Sou filho de um trauma, meu pai, meu trauma.
Meu trauma de amor, meu trauma de ardor, meu trauma de vigor, meu trauma de inteligência, meu trauma de maturidade, meu trauma de maior idade, meu trauma de fidelidade, meu trauma de intensidade, meu trauma de densidade, meu trauma de amizade, meu trauma de habilidade, meu trauma de coragem, meu trauma de imagem, meu trauma de bondade, meu trauma de idade, meu trauma de simplicidade, meu trauma de sinceridade, meu trauma de entrega, meu trauma de fé, meu trauma de experiência, meu trauma de consciência, meu trauma de transcendência, meu trauma de imanência, meu trauma de paciência, meu trauma de serenidade, meu trauma de eternidade, meu trauma de tranqüilidade, meu trauma de sanidade, meu trauma de santidade, meu trauma de vida.
Hoje, variando em razão de muitas contingências decorrentes da profunda intervenção que sofreu, do nada ele me disse:
“Não estou morto não. Não desisto. Não vou retroceder.”
Eu disse:
“Claro paizinho. Não somos dos que retrocedem. Aquele que crê não teme; e não retrocede”.
Ele continuou, com a língua embolada e a mente confusa, porém intensa para dizer:
“É para frente. É para frente. É para frente. Retroceder nunca.”
Ele é meu trauma apenas porque ele sempre foi minha maior surpresa; minha maior certeza; minha maior grandeza; minha maior amizade; minha maior admiração; minha maior autoridade; e meu grande amor de toda a vida.
Ele é aquele trauma que força [constrange] você a buscar ser melhor. E como é bom e sobrenaturalmente natural esse traumacaio, meu pai, que é o Caio levantado antes de mim para [mesmo de muletas] erguer-me quando eu caio.
Caio
11/08/07
Manaus
AM
Obs. É alta madrugada, e minha filha Juliana me ligou tomada de emoção, e me disse com as palavras dela praticamente tudo o que eu disse acima acerca de meu pai. Ela disse que me vê com essa alegria de me ter como o trauma da vida dela. Traumatizados choram fácil.