SWING DE EVANGÉLICOS


—– Original Message —–

From: SWING DE EVANGÉLICOS
To: [email protected]
Sent: Sunday, October 29, 2006 11:04 AM
Subject: Dúvida sobre sexo.

 

Caio,

 
Cremos que somente o Nosso Senhor é quem pode nos entender e apesar de nossos defeitos e neuras, nos orientar no seu caminho, com amor e paciência.

Porém a dúvida que nos leva até o senhor não tem nada de religioso, sei lá, às vezes até tem.

Sabemos que é um assunto extremamente íntimo e delicado por isso decidimos procurar o senhor de forma anônima para nos orientar.

Sabemos que muitos evangélicos só sabem reprimir e “sentar o pau” em qualquer forma de sexualidade humana.

Esclarecemos que somos contra o homossexualismo e a traição; isto é: eu ou a minha mulher termos um outro parceiro (a) nas costas um do outro. Para nós trair é ter um outro relacionamento escondido, mesmo que rapidinho.

Nossa pergunta é, sem mais delongas, a seguinte: como fica a questão do chamado “swing” para um casal que conhece a Palavra de Deus?

É evidente que esse assunto é polêmico e extremamente íntimo, por isso mesmo não se fala por aí em qualquer roda de relacionamento.

Até que ponto essa prática é contrária à Palavra de Deus?

Quanto à traição temos a seguinte opinião: Trair é “facada nas costas”. Fazer sem o outro saber ou consentir. Enfim, para nós, trair é trair.

Agora, se tanto eu quanto minha esposa temos a consciência quando vamos a um barzinho de “troca de casais” que pode rolar sexo ou carícia com outra pessoa, e isso passa pelo nosso consentimento, apesar dos tabus, preconceitos e limites, não vemos como traição.

Dá um ciúme danado, é verdade, e o coração vem na boca; o que, penso, nos leva a amadurecer quanto à questão da posse e da insegurança.

Ressaltamos que esse fato, o nosso relacionamento sexual com a participação de outra pessoa, não se consumou; até hoje não fizemos na “real”; somente em sites de casais. Sexo virtual com outro casal. Mesmo porque o que vale para nós é o ambiente sensual que vem a “apimentar” nossa relação que é bastante intensa.

Quanto ao barzinho de casais, pergunto que mal há em um momento de excitação dito “diferente” — indo a um lugar como esse, onde ela pode usar uma roupa mais sensual e excitante, sem arrumarmos briga ou confusão com terceiros?

Perguntamos isso ao senhor, pois, se estivermos desagradando a nosso Deus com essa nossa atitude “reprovável” diante dos homens, teremos que repensar nosso “tesão”.

Será isso fruto da época do “não pode”, que agora quer “tirar o atraso”?

Essa questão, Tesão x Evangelho, tem nos angustiado um pouco. Enfim tivemos coragem e viemos buscar sua orientação; pois, sabemos que o senhor é uma pessoa que tem uma compreensão mais abrangente da alma do ser humano.

Enfim, fazendo assim nós vamos para o inferno ou só teremos de lidar com os nossos próprios sentimentos íntimos?  Na cabeça de muitos religiosos, nem preciso dizer, vamos para o inferno rapidinho; mas e em relação ao evangelho? Tesão sem traição leva a pessoa a perder a salvação?

Enfim é isso, desculpe a maneira escondida, via e-mail, de relatar o
assunto, mas foi o modo que arrumamos para dirimir uma dúvida tão íntima e peculiar.

Que Deus abençoe o senhor e seu ministério.

Gostamos muito do senhor.

Obrigado.

 ____________________________________________

 Resposta:

 

Meu querido amigo: Graça e Paz!

 

O seu jeito de escrever e de contar revelam que você é gente boa. Um assunto tão forte desse raramente é posto com a leveza sincera com a qual você colocou. Entretanto, observei que todas as questões de vocês acerca de se é pecado ou não, todas têm natureza moral. A questão, todavia, não é moral, mas sim psicológica e espiritual. A prova de que a visão de vocês é moral é que, do nada, você emitiu seu juízo sobre o homossexualismo ou sobre o adultério. E o tem foi mais que moralista.


O que penso sobre swing?


Nem mesmo tratarei a questão do ponto de vista do Evangelho, pois, nele, nem mesmo precisaríamos ir longe, visto que Jesus já diz “Não foi assim desde o principio”. E mais: Ele não apresenta concessão para a dureza de nosso coração nesse quesito, como o fez com o divórcio.


O que tenho a dizer, antes de tudo, é que ninguém serve, no coração, a dois nada. Nem dois senhores, nem duas senhoras, nem dois desejos, nem dois corpos, nem dois sentimentos iguais, nem a dois mundos — nem que um seja real e o outro apenas virtual.


Do mesmo modo, também creio, e também observo na existência, que ninguém é feliz contra a verdade. Ninguém. Sem exceções. Sim, o que a vida me mostra, observando de modo amplo e sem preconceitos, é que onde quer que não haja verdade e Verdade, ninguém consegue se dar bem.


