SOU PASTOR E DEIXEI MINHA MULHER POR OUTRA… DA IGREJA



—– Original Message —– From: SOU PASTOR E DEIXEI MINHA MULHER POR OUTRA… DA IGREJA To: [email protected] Sent: Thursday, September 30, 2004 4:22 AM Subject: Contato do Site : Confidencial Mensagem: Graça e Paz, Pr Caio! Há muito tenho lido seus livros e aprendido contigo. Agora passo por um momento confuso em minha vida, e peço sua ajuda. Eu era pastor de uma igreja. Meu casamento não vinha nada bem há anos, e acabei me apaixonando por uma ovelha também casada; ela também se apaixonou por mim; e por causa deste grande amor largamos tudo: cônjuges, o ministério, minha filha… Faz 3 meses, mas sei que o Senhor ainda têm um chamado na minha vida, mas no momento me encontro confuso… Perdi os amigos, familiares, minha ex-esposa não me deixa ver minha filha… Parece, que todos estão contra mim, somente pedindo a “justiça de Deus”… contra mim. Na verdade querem que eu me arrebente e volte derrotado, doente, acabado, pedindo perdão. Já perdi perdão a eles, por tê-los desapontados, mas o que dizem é que eu só posso pedir perdão se eu deixar o pecado; ou seja: se eu deixar a mulher pela qual estou apaixonado e amando intensamente. Muitos questionamentos surgem em minha mente. Será que estou no pecado? Será que estou em adultério? Será que Deus não perdoa um novo casamento? Aquilo que Deus uniu, não pode separar o homem? Será que ainda posso exercer o ministério? Peço sua ajuda pastor! Sei que passou por momentos bem difíceis, e sei que sua experiência pode me ajudar. Que Deus continue a derramar graça e sabedoria sobre sua vida. Um grande abraço! Em Cristo Jesus, ______________________________________________ Resposta: Meu amigo: Graça, Paz e Perdão! O que Deus uniu, nenhum homem separa, mesmo quando forçam as pessoas a viverem separadas. O homem só tem o poder de afastar corpos, mas não de desligar o coração. Por isso, o que quer que efetivamente seja separável e consiga existir em separação, jamais foi genuína união, posto que as verdadeiras, e que só acontecem no coração, não são passíveis de separação jamais. Portanto, o divorcio apenas separa os separados, posto que não tem poder de separar os inseparáveis. O Santo dos Santos onde Deus deixa as pessoas se unirem, de livre vontade, é o coração; não o cartório, a igreja, o juiz, o padre, o pastor… etc. É horrível descobrir que se casou com a pessoa errada, não porque ele seja ruim, mas porque o coração não conseguiu desenvolver conjugalidade plena. Separar-se de uma pessoa insuportável, chata, inimiga, e opositora da felicidade, é não apenas desejável, porém, necessário e carregador de alívio. Mas separar-se de uma pessoa gente boa, amiga, carinhosa, e disposta ao bem… e isto porque o coração da gente não encontra poder interior para oferecer o que o outro demanda e necessita…, é trágico. Posso imaginar o clima de comoção e julgamento que se instalou. Especialmente porque você, no afã de fazer o que era certo, chegou carregado de franqueza, e fez às pressas algo que num ambiente de igreja ninguém está preparado para suportar, especialmente quando quem faz isso é o pastor, e quando a ‘implicada’…, é uma irmãzinha da igreja. Portanto, não tenha ilusões. Você terá que ralar muito, se humilhar muito, ter toda a paciência, entender o lado deles, e se esforçar por mostrar a eles que você é o mesmo, posto que nessas horas todo mundo fica pensando que o sujeito era um farsante, e que estava ali ‘escondido’… sem mostrar quem era. É duro ver as pessoas não reconhecendo mais você! Dá desespero! Dá raiva! Angustia até a morte! Deprime! Deixa a pessoa culpada de amar! Boicota o novo relacionamento! Gera transferência de culpa para a pessoa ‘implicada’! E, quase sempre, acaba por inviabilizar a nova relação. Outro cenário é aquele no qual o casal fica junto, e não se ama; mas como sofreram tanto em razão do que lhes aconteceu de trágico, que permanecem juntos apesar de tudo, como que a .fim de justificar a catástrofe por ambos protagonizada. O que me preocupou é que você disse que seu casamento não vinha bem das pernas, e, nesse vácuo, entrou a paixão pela irmã da igreja. Minha preocupação é com o fato seguinte: 1o Você não disse que antes não amava a sua mulher. Ora, crises no casamento todo mundo tem. E é normal que qualquer relação tenha seus altos e baixos. Portanto, o que me preocupa é que em razão da chatice daquele momento de seu casamento, e, ante o sentimento novo e alegre que lhe foi proposto com a chegada da outra pessoa, você tenha se apressado; e, de uma vez, jogado tudo para o alto. Ora, se foi assim… desse modo… logo você descobrirá que a vida com sua paixão de hoje haverá também de entrar na rotina do cotidiano… Nesse caso, quando isso acontecer, você poderá se sentir muito arrependido. Portanto, mais do que qualquer outra coisa, veja suas reais motivações nessa separação, posto que se ela foi fruto da chatice, saiba: chatices novas ainda virão. 