SOU VIRGEM, VOU CASAR, E ME MASTURBO DEMAIS

—–Original Message—– From: SOU VIRGEM, VOU CASAR, E ME MASTURBO DEMAIS Sent: domingo, 23 de novembro de 2003 00:26 To: [email protected] Subject: MASTURBAÇÃO Mensagem: Pastor, Estou tendo um problema sério com masturbação. Bem para você entender um pouco do que acontece, vou te contar um pouco da minha história. Eu tenho 32 anos, sou virgem ainda; fui criado em um lar cristão de berço; me converti aos 15 anos; sempre fui muito cheio da graça e do amor de Deus, que me guardou até agora. Sempre fui líder na minha igreja. Nestes últimos meses me afastei dos trabalhos na minha igreja; e não tenho nenhum irmão em quem possa confiar. Eu namoro uma garota cristã que é convertida há 5 anos. Ela tem 34 anos. E ela não é virgem, pois teve relacionamento quando não era cristã. Mas comigo ela sempre tem se conservado, e não temos problemas nessa área; pois queremos aguardar o casamento. Namoramos há 2 anos e meio. Ela é minha primeira namorada. A gente se ama muito; não sabemos viver sem o outro; mas desde o começo do relacionamento brigamos muito; pois os dois têm um “paviu curto”; mas nos amamos. Há uns cinco meses começamos a ter algumas brigas feias; nas quais nos ofendemos muito; e numa dessas eu comecei a entrar em chat com imagens eróticas, depois comecei a entrar em sites; e depois a assistir pela tv a cabo a programas eróticos; e depois comecei a me mastubar; e hoje me encontro em uma situação onde isso me aprisionou; pois eu nunca tive problema com isso; nem quando era adolescente. Mas agora já adulto estou com esse problema. Eu sei que tem gente que vai ainda muito mais fundo nesse abismo… Eu estou muito fraco espiritualmente, e minha situação com a minha namorada está grave; pois como me afastei da graça, não consigo mais ser muito paciente, e estou perdendo o carinho com o qual eu a tratava. Planejamos casar no final do ano que vem mas eu estou vendo que cada vez mais estou caindo nesse abismo. Preciso dos seus conselhos, pois não tenho ninguém em quem possa confiar; pois eu sei que as pessoas julgam demais e não observam o humano que existe por trás da pessoa. Pelo que você escreve eu sei que você não julga as pessoas. Por favor, me ajude…estou precisando falar disso com alguém que vá orar por mim e me ajudar a sair dessa lama. Pastor preciso dos seus conselhos. Por favor me socorra…estou desesperado, pois isso está me corroendo por dentro me aprisionando. Grato ********************* Resposta: Meu querido amigo: Deus o abençoe! Estava orando por você enquanto lia a sua carta. Agora, peço a Deus que me dê sabedoria para responder. Quem olha a aparência tópica não enxerga, muitas vezes, a essência. Aparentemente sua Carta é acerca de seu problema com a masturbação. No entanto, a masturbação é apenas o sintoma de outras coisas que por detrás delas se camuflam. O fariseu olha é vê a masturbação, e a transgressão moral que ela significa dentro dos muros de santificação espiritual. Ou quem sabe, enxergue de modo enojado a decadência desse ato imoral, especialmente reforçado pelos elementos de natureza exacerbadora, como filmes pornográficos e fetiches aliados desse tipo de busca de prazer. Ou seja: a visão religiosa legalista vai levar em consideração a masturbação como ato. Já na perspectiva da visão pastoral na Graça de Deus, o que importa é o que possa estar fazendo você tão necessitado desse tipo de evasão da realidade; pois é isto que a masturbação fantasiosa significa. Na minha maneira de ver é frustração. Você está com mais de trinta anos, mas demonstra uma profunda infantilidade emocional. A importância que você deu à sua virgindade como uma espécie de troféu foi reforçada pela sua declaração de que a sua namora não é mais, mas “está se guardando para o casamento”. Ela é dois anos mais velha que você, tem 34 anos. Ambos têm “paviu curto”, e brigam muito. Foi uma dessas brigas que levou você a procurar os chats com imagens pornográficas. Sua frustração levou você direto para um escape, uma saída dessa energia de frustração reprimida, não confessada, não expressa. Ela é a sua primeira namorada. De fato, você tem que admitir que um rapaz vivo nos últimos 50 anos tem que