SOU UM ANGOLANO QUE NÃO SABE MAIS PARAR…

—–Original Message—– From: De Angola para você: um conflito Sent: quinta-feira, 17 de julho de 2003 To: [email protected] Subject: E depois da “primeira vez”, dá pra controlar? Mensagem: Caro pastor Caio Fábio, Sou um angolano de 23 anos de idade, estudante Universitario na Inglaterra. Leio algumas das suas obras na net quando tenho acesso a elas, e estou bastante feliz em saber sobre seu site. Sou crente em Jesus Cristo a já faz algum tempo. Mas desde que me mudei de Angola para cá muita coisa influenciou minha relação com Deus, principalmente pela tristeza de ver o Ministério de meus pais. Meus Pais são pastores Evangélicos numa das províncias de Angola, e são daquele tipo de obreiros que muito fazem e nunca sao reconhecidos. Mas meu grande problema é o seguinte: Há um ano eu conheci uma rapariga bastante bonita, e com ela me envolvi sexualmente. Ela estava grávida na altura de outro individuo, e teve de fazer o aborto. Eu não a influenciei. Fiquei bastante chateado com ela por ter procedido de tal maneira. Acabei por ficar com ela mesmo assim, e fui vivendo em estado marital com ela por quase seis meses. Agora ela esta de volta em Luanda e continuamos a namorar. Verdade é que eu penso que ela é um peso para mim. Quero mudar de vida e não consigo. Quero convencê-la no mínimo, mas ela não muda de vida. Tento e não consigo. E o maior problema ainda é que eu penso que gosto muito dela. Mas também penso que ela poderia, no futuro, interferir muito na minha relação com Deus. O maior problema no meio de tudo isso é que já não consigo mais estabilizar minha vida espiritual como antes. Sempre sinto este problema me perseguindo, e como se não bastasse, já não consigo me livrar da depressão da falta do sexo. O Pastor acha que se um dia já tivemos relações sexuais antes casamento seja possível depois disso conseguirmos viver sem uma relação até nos casarmos ? Caro Pastor gostaria que me esclarecesse essas questões que lhe coloco; que tem sido bastante sufoco para mim. Que Deus o abençoe, ***************************** Amado e querido irmão: Paz e Bem sobre sua alma! Leia aqui no site, em Cartas, o texto “O que você acha de sexo antes do casamento?”. Parte de suas questões estão respondidas lá. O transcreverei para você no final desta resposta. Quanto ao seu “caso”—digo: “caso” não de modo pejorativo, mas significando “situação”—, penso o seguinte: 1. Paulo disse em I Coríntios 7 que a gente deve fazer tudo para diminuir o peso em relação ao casamento. A vida é difícil. O casamento—mesmo os melhores—traz seu peso natural. Divide a gente, conforme Paulo. Portanto, não procure sarna para se coçar. Você está apenas “encantado” com uma série de relações sexuais que o desvirginaram como homem. Nada além disso. E esse gosto é natural. Negar que seja é pura mentira. Se sexo não fosse gostoso, não seria um problema para quase todos. Ninguém me pergunta se deve comer fel. Mas todo mundo fica lutando contra o sexo. Por que? Porque até Deus disse que era “muito bom”. Aliás, foi Ele quem fez a coisa tão boa assim. 2. Paulo também disse, no mesmo texto, que a gente não sabe se “converterá o cônjuge”. Portanto, de preferência, a menos que seja um amor verdadeiro—e nesse caso não vem com toda essa “bagagem” de desencontros—, procure alguém menos complicada. Se seu interesse é servir a Deus no ministério da Palavra, tudo o que você não precisa é ter que “carregar” uma esposa com toda essa carga. 3. Sobre ficar mais difícil depois de ter “começado”, não há como negar. É por isto que namoros de jovens virgens acontecem sem haver, necessariamente, nada sexual mais profundo. Porém, dois seres humanos que já foram casados, quando se encontram, e começam a “namorar”, nem pensam na possibilidade de namorar sem transar. Já faz parte. O a lógica é uma só: vencidas certas barreiras na vida, fica difícil fazer de conta que elas já não foram ultrapassadas. Negar isto é fugir da realidade. Portanto, respondendo a sua pergunta, digo apenas que fica muito mais difícil, é claro. Mas não é impossível. Essa coceira, quando começa, fica difícil de parar. Isto para quase todas as pessoas. Portanto, não lhe digo o que fazer. Digo apenas que sei que tratasse de uma “luta” muito maior para quem deseja evitar. O mais é com você. 4. Só espero que você não entenda seu conflito atual como algo entre você e Deus. Essa “briga” é entre você e você mesmo. Deixe Deus fora disso. Os cristãos têm mania de confundir conflitos interiores e crises de ajuste de consciência, com “briga de Deus” com eles. Então, fugindo e si mesmos, fogem de Deus. Mas não é assim. Se Deus não puder ser seu Deus nesse “conflito”, para que então Ele serve como Deus? Para quando você não tiver conflitos? Então, nesse caso, para que você precisaria de Deus? Espero que me tenha entendido! Um beijão em todos os amados amigos Angolanos. Divulgue o meu site entre eles. Nele, Caio Leia a seguir o texto sobre sexo antes do casamento. *************************************************** —–Original Message—– From: Ednaldo Sent: segunda-feira, 6 de outubro de 2003 To: [email protected] Subject: Sexo antes do casamento, o que o senhor acha? Mensagem: Em meu grupo de discussões existe uma grande polemica com relação a sabermos se é ou não pecado o sexo antes do casamento. Até hoje, o que ouvimos na verdade são apenas conjecturas sobre a Bíblia, mas nós não conseguimos ainda alguma base bíblica para afirmarmos que é pecado. Não