2o Também me preocupa o fato de você e da moça serem parte de uma mesma comunidade. Ora, isso torna tudo muito mais complicado. É como romper um casamento para casar com a cunhada. Ninguém entende. Ninguém ajuda. Todos são contra. E, nesse caso, tanto você quanto a moça ficam sob os mesmos olhares, recebendo por vias diferentes as mesmas informações-fofocadas, e, deixando-se contaminar pelos mesmos vírus, podendo até mesmo virem a mergulhar juntos na mesma depressão e culpa, inviabilizando o convívio pelo excesso de angustia comum e compartilhada. Quanto às suas questões, devo dizer que ninguém poderá responde-las por você ou para você. Somente você mesmo pode responde-las. No entanto, lhe digo que no Evangelho, conforme o seu ensino existencial, e não moral ou legal, adultério é algo que antes de ser objetivo é totalmente subjetivo. Olhar com olhos impuros já é adultério. Estar casado, nunca ter traído a esposa, mas amar e desejar uma outra mulher, é adultério. O que torna algo realmente adultero é aquela vontade que certas pessoas têm de só terem casos e relacionamentos sexuais com gente casada. Ou mais: aquela disposição de só ter prazer numa relação se ela significar que alguém, em algum lugar, não sabe… sendo essa a razão do prazer. Mas se há um casamento, e um dos implicados está indo pra cama com alguém, aí há um estado de adultério. E tal estado só poderá ser suspenso quando a situação vier à luz, e decisões sejam feitas com clareza, sem mais o engano de que alguém que tinha o direito de saber e decidir se aceitava ou não… já não esteja no engano da traição. Há também aquela traição sem fantasia e sem parceiros reais ou subjetivos. E que traição é essa? Ora, é a dos maridos ou esposas que não gostam de seus cônjuges, mas que se submetem a eles apenas por um dever conjugal, mas oram pedindo a Deus que a coisa acabe logo. Há muitos que oram pedindo a Deus a morte do cônjuge. Ora, essa é a grande traição, feita ao cônjuge e a si mesmo, numa violação constante daquilo que não foi feito para ser o resultado de um direito adquirido, mas sim de um privilegio encontrado. Portanto, calma! Você tem duas frentes de trabalho agora. A primeira é junto a sua ex-esposa, na intenção de reconquistar o respeito dela por você. E isso só acontecerá mediante anos de perseverança, responsabilidade e compromisso com ela (como sua ex-esposa), e com sua filha. Quanto aos demais… somente a consistência de seus atos poderá provar a eles que você é o mesmo. Ora, isso demanda tempo e paciência. A segunda frente de trabalho é com sua atual companheira. Sim, você terá que ser honesto com ela e ela com você. De sua parte deve haver uma sondagem profunda do coração para ver se você a ama mesmo, ou se foi apenas o tesão que uma nova mulher pode fazer despertar num homem cansado da rotina de seu casamento. Da parte dela, tem que haver a certeza de que a empolgação dela não é com o ‘pastor’, o líder que jogou tudo pro alto por causa dela…, mas sim amor mesmo, por você, e apesar de tudo. Ambas as motivações não são suficientes para manter um casal junto, e, nem tampouco, justificam a separação, com todas as conturbações que ela trás. Quanto ao ministério, muito provavelmente ele jamais acontecerá aí… no ambiente anterior; ou, pelo menos, levará muito tempo para que seus ‘amigos’ e ‘igreja’ possam aceita-lo de volta. Essa é uma hora boa, todavia, para você deixar de ser ‘pastor’ e de se ver como tal. Essa é uma hora para se ser crente. Para andar com Deus apenas por Deus. Para se ser Dele sem ser por nenhuma razão ‘prática’, ministerialmente falando. Além disso, se a Palavra está em você, não se cale. Não deixe que a presente situação feche a sua boca quanto a declarar o amor de Deus. Numa hora como essa, a tendência é a gente tirar o pior de nós. Então, sentindo-se desautorizado por si mesmo e pelos fatos, o sujeito acaba por ficar ainda pior, interiormente falando. E mais: os que se tornaram seus ‘inimigos’ em razão do ocorrido, como você mesmo já percebeu, torcem para que dê tudo errado, para que o cara se ferre, se arrebente, ponha o rabo entre as pernas, e seja infeliz até a última geração. Portanto, não se deixe levar pelas profecias ou desejos malévolos de ninguém. Ande o seu caminho e busque achar integridade em seu coração. O mais, é tempo… Muito tempo e muita paciência. Inclusive com você mesmo; isso no caso de você perceber que você e sua atual companheira cometeram um erro. Qualquer coisa estou por aqui. Receba meu carinho e orações! Nele, Caio