SOU PASTOR: se eu não der dinheiro matam meu filho…



—– Original Message —– From: SOU PASTOR: meu filho quer que eu pague uma conta pra ele não morrer… To: [email protected] Sent: Monday, July 04, 2005 5:59 PM Subject: Fale Comigo…. Pastor, Há dois anos separei-me de minha mulher, depois de 24 anos de casamento (e de brigas, desrespeitos, inimizades, porfias, etc). Estava doente, tomando antidepressivos e ansiolíticos. Deixei quatro filhos (hoje, entre 17, 19, 22 e 24 anos), pois eles não me respeitavam (“trabalho” da mãe deles). Eu era pastor da AD. Pago pensão (35% dos meus salários). Deixei o patrimônio com eles, comecei do nada. Constituí nova família. Uma família grande: com esposa, filha de 1 ano, outra se gerando no útero, 3 cunhadas, 1 sogra, sobrinhos da atual esposa. Gosto muito deles. Considero eles todos como minha família, muito melhores do que a família que deixei. Hoje recebi esse e-mail do meu filho menor: ______________________________________ De: CLK Enviado em: sexta-feira, 1 de julho de 2005 22:05 Para: Pai Assunto: EU TÔ NUMA BARRA pow… a parada e o seguinte!!!! Eu nunca ia te mandar esse e-mail se não fosse por isso… Eu me envolvi num lance muito arriscado, tô devendo 600 reais; eu comprei droga pra revender!!! Só que o dinheiro que eu peguei eu não consegui pagar o cara; ai eles tão atrás de mim; já bateram em casa duas vezes atrás de mim; eu to ameaçado de morte!!! Eu não quero falar pra “Janilce” (mudei o nome) pra ela não se desesperar…. Eu tô muito fudidizzzz.. Pow… Vai lá faz isso por mim… Pelo menos alguma coisa, porque se eu morrer tu vai ficar com remorso… Mas os cara me deram o prazo até amanha, X/H/05 as 6hrs da tarde. Se tu for me ajudar deposita na conta da “Janilce”; aí eu digo pra ela que eu te pedi e tu mandou e tals!!!; mas eu não falo pra ela… boca de siri… mano!!! Pelo amor de Deus!!! Se tu não me ajudar eu vou que fazer chantagem com vc… Mano é melhor ajudar… Se tu não acreditar em mim, liga para ——————– e fala comigo; mas só comigo; ninguém sabe disso; tu é o primeiro a descobrir. _____________________________ Caio, O que fazer, como cristão? Devo considerar-me culpado? Responsável? O que fazer, pastor? Como agir com o meu filho? Pastor DEA ________________________________________________ Meu irmão: Graça e Paz! Nada há mais difícil para um pai do que ter que amar fazendo o Bem e não o “Bom”. Para um pai, muitas vezes, o Bem não parece bom; e, nesse caso, tem-se que agir conforme a consciência do Bem, não do “Bom”. O Bem busca o que é Bom. Mas nem tudo que se julga Bom, realiza o Bem. O Bom é de acordo com a opinião e urgência de alguém; mas nem sempre realiza o Bem, mas apenas o alívio viciado de alguém para quem até o mal é Bom, do ponto de vista dele. Seu filho, todavia, por enquanto, está para além dessa compreensão. Para ele só há um Bem que seja Bom: pagar a conta e escapar da “cobrança de sangue”. Portanto, o que eu faria seria o seguinte: 1. Mandaria o dinheiro como oração a Deus. Sim, dizendo: “Senhor, envio esse dinheiro pedindo que ele seja uma semente de misericórdia para meu filho. Converte-o a Ti, ó Deus, pois não o gerei para a morte que mata”—; e, assim, desta vez, mande o dinheiro, caso você possa consegui-lo. 2. Chamaria o rapaz para conversar, só vocês dois, e aproveitaria a chance para dizer o seguinte: a) Você ajudou por amor, não por medo; b) Você ajudou porque ele está sendo chantageado com a morte, não você; c) Caso você tenha sido um bom pai, presente, responsável, amigo, e tenha feito a sua parte (apesar de sua ex-esposa, que pelo jeito empurra os filhos contra você), não se sinta culpado por nada. Portanto, diga a ele que você está ajudando para ver se ele aproveita a chance e escolhe a “vida”; mas que você não vai carregar remorso se ele se meter em caminhos de morte; posto que esta é uma decisão dele. 3. Também diga a ele que se a chantagem que ele tem para fazer contra você é algo que seria um “escândalo” para a “igreja”, que seja assim; pois você não vai ficar seqüestrado pela maldade deles. Se você errou, essa é a melhor hora, a mais radical, para deixar a chantagem de lado, e vence-la para sempre. 4. Não sei como você foi como pai, mas, pela carta de seu filho, suponho que sua vida com sua mulher tenha sido uma desgraça-retro-alimentada (vocês dois fazendo mal um ao outro, e, por conseqüência, aos filhos, em razão de uma casamento de gladiadores inimigos um do outro); e que gerou toda sorte de coisas ruins no ambiente familiar; e como sua “ex” deve ser amargurada de alma, todos os eventuais deslizes que você possa ter tido durante duas décadas — se houve —, se tornaram “o capital negocial” de uma mulher sem respeito próprio e nem piedade da alma dos filhos. Portanto, aproveite essa chance, converse com ele em amor, e diga que vai ajudar, mas que não fará mais isto, sobretudo para essa finalidade; e, além de tudo, assim será se o clima for de chantagem e seqüestro contra você. Mas que para qualquer boa ele conta com você sempre. Isto é o que eu acho que você deve fazer. E mais: acho que por mais doentes que eles sejam, pai é pai, e não se divorcia dos filhos; embora não se torne co-dependente das doenças deles ou de quem quer que seja. Amor paterno não é comunhão