí está a base de todo o problema.
2. Para certas mulheres—especialmente crentes—, é mais fácil se relacionarem com uma outra mulher, que admitirem a possibilidade de uma “adultério”. Especialmente se o marido é “pastor”. Ou seja: a mente cria um esquema de finess e delicadeza, que faz a alma sentir menos violência se o experimento acontecer no nível da quase naturalidade. Como você mesma disse, mulheres gostam de mostrar, de ver, de admirar, etc…umas às outras. Ora, tudo é muito sutil. Às vezes, as pulsões de frustração sexual, eclodem pela via dessa “suave transgressão”. Algo delicado, leve e libidinoso. “Coisas de mulheres”—diz a alma.
3. Há também aquela coisa da saudade da infância. Especialmente na “meia-idade”, ou quase “meia-idade”. Nesse caso, a experiência infantil aflora como desejo de regresso ao lúdico e ao sexualmente atípico na história adulta. É quase como se a alma quisesse saber como foi aquilo que a criança teve, mas o adulto não conhece. Na meia-idade tem-se muita saudade da infância e da adolescência. Esse período intermediário da vida tende a ser extremamente imaturo.
3. Há também a volta das sombras. Quando a gente não trata das sombras durante o caminho, as sombras param o nosso caminho para nos assombrar. Ou seja: todas as nossas irresoluções, especialmente as sexuais—e elas são de natureza essencial—, demandam alguma forma de honestidade de nossa parte para com elas. Se não as encaramos, elas se transformam em outras coisas. No seu caso, as sombras tanto podem ser essas mesmas descritas por você, ou, quem sabe, elas apenas expressem a você de modo simbolizado a verdadeira carência de sua alma de mulher; quem sabe, até mesmo imensamente incapaz de olhar para seu próprio casamento e avaliá-lo sem a necessidade de esconder qualquer coisa sob disfarce tão “compulsivo”. Muitas vezes a alma escolhe o pior de nossas projeções ou memórias, a fim de nos fazer ficar cara a cara não com nossas verdades, só que elas vêm com uma cara diferente. Nesse caso, a sombra é só a “projeção”, mas o objeto em questão é um outro.
Provavelmente você tenha algum problema mais grave com a pessoa do macho. Você deveria se perguntar também se seu “desejo por mulheres” não tem alguma a coisa a ver com seu desejo de domínio ou do pólo oposto: o desejo de leveza.
Nesse caso, só você pode responder. Mas já muitas mulheres casadas com homens trogloditas—especialmente incapazes de carinho—, acabam sentindo o que você está sentindo.
Sugiro que você procure a ajuda de um terapeuta homem. Essa deveria ser uma coisa para você falar com um homem, como você está falando comigo.
Mas minha suspeita é que se você amasse o seu marido como homem, e o admirasse como tal, nada disso estaria assombrando você.
E se você lê este site, você já sabe que o caminho para a Paz só acontece se a gente andar em paz. Ou seja: não se ponha sob condenação, pois a condenação só aumenta a compulsão.
Portanto, antes de tudo, saiba: você é de Jesus. Esse problema é novo para você. Pare Ele não. Não é Ele quem está conhecendo você agora. É você quem está se conhecendo agora.
E lembre: Ele nos amou primeiro.
Concluindo: Trate disso com paz. A ansiedade é mãe das compulsões, e o diabo cresce quando a gente o alimenta com a culpa. O diabo adora uma culpa, e se esparrama na neurose.
Espero que lhe tenha sido útil.
Leia, medite, e me escreva outra vez.
Um beijão,
Caio