estamos com esta pergunta querendo contrariar os princípios que nos foram ensinados, mas gostaríamos de saber se o senhor poderia nos esclarecer esta duvida. Já antecipadamente estamos gratos pela sua atenção e generosidade em responder-nos. Fique na paz do Senhor!! ******************************Resposta: Amados irmãos do Grupo: Se formos olhar na Bíblia esse “assunto”—conforme estudado por vocês—descobriremos que ele não tem nenhuma relevância. Na Bíblia o casamento era algo simples, familiar, singelo, e não carregava regulamentações além da do pacto entre as partes. Houve uma “evolução sociológica” na instituição do casamento na Bíblia. Mas os “valores agregados” sempre foram tratados como “humanos”. Adão e Eva não estavam menos casados por não terem tido “testemunhas humanas” para a cerimônia, que naquele caso foi apenas um belo e surpreso: “Uau! Essa Sim!” Isaque e Rebeca nem esperaram o jantar. Quando Isaque a viu no campo, sendo trazida pelo servo de seu pai, correu ao encontro de ambos, tomou a Rebeca sobre sua montaria, e a levou direto para a “tenda de sua mãe” e a “possuiu”. Esse casamento que a gente tem hoje—com todos esses ritos, pompas, etc…—, é uma projeção dos plebeus acerca do casamento dos nobres. É uma festa de príncipe e princesa, com trombeta, véu, grinalda, entrada triunfal, testemunhas, pagens, corais, e a “corte” assistindo. Nos dias de Jesus o casamento era algo familiar. E o “documento” de casamento não era dado para que se casasse—isso era feito pelo testemunho dos pares na presença dos familiares. Só havia “documento escrito” para a Carta de Repúdio—no caso do marido não querer mais a mulher—, ou no Divórcio—no caso de que alguém, quase sempre a mulher, ser “expulso” da relação como adúltero. Assim, a documentação documentava apenas a separação, não a união. A união tinha o testemunho da vida, do amor e dos parentes, que consentiam com o casamento, que era solenemente informal. Quanto ao sexo, tenho a dizer o seguinte: Sexo sempre é pecado e nunca é pecado. Sexo não é nada e é tudo. O que faz do sexo pecado ou algo santificado, são os seus praticantes. Desse modo, quando há amor, nunca há sexo antes do casamento. Quando há amor o sexo é o casamento. Se há “casamento” mas não há amor, o sexo é pecado. Portanto, sexo “antes” do casamento é sexo onde dois transam sem amor. Mas sexo sem amor durante o “casamento” é pecado também. O pecado é sexo sem casamento. E casamento não é algo que aconteça de fora para dentro. Só acontece de dentro para fora. É como tudo mais que tem valor para Deus: procede do coração. O “casamento” é como o “batismo”—um símbolo visível de uma realidade invisível, e que o precede como símbolo a fim de que seja verdadeiro. “Batizar-se” sem que já se tenha sido antes batizado pela “fé em Cristo”, é um rito sem sentido—pura e boba religião! “Casar-se” sem casamento é a mesma coisa. Diante de Deus é tudo igual. Para os homens é que não é pecado alguém se batizar na “igreja” sem ter sido batizado no Espírito, num ato invisível e particular. O casamento, todavia, recebeu esse estigma da religião. Eu, todavia, creio sempre naquilo que é. E acho que o valor do que se faz como simbolização exterior, sempre tem que ser precedido por uma verdade interior. Assim, sexo não é nada, e é tudo. Depende de quem o faz, de como o faz e de com que atitude o faz. Sem amor nada disso me aproveitará. Inclusive transar! A impureza à qual a Bíblia se refere não é apenas a promiscuidade sexual. Pode ser também o “uso” sexual sem amor, ou por interesse, mesmo entre “casais-casados”, e que praticam sexo sem amor. Nesse caso, o homem “comparece com a patroa” e a mulher dá ao homem “o que lhe é de direito”. Em razão disso é que há muita prostituição dentro de “casamentos”. Mulheres que não amam, que sentem até nojo de seus “maridos”, mas que “dão” pra eles por causa da grana, da estabilidade, etc… E maridos que “comparecem” ou apenas “usam” a mulher, apenas para ter onde “aliviar” a pressão. E o “preço” é a estabilidade que um dá ao outro. Sem falar que em muitos casos ambos tem seus “casos paralelos”. É por isso que muitas meretrizes nos precedem no Reino de Deus. Elas, pelo menos, não chamam de “casamento” o negócio da esquina, e vão logo dizendo quanto custa e que tempo vai durar. A Bíblia fala muito da dissolução. Ora, a dissolução sexual não faz mal a Deus. Deus não cresce e nem diminui com nada do que eu faço ou deixo de fazer com minha vida, muito menos com meus órgãos genitais. A dissolução é pecado apenas porque faz mal ao homem. Dilui o ser. Tira a essência, a solução interior. Daí ser dis-solução. E esse mal acomete a quem o pratica. Deus não fica menor. E que mal é esse que a dissolução produz? Ora, ela deixa o seu diluído, pastoso, impossibilitado de experimentar qualquer forma de amor denso. Daí o dissoluto não conseguir amar e nem tampouco ser fiel a ninguém. Sem falar que a proliferação de experiências sexuais não deixa ninguém experiente para a vida, para o vínculo, para o relacionamento. Apenas deixa o individuo com “mil memórias” para comparar; e, assim, aumenta sua insatisfação com um único parceiro, visto que ele está sempre sendo remetido para as fantasias de outros tempos. Sei que pra uns sou avançado demais. Pra outros sou careta demais. E eu, o que penso? Bem, eu não estou nem aí! Sei que o que digo é verdade, conforme o Espírito da Palavra e de acordo com o que Jesus ensinou como sendo verdadeiro diante de Deus. Nele, Caio