mafiosa; na qual, se for sangue da gente, está certo. No entanto, há horas em que até a eventual morte de um filho tem que ser processada sem culpa — isso se você fez o que pôde —; tipo a dor de Davi: “Absalão! Absalão! Meu filho Absalão!”; mas, depois do luto, a vida tem que continuar… Ora, no caso de Davi havia muita culpa de omissão contra o filho e os filhos. No entanto, mesmo quando esse foi o caso, a vida em arrependimento dá chance de consertos enquanto a pessoa está viva. Mas se morrer, mesmo o Davi culpado, não transformou a morte do filho num cárcere de auto-punições. Você disse: “Há dois anos separei-me de minha mulher, depois de 24 anos de casamento (e de brigas, desrespeitos, inimizades, porfias, etc). Estava doente, tomando antidepressivos e ansiolíticos. Deixei quatro filhos (hoje, entre 17, 19, 22 e 24 anos), pois eles não me respeitavam (“trabalho” da mãe deles).” Sim, você disse isto e insinuou duas coisas: 1) Sua vida lá era um inferno, e os meninos ficaram à imagem e semelhança da mãe deles, daí sua relutância em ajudar, posto que o nível de desrespeito bem se faz caracterizar na carta que seu filho lhe enviou; 2) Sua atual vida é boa e você está feliz e aliviado; mas também tem muita gente aí para ser ajudada por você, embora todo seu “patrimônio” tenha ficado com “eles” (“Gosto muito deles (dos atuais). Considero eles todos como minha família, muito melhores do que a família que deixei.”) Ora, meu amigo, dar à família dinheiro, patrimônio, mesada, etc… são obrigações legais, cristãs, e humanas. No entanto, como discípulo de Jesus, sua consciência tem que ser maior do que apenas legal. Ora, por essa razão, você precisa crescer para ser bom com o atuais (que tratam você bem e com respeito), sem esquecer os anteriores (que tratam você com desrespeito, mas são seus filhos e família também). Faça isso tudo, no entanto, sem chantagem e sem seqüestro, mas apenas por amor e consciência. Se eu fosse você abriria um canal novo, pela via desse pedido, e passaria a encontrar o seu garoto, a conversar com ele, a mostrar sua humanidade, a revelar a ele seu coração. Se ele aproveitar, você ganhou seu filho; se não, você dorme em paz! O importante numa hora dessas são três coisas: 1. Amar incondicionalmente seus filhos (para você), embora, na prática, você decida fazer apenas o Bem que faz o que é Bom; e não o Bom que realiza o que faz mal. Nesse caso, o “Bom” é o que se quer; o “Bem” é o que é necessário conforme o testemunho de um amor não vendido e nem seqüestrado. 2. Deixar a porta aberta, mas com dignidade. Seu garoto, por exemplo, ao ser bem tratado, corre o risco de ficar abusivo e chantageador. Portanto, deixe a porta entreaberta, o suficiente para ele ver boa vontade, mas segura o suficiente para não haver invasão em sua nova família, na qual você também já é pai. 3. Faça o seu melhor e nunca se omita. Mas não aceite seqüestro; e nunca se deixe ficar refém de nada; mesmo que eles ameacem você com escândalos. Só quando eles virem sua “libertação e falta de medo”, é que eles entenderão que seu amor e ajuda são voluntários, e não fruto da coerção. Por último, quero dizer a você que numa hora assim a gente pode e deve ajudar, mas o que ajuda mesmo é ENTREGAR E CONFIAR. E como é difícil entregar um filho a Deus! Deitá-lo no altar de Isaque! E crer que no Monte do Senhor se proverá! No entanto, você não tem escolha: ou confia ou pira; ou confia ou vive neurótico; ou confia ou nunca mais tem paz! A grande tentação agora é desprezar a primeira família em razão das doenças dela e da falta de amor que lhe devotaram. No entanto, se o discípulo é chamado a amar o inimigo estranho, que deve ele fazer no caso dos inimigos serem os de sua própria casa? Abandona-los? Apagá-los da memória? Não! Todos os princípios de Jesus aplicados à vida, começam dentro da casa da gente. Ora, tais princípios devem ser os guias de nossas vidas mesmo quando a consciência nos acusa. Sim, porque o grande problema é que a acusação de “maldade” feita pela esposa amargurada —embora você tenha aparentemente tentado de tudo para fazê-los ficarem bem—, tende a fazer com que a desmotivação para o bem seja tão grande em você, que você desista, e diga: “Não adianta!”—; e, assim, não “entregue a família a Deus”, mas sim a “deixe”. Aliás, você usou essa palavra (“deixei”). Família a gente nunca deixa. A gente pode até se divorciar da esposa por total impossibilidade de convívio, mas da família ninguém deve se divorciar, sob pena de se tornar inafetivo, e, na velhice, carregar cargas pesadas na alma. Espero que lhe tenha sido útil. De fato, sem ser como no seu caso (que é de extrema gravidade), já tive que praticar, em nome da consciência e do amor, apenas aquele amor que faz o Bem, e não aquele amor romântico e culpado que faz o que os filhos acham “Bom”, embora, faça mal. Portanto, não lhe digo nada que eu mesmo não tenha tido que provar e viver; e é por essa razão; e, sobretudo, pelos maravilhosos resultados obtidos pela pratica do Amor que faz Bem, que me animo a dizer isto a você. Receba meu carinho, minha reverencia pela sua dor e conflito, e, sobretudo, receba minhas orações! Estou aqui para o que você precisar! Nele, em Quem não geramos filhos para a Calamidade, Caio