Sou pastor, e agora? Chuto o Balde?
—–Original Message—–
From: Plínio, o amigo!
Sent: quarta-feira, 6 de agosto de 2003
To: [email protected]
Subject: E agora, chuto o Balde?
Mensagem:
Como vai amigo?
Amigo porque vejo em você o clímax da manifestação da Graça de Deus ante os meus olhos.
Amigo porque ao ler seus livros, a presença de Deus é constante.
Amigo porque teve a coragem que poucos têm…
Amigo porque olho pra Jesus, e busco em meu ministério aquilo que Ele faz através de você, em sua fraqueza.
Amigo porque posso lhe escrever, pois sei que já somos amigos sem nos conhecermos.
Amigo porque entro neste site e encontro paz para a minha alma, tão atribulada…
Contudo, amigo, estou preocupado com minha vida ministerial.
Vejo a igreja crescer, as pessoas contentes, muitos “tapinhas” nas costas, mas não sinto satisfação.
Sinto que o seminário me tornou cético e pior, eu permiti.
Quero ter uma vida de poder, mas, do poder do alto, e não da instituição; contudo, não consigo romper com os paradigmas da instituição…
Tenho medo…
Afinal, sou calvinista, e isto esta me arrebentando…
Sei que Deus quer que eu mande tudo as favas mas, não consigo…
Não sei…..
Em Cristo.
Plínio
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Resposta:
Meu amado amigo Plínio:
Obrigado pelo seu carinho!
Chegou a Hora de todo joelho dobrar-se e toda língua confessar que Jesus Cristo é o Senhor para a Glória de Deus Pai.
E Calvino não tem nada contra isto!
Aliás, cada um serviu a Deus em sua própria geração.
Nós é que tentamos fazê-los “ser” para nós em outra geração; ao invés de nós mesmos, com eles e todos que já nos antecederam, fazermos, em Cristo, a nossa própria síntese!
Assim, eles nem são mais quem foram, e, nem nós conseguimos servir a Deus como eles serviram.
Afinal, não há escolha: eles sem nós também jamais serão aperfeiçoados; e nem nós sem eles!
O que se precisa agora é olhar firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da Fé.
Nele, eu encontro todo o meu prazer.
Nele, eu encontro toda a Graça para as contradições de meu ser.
Nele, eu encontro poder em minha fraqueza a fim de não me assentar para sempre sobre a impotência de minha própria nádega, ficando a espera do Nada.
Nele eu não temo mais…
Seu amor lançou fora todo o medo.
E mais: Nele também tenho o bom-senso de recomendar que cada um ande conforme foi chamado. Se você tiver uma oportunidade de ficar mais “livre”, aproveite-a; mas nunca esqueça de aquele que se faz livre de homens, tem que saber que é escravo do Senhor.
Do contrário, todo mundo vira “apóstolo, bispo e arcanjo evangélico”…
E o caos é esse!
E não é isto que queremos!
Se for pra isso, é melhor deixar como está!
Já é uma boa desgraça…
No mais, andemos com cautela e coragem.
Não chute nenhum balde.
O balde chutará você, se for o caso!
E não mande nada às favas.
Tire mel das favas!
E quanto ao seminário, coitado, não pode levar a culpa.
Era pra ser um sêmen-ario, virou um sêmen-terio…
Era pra ser lugar de bom sêmen.
Virou lugar de sementes mortas.
Cemitério e Seminário, acabam se tornando, muitas vezes, a própria negação da proposta original.
O Cemitério deveria falar da semente que morre para se transformar.
O Seminário deveria ser o lugar onde as boas sementes fossem devidamente cultivadas no chão da Palavra, a fim de gerar mais vida.
Mas nada disso resolve nada.
O que resolve é não filosofar mais, partir pra dentro, com peito aberto e coração cheio de fé e bondade no Espírito Santo.
Então, a gente já nem conta mais com tais “artifícios”, pois, já sabe que são apenas produções humanas: têm seu valor, mas nada além de seu próprio valor!
E nós todos estamos no ponto ideal: se o grão não morrer, não produz; se morrer, muito produz—disse Jesus.
Que bom chegar ao fundo do poço!
Que bom quando acaba a bobagem, e fica só o que é!
Que bendita fraqueza!
Que grande poder!
Que infinita Graça!
Agora, vamos juntos…
Nós todos precisamos uns dos outros.
Um beijão amigo,
Caio