SOU INSACIÁVEL… QUERO SEXO E MAIS SEXO… SEMPRE!

 

 

 

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From: SOU INSACIÁVEL… QUERO SEXO E MAIS SEXO… SEMPRE!

To: [email protected]

Sent: Monday, July 13, 2009 5:15 PM

Subject: Se puder ler…

 

Querido Caio:

 

Uma coisa me intriga:

 

 

Embora eu transe depois de separada do meu marido, não posso fazer sempre que quero. Tenho ainda que tomar cuidado, pois, sei dos ciúmes dele. Assim, tento me esconder… 

Mas tenho tido um pouco mais de liberdade. Mesmo assim estou começando a ficar preocupada, muito preocupada comigo. Começa a surgir na minha cabeça uma leve desconfiança de que talvez… apenas talvez… eu seja o problema.  Talvez eu seja insaciável… Sempre eu quero mais… Mais sexo… Penso nisso o dia todo. Ontem não fiz – hoje estou aflita, sequiosa, como se me faltasse alguma droga. 

Isso me preocupa. Eu quero mais e mais e mais… Quando começa não quero parar. Eu gozo, tenho orgasmo, me acalmo… Mas logo quero mais. 

Talvez eu seja anormal. 

Penso em sexo o dia todo como se estivesse viciada.

Fico com medo.

Não sei se sou  uma mulher saudável ou uma mulher desregulada; normal ou lasciva.

Queria ser mais pura…

 

Beijo.

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Resposta:

 

Minha querida amiga: Graça e Paz!

 

Sexo é gostoso como mecanismo em si. Do mesmo modo que uma boa massagem é gostosa. Portanto, se a pessoa se abstrair de com quem faz sexo, e apenas fizer sexo, o corpo e o cérebro responderão com todas as reações químicas do prazer.

O problema é que o que não nos deixa ficar viciados em sexo com qualquer um ou com alguém único, mas que não se ame, é o amor.

Mas quando a pessoa se abstrai do amor, o corpo/cérebro se habitua muito mais ao estimulo diário do sexo do que à demanda do encontro do amor como caminho para o sexo.

Creio que você se tornou assim…

Por alguma razão foi assim que seu corpo/cérebro se tornou habituado. Talvez pela prática de muitos anos fazendo sexo com o marido todos os dias; e, mais que isto: talvez pelo hábito de se compensar sexualmente mesmo não tendo uma boa relação com o marido durante tantos anos.

Quando a mulher se habitua a transar com o marido que não ama, ela se põe no caminho de fazer sexo também com outro homem que não ame.

Ora, quando a pessoa acostuma-se a pagar-se pelos transtornos da vida com prazer sexual, especialmente em hora de separação e divorcio, quando se deixa muita coisa e muita gente boa em razão da decisão — a alma explode, e deseja fazer valer a decisão tomada; e se a tal decisão teve a ver com sexo [como parece ter sido o seu caso, já cansada de transar sem amor e com o marido que ficou distante de sua alma] — o resultado é inevitavelmente esse que agora a aflige.

Você me disse em outra carta que não ama o homem com quem você faz sexo, mas que ele é gente boa e bom de cama. Ora, como você se divorciou para ter liberdade para ficar sozinha e transar com quem você quiser, é claro que sua alma demandará sexo todos os dias e o tempo todo, a fim de fazer valer a sua decisão.

Há muitos modos de se fazer do sexo um vício, e um deles é esse: a angustia por ter tomado uma decisão tão importante em razão de sexo, e, assim, ter que fazer a decisão se justificar mediante transas diárias…

O problema é que quando o sexo se divorcia do amor…, a pessoa vai ficando aberta para o sexo em si mesmo; e, depois de um tempo, não precisa de alguém especifico para transar, mas precisa apenas especificamente de uma transa.

O pior é que sexo sem amor pode gerar orgasmo, mas não gera satisfação; posto que satisfação se dê não em razão da prática sexual, mas sim em razão do amor que dá sentido ao sexo como encontro e manifestação da intimidade real que deve existir entre as partes envolvidas; o que não é o seu caso.

Você pode transar o dia todo, e quanto mais transar, mas quererá transar, pois, como não existe a satisfação psicológica do amor, o sexo pedirá mais sexo a fim de inconscientemente se pagar com satisfação…

Mas a satisfação nunca chega, pois, sem amor, nada aproveita, nem o orgasmo do sexo.

Muito sexo demanda mais sexo. E quanto mais sexo sem amor, mas sexo se fará a fim de compensar a ausência do amor. Portanto, o mais profundo caminho para o sexo como droga/vício é praticá-lo sem amor.

Este é o lado psicológico da questão!

Se eu fosse você, no entanto, procuraria um bom endocrinologista e veria se existe algum excesso hormonal em mim.

Entretanto, mesmo que haja, saiba: possivelmente foi a pratica sexual diária, sem amor, o que gerou o excesso hormonal, e que agora demanda de você cada vez mais sexo, mesmo que ele não satisfaça a sua alma.

Somente o amor poderá salvar você do vício de fazer sexo sem amor, apenas pelo prazer do sexo em si.

Por outro lado, não vejo saída para você se sua alma busca no sexo a justificativa para ter tomado decisões tão dramáticas como as que você tomou.

Enquanto você tiver decido o que decidiu sobre o divorcia-se em razão de liberdade para fazer sexo sem a culpa de estar traindo, o resultado será esse mesmo: você transará até não agüentar mais, apenas para poder dizer que fez o grande sacrifício, mas que está aproveitando tudo quanto possa…  

No seu caso não é paixão e nem amor o que estão em operação, mas apenas o tesão angustiado de uma mulher que tomou decisões importantes e drásticas a fim de poder ter quem quisesse sem se sentir traindo…

Sim, mas a mulher não sabia que a alma cobraria sua cota angustiada de orgasmo diário a fim de poder justificar a mulher quanto ao que ela decidiu…

Pode ser que entendendo o que lhe está acontecendo você abra os olhos e inicie um caminho de auto-compreensão que poderá salvar você da pulsão angustiada de ter que gozar a fim de se justificar por ter deixado seu casamento.

Com toda verdade, carinho e amor é isto que penso.

 

 

Nele, a Quem você conhece muito bem, e em Quem e apenas em Quem sua alma encontrará descanso, gozo e paz,

 

 

Caio

14 de julho de 2009

Lago Norte

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DF