Por “verdade” em minúsculo quero dizer “aquilo que é sincero”. Já por “Verdade” em maiúsculo, quero dizer aquilo que é, conforme Deus, o Criador.


Portanto, felicidade vem do casamento da sinceridade humana com a verdade de Deus!


Assim, antes de qualquer coisa, digo a você que nunca vi um casal que faz swing ser feliz.


Vejo-os se sentindo “liberados”; ‘upgradados’ a um nível de liberdade mais ampla na vida sexual; ou mesmo buscando justificar para si mesmos a tal pratica com os mesmos argumentos que você apresentou. Ou seja: não é traição; é consentido; é visto por ambos; apimenta nossa tesão; aquece nossa vida sexual; e não vemos mal algum nisso. Ou mais: é apenas um problema relacionado à “moral humana”, mas nada tem a ver com Deus.

Em minha opinião não precisamos nem mesmo levar a questão até Deus. Ela tem sua verdade mais básica dentro de você, em sua alma; não necessitando, portanto, nem mesmo de um julgamento superior.

Swing faz mal à alma, ao ser. Sim, e esse mal vem da impossibilidade do espírito humano de se dividir de modo tão estanque assim. Pode gerar excitamento psicológico e aumentar o tesão fetichezado do casal. Mas, depois de um tempo, trás todos os males de alma e de relacionalidade possíveis.

Você tem que evocar o “politicamente correto” a fim de justificar para você mesmo o tal ato. Sua alma quase morre quando vê sua mulher tendo uma transa ou trocando um beijo virtual num desses sites de swing. Mas diz que isso deve ser bom para amadurecer emocionalmente. Sim, sofrer tendo duas recompensas. A primeira é a de que amadurece e acaba com essa criancice de exclusividade sexual no casamento, caso haja acordo nesse sentido. A segunda “recompensa” seria poder “pegar” outras mulheres, casadas, sem a culpa que você sentiria caso fizesse isso nas costas de sua mulher.


De fato, traição é traição. E, além disso, nada que tenha a anuência de dois implicados num pacto de exclusividade, é traição; posto que o consentimento de ambos mata tal designação. Entretanto, não é só de traição que a alma sofre. Traição faz mal, mas não é o único meio de se fazer mal ao casamento.


Vocês são um caso típico de coar o mosquito e engolir o camelo. Ficaram se “poupando” antes do casamento, nem mesmo transando entre vocês, para, depois, partirem para o swing.


Assim, vejamos. O que acontece num swing e o que leva um casal a desejá-lo?

Num swing o que se tem é um casal que diz para si mesmo que traição é errada, mas que a troca sexual consentida não é. E tal questão só surge em razão de que ambos, e somente eles mesmos, já não se plenificam sexualmente sendo apenas os dois. Precisam de novidade. Necessitam ter outros excitamentos. Desejam provar outras pessoas e coisas sem terem de se separar. Assim (sempre um desejando mais que o outro) aceitam a variedade a fim de manter a unidade.

Na realidade um deles tem uma enorme tesão quanto a ter outros parceiros sexuais, embora não queira perder o casamento. O outro igualmente inseguro quanto a desfazer o casamento, depois de relutar, consente; e passa até mesmo a liberar a tesão no sentido de encontrar outros focos. E isso acontece até como defesa, pois, caso um deles consinta, não seria bom que apenas o outro praticasse. Desse modo os dois vão… Prova do que digo você tem ao seu lado. Sim, porque um de vocês dois é o mais ávido e demonstrou isso como proposta, não tanto tempo atrás. Quem foi? Você ou ela? Digo isto porque dificilmente seriam os dois, a um só tempo, a terem essa disposição. Um de vocês dois iniciou o processo…


Assim, no swing, não sendo os dois apenas um casal que se uniu por outros interesses para além do sexo e da vida a dois, e em família (sendo, portanto, dois seres sexualmente ávidos e livres; posto que o parceiro de casamento não tem significado maior como marido ou mulher) — o que acontece é que um quer muito transar com outros, mas não quer perder o par conjugal e nem trair tal pessoa, e, assim, esse (o ávido) tenta convencer o outro de que isso apenas apimenta o casamento, pois, não tem significado além do físico; e, por tal razão, não ameaça nada. E para provar a tese, o mais ávido propõe que isso seja algo que os dois façam; e, não raramente, o mais ávido propõe que o outro inicie o processo, a fim de que ele (a) veja que o proponente assiste “sem grilo”; o que, nesse caso, prova a tal tese do sexo sem significado.


Como disse, a menos que ambos estejam casados por outras razões, em geral o swing é patrocinado por um marido ávido sexualmente, e que convence a sua esposa insegura; ou é a mulher ávida, mas que gosta da companhia e da vida que tem com o marido, quem diz a ele que não quer trair; e, portanto, abre a porta para a proposta designificada do swing; ou então se trata de uma tara, existente em um; o qual, pelas mesmas razões acima descritas, busca fazer o parceiro parte do fetiche; até porque o “politicamente correto” é uma droga, visto que em nome de não trair eles aceitam se designificar.