fazer muita força para chegar aos 30 anos sem ter namorado. Chega virgem nessa marca, e encontra uma mulher que já não é mais uma menina. Ela não tem nada com você (E você diz que é fácil “segurar” com ela). Está se guardando para o casamento. Mas vocês se amam na mesma medida em que se devoram. E, numa dessas ocasiões, frustrado e com raiva, você se reiniciou, de modo adulto, na fantasia sexual como experiência de prazer. Você está, porventura, competindo com ela? Quer chegar menos virgem ao casamento? Ou está profundamente inseguro de que queira, de fato, casar? Se eu fosse você dava uma séria considerada na verdade do seu desejo de se casar. Duas coisas podem estar acontecendo: 1. Você já tem 32 anos, mas sabe que emocionalmente é ainda adolescente, e mesmo que inconscientemente gostaria de não casar com a primeira mulher que namorou? 2. Você está inseguro quanto a se o relacionamento de vocês pode dar certo, e, apanhou desse recurso masturbatório, que “afasta você da Graça”—, conforme você colocou—, e tira de você a comunhão com Deus, e que apenas aumenta as brigas entre vocês, a ponto de você já ter desmarcado o casamento na sua agenda inconsciente, mesmo que conscientemente não tenha até agora desejado admitir. Além disso, a masturbação compulsiva e motivada pela fantasia revela infantilismo emocional. De algum modo tratasse de uma pessoa que julga que o virtual faz menos mal que o real e que tem implicações menores que o real; ou seja: trata-se de uma pessoa para quem as fantasias são tão possíveis quanto inconseqüentes: coisa de criança. Você já considerou a possibilidade de que seu pacto com a virgindade não tenha sido feito baseado em motivações sadias? Como foi que você conseguiu a proeza de ficar virgem e sem namorar até aos 30 anos? Você entende? Não há nada demais em se ficar. Seria ideal que cada casal se conhecesse apenas um ao outro. Sim! seria o melhor dos mundos. Em geral, no entanto, quando alguém fica virgem até aos 32 anos e só namora a primeira vez aos trinta, ou é porque a pessoa tem uma vocação, ou porque ela tem algum tipo de problema, que pode ir de excesso de timidez à indefinição de identidade sexual. Há aqueles que fazem isto para Deus e que buscam uma companheira até que a encontrem, e fazem disso um ato de devoção. Mas quando é assim, a pessoa não fica como você está. Ou seja: há uma pacificação natural. Afinal, essa opção é mais profunda; e Jesus disse que nem todos estão aptos para ela. A sexualidade está no fundamento de seu problema. Mas o buraco aberto aí, e fazendo água, vem do seu medo de enfrentar a sua sexualidade; por isto, fica mais fácil expressar essa raiva e frustração como masturbação—aparentemente indicando sua pulsão pela “coisa”—, ao invés de tratar da questão real: o que sexo significa para mim? E qual é meu medo em relação a ele? Quase todas as compulsões indicam pela sua intensidade o nível de desordem da alma. Sua ânsia pela masturbação nada mais é que sua maneira compulsiva de dizer: “Me sinto um menino; não estou ainda certo acerca do que o sexo significa para mim; me sinto na obrigação de casar; pois não posso ser um virgem para sempre; mas não estou suportando a pressão de ter que descobrir quem eu sou apenas depois de casado. O problema é que agora não está dando mais…” Mas como você não tem coragem de encarar o que possa estar por trás disso, você diz a você mesmo, pela masturbação, o seguinte: “Meu problema não é que eu não gosto de sexo; eu sinto é falta demais dele; por isso me masturbo tanto…apesar de que não sinto vontade de transar com minha namorada…” O que você tem que ver agora é se seu problema é abrasamento sexual por mulheres, ou se é o oposto: uma total vontade de adiar a consumação, seja porque você se sente completamente imaturo para a experiência, ou porque você não quer ter a experiência. Bem, eu posso estar completamente enganado, mas tinha que ser honesto com você e dizer o que senti lendo a sua carta. Por isso, lembre-se: isto aqui é apenas a minha percepção distante de uma situação que me foi descrita como um desabafo. Portanto, eu posso estar equivocado, porém não com falta de desejo de ser verdadeiro com você. Um beijão. Nele, Caio