SOU PASTOR, ME ENVOLVI, E ENGRAVIDEI OUTRA PESSOA
—–Original Message—–
From: SOU PASTOR, ME ENVOLVI E ENGRAVIDEI OUTRA PESSOA
Sent: quarta-feira, 22 de outubro de 2003 19:21
To: [email protected]
Subject: ENRROLDA DA PESADA
Mensagem:
Caro Pastor Caio:
Escrevo para compartilhar o momento mais difícil de minha vida.
Casei-me aos 29. Nestes 20 anos juntos vivemos tempos turbulentos, com altos e baixos, frutos de nossos traumas individuais, ora potencializando nossas dificuldades, ora minimizando nossas diferenças.
A maior dificuldade do meu lado foi na área afetiva, que desembocava na questão sexual. Sentia-me desvalorizado, desinteressante.
Além disso, fui desenvolvendo um mecanismo de compensações que me permitiam deixar-me ser controlado e, às vezes, até manipulado; ao mesmo tempo em que continuava a vida, tocando projetos, elaborando planos, viabilizando realizações.
Fui um tolo ao me calar!
Há alguns meses conheci uma jovem e iniciamos um relacionamento.
Com o passar do tempo fui tentando sair dele, justificando-me sob a idéia de que ele não fazia sentido, que toda uma vida em comum me aguardava, um nome, uma reputação. Conversamos sobre isso várias vezes, chegamos até a estipular um prazo para que essa nossa história tivesse um fim…não deu tempo: há uma semana soube que vou ser pai de um filho com a moça.
Não tenho filhos.
Agora me encontro diante de uma enorme encruzilhada, além é claro, de todas as possibilidades de passar pela humilhação de ser rotulado de adúltero e de haver gerado uma outra vida fora do casamento, e de não saber qual é o caminho: se o da volta, da tentativa de um resgate; ou se de um novo recomeço, longe do mundo em que me encontro há tanto tempo.
Agradeço o espaço pra compartilhar algo tão sério.
Peço suas orações e compreensão.
Um forte abraço
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Resposta:
Querido amigo: meu abraço e aconchego!
Acho muito difícil a borboleta voltar a ser lagarta. Ela já voou…não dá mais para voltar ao casulo; só se for amor…mas pelo que você contou isso não pintou antes.
No seu caso, a questão não é nem essa: a lagarta ficou tempo de mais no casulo, entrou em sofrimento contínuo, e voou em desespero.
A questão é só uma, não duas: você ama essa moça com que você está agora?
Se a ama de verdade, vale a pena.
Se não ama, assuma o filho, seja um bom pai e prepare-se para o “tranco”.
A essa altura o tranco virá. Ninguém tem um filho no anonimato. Especialmente no meio evangélico.
Mas ainda é melhor assumir o filho e não se casar, do que casar apenas porque agora você terá um filho.
Seria concertar um erro com dois, talvez três.
Quanto à sua esposa, pode ser uma alternativa tentar. Mas confesso que não creio que dê certo. Quem já teve décadas para amar e não amou, pode no máximo assumir uma relação eunuca e resignada com a companheira de jugo: a esposa sofrida e infeliz!
Não fique abrindo o coração com ninguém.
Jesus já foi a Cruz por você.
Não deixe que eles o usem como “exemplo”.
É pura mentira.
Acontece a qualquer um.
Você não é um desnaturado, é apenas mais um líder cristão que casou no clube dos sapatinhos de japonesa e que está experimentando a vida como realidade.
Se for preciso, venha para cá. Hoje sou pobre, mas o coração é grande. E nessa minha fraqueza, tenho protegido a mais gente que você imagina.
De fato creio que estou reunindo uns homens na Gruta de Adulão. E eles serão um “exercito de habilidosos guerreiros”.
E nunca esqueça: espere tudo de sua esposa. Até as melhores, nessa hora, assumem a lagarta e ferroam com picadas de fogo.
Se possível seja discreto. Não ponha essa questão para a sua esposa. Ela, no estado atual, pode fazer a sua vida ficar miserável.
No início elas ficam “compreensivas”. Mas depois inventam um diabo e o colam em você, e, muitas vezes, pela culpa neuróttica, a gente veste o papel, se desvaloriza, e deixa brotar o que há de pior em nós.
A culpa só tem o poder de trazer para fora o pior de nós!
É sempre assim: quando a gente está mal a tendência é a gente tirar o pior de nós. Sei disso por experiência própria.
E conte comigo para tudo. Não me ofereço para ajudar a sua esposa, pois, dadas as circunstâncias, seria impossível.
O melhor que você pode fazer–não havendo a chance da genuína reconciliação conjugal; não falo de uma reconciliação “fraterna” apenas–, é Divorciar-se logo; e, assim, diminuir os riscos de pedradas dos legalistas de João 8.
Nos conhecemos há tanto tempo não é por acaso.
E tem mais: acho que Deus me permitiu passar por tudo a fim de poder ajudar a amigos como você e a milhares de outros.
Esse mesmo sofrimento e dor se cumprem em uma grande irmandade espalhada pela terra.
E como eu já fiquei “casca grossa”—com testa de pederneira, como Ezequiel—, não temo a “casa rebelde”. E eles sabem disso. Daí não me encherem mais a paciência. Não dê corda. À semelhança do diabo eles “adoram uma culpa”. Babam. Sentem um morbido prazer no papo e na disciplina.
Você já está disciplinado em seu próprio coração.
Tudo o de que você não precisa agora é de mais acusação, e nem de dar um milhão de “explicações”.
Eles têm mais é que ser muito compreensivos e misericordiosos.
De mim isto não procede como ameaça, mas apenas como declaração de consciência e de quem sabe o que “rola” em toda parte.
Calma, muita calma.
Vá bem devagar porque você está com pressa.
E não entre na neurose culposa.
Agora chegou a hora de você conhecer a Cruz como bem para você.
Receba meu amor e solidariedade na certeza de que a gente cai apenas se está andando.
Conheço você. Isto foi uma acidente provocado pelo equivoco do casamento. O que está acontecendo é o efeito. A causa foi o casamento infeliz. Sempre explode, de um jeito ou de outro.
Um beijo.
Caio
perdão pelos erros. vem beber água às 4 da matina, vi seu e-mail, e não deu pra esperar até amanhã.
me ligue. enviei o número no “privado”.