Para que um casal não se fizesse mal como casal (embora ainda assim se fizessem mal individualmente) num swing, necessário seria que nenhum dos dois sentisse qualquer coisa conjugal um pelo outro; como se fossem apenas sócios em alguns aspectos da vida. Mas eles jamais terão um casamento; e nem tampouco haverão de ter uma família equilibrada e feliz.  

O mais simples é apenas dizer: “Eu tenho um tesão danado; uma vontade imensa de pegar outras mulheres; mas como fui fiel até aqui e não quero perder meu casamento, estou disposto a ver minha mulher transando com outro apenas para não perder o privilégio de pegar quem eu quiser”. Ou: “Detesto isso. Jamais faria. Mas minha mulher quer. Diz que melhora o nosso sexo. E como a amo e não quero perdê-la, aceitei o swing. Além disso, com o tempo, apesar de sofrer vendo-a transar com outros caras, fui aprendendo a me controlar nas emoções, e hoje agüento a barra, ao mesmo tempo em que tento aproveitar também”.

A vida do swing é curta. Dura poucos meses ou apenas poucos anos. Depois de um tempo começam as brigas. O cara diz que a mulher “deu” melhor do que “dá” para ele. Ela começa a dizer que ele anda fazendo por trás, tendo mulheres sem ela saber. Depois de um tempo, “dando” para tantos ou “comendo” tantas, ele ou ela poderão se apaixonar; ou seja: gostar mais de fazer com um outro (a). Então os conflitos aumentarão, a relação virará “Lua de Fel”.

E pior: viciados em swing, ambos continuarão casados, se fazendo mal; e sempre praticando o swing, mesmo que seja para transformar o cônjuge, depois, num fetiche; e por quem se tem um tesão que é movido a mágoas e ressentimentos.

Nesse processo entra a violência. Depois de um tempo eles começam a ficar com raiva, muita raiva; e como extensão passam a transar sempre com muita violência. É a tara movida à raiva.

Ou seja: praticar o swing é uma possibilidade menos dolorida apenas para aqueles casais sacanas e que não se amam, e que gostam de sexo por sexo; e que têm apenas a uni-los interesses de natureza não profundamente conjugal. Assim mesmo não ficarão isentos de muita dor.

E se houver filhos no processo, maior é a calamidade. Sim, porque a alma das crianças saberá que existe algo; e, tal coisa, diluirá profundamente o sentido espiritual de família que eles deveriam ter; e corroerá a segurança interior que eles, os filhos, necessitam.

Portanto, podendo falar muito ainda sobre o tema, porém limitado pelo tempo, apenas digo o seguinte:

 
1.            O swing é um triturador de significados. Banaliza o que é sublime: o sexo. E mais: tira do coração o ninho de afeto e de exclusividade que a alma quer e o espírito necessita.


2.            O swing não é a causa de alguém ir para o inferno; posto que nele, no swing, a pessoa estará no inferno em pouco tempo. Sim! Num inferno psicológico terrível; mesmo que não morra…


3.            O swing é o modo pós-moderno dos seres politicamente corretos freqüentarem um bordel sem a culpa moral de antes. E mais: é um modo politicamente correto de fazer valer a máxima de que o que é bom para um pode ser bom para o outro; ou nesse caso, para ambos.


Na realidade ninguém deve trair ninguém. Além disso, é fora de dúvida que a traição destrói tudo. Entretanto, em geral, destrói menos; pois, dela, da traição, pelo menos um ser sai doído, ainda que se sentindo digno por não ter traído ninguém. Já no swing a destruição é lenta e muito mais profunda. A traição gera trauma. O swing gera tara. E mais: a traição provoca dor. Já o swing tira o poder abençoador da dor do coração, zumbificando a percepção dos praticantes.

O que acho é que vocês não vão se segurar, pois, um de vocês dois já passou a linha limítrofe e desejará passar do swing virtual para o presencial. E mais: quando isto acontecer, em não muito tempo, o casamento de vocês virará um inferno; e, como conseqüência, vocês se farão duplamente mal.

Entretanto, como disse, creio que se não houver um convencimento do Espírito de Deus no coração de vocês, já é tarde; posto que tanto você quanto ela estão no ponto no qual a pratica virtual já os pôs na situação interior de não mais poderem viver sem saber “o que é isso” na prática.

Portanto, fica aqui meu aviso amigo; embora com ele venha a minha tristeza acerca do fato que vocês provavelmente só acreditarão no que digo na hora em que estiverem chorando a tolice que estão fazendo; e que, provavelmente, ainda farão pior.

Assim, fico orando por vocês. E pedindo a Deus que lhes traga revelação do significado da vida; e do que nela convém e edifica; e do que nela não convém, pois destrói o ser.

Aqui no site há outras respostas ao mesmo tema. Leiam.

Nele, que fez Adão e Eva, e não um monte de casais swingando no Paraíso,


 
Caio

29 de outubro de 2006

Lago Norte

Brasília

DF