TÁ PENSANDO QUE VOCÊ É ADÃO COM EVA NO PARAÍSO?…

 

TÁ PENSANDO QUE VOCÊ É ADÃO COM EVA NO PARAÍSO?…

 

 

A Bíblia pode ser acusada de tudo, menos de falta de realismo.

Ela diz que fomos expulsos do Paraíso natural e que agora a natureza produz cardos, espinhos e abrolhos; e afirma que a terra se tornou hostil, que a sobrevivência passou a ser fabricada pelo trabalho, pelo suor e pelo esforço; que até o prazer e a esperança de um filho já viriam marcados pela dor, e daí em diante…; pois, até os irmãos podem se odiar e matar.

E continua dizendo que a tendência do homem era para fazer torres e demonstrações de poder e controle; bem como cidades que amontoariam os humanos em civilizações em disputa; que, além disso, ainda havia a serpente, e, com ela, anjos que cobiçavam misturar-se aos humanos, a fim de degenerar a experiência genuinamente humana…

E anuncia o arrependimento de Deus pela criação do homem, ao mesmo tempo em que nos apresenta a “esperança de Deus na Arca”.

Sim, a Bíblia diz que o mundo acabou. Que tudo foi alagado e coberto de lama e escombros. Que os mares mudaram e os rios ganharam novos fluxos e leitos.

E garante mais…

Diz que entre os sobreviventes na Arca havia gente boa e gente nem tanto… Daí, a humanidade prosseguir salva da catástrofe imediata, mas prosseguindo para criar a sua própria.

Então, de certo modo, a Bíblia deixa o resto do mundo seguir o seu curso e se concentra em um homem: Abrão, que depois veio a ser Abraão.

Entretanto, é olhando para ele, tanto para a sua fé quanto para as suas vacilações humanas, que se vê que o melhor homem é ainda capaz de mentir, de negociar, de trocar a mulher por sobrevivência, de aceitar soluções que ele sabia que não resolveriam nada; enquanto, via anjos, cria e sofria, mas perseverava; sendo capaz de obedecer até à morte, até ao absurdo, sempre por causa da fé na Voz que ouvira.

O melhor homem ainda era ambíguo!

Ora, mesmo se concentrando em Abraão e em sua descendência, o que a Bíblia nos mostra é um micro-cosmo, talvez um dos melhores, e, assim mesmo, demonstra a incurabilidade da vaidade, da arrogância, da prepotência, da vontade egoísta de todos os homens — tendo Israel como maquete histórica.

E mostra sempre com clareza que a injustiça atrai a perversidade e que a perversidade chama juízo, o qual sempre vem…, não importando como…

E mostra que se a maldade recebe maldade, pior ainda é quando a bondade recebe maldade como pagamento…

Porém, ela insiste em que o justo é punido na punição global da perversidade generalizada, com alguns exemplos de salvamentos aqui e ali, mas, no geral, o justo vai na enxurrada das maldades alheias…

Diz que o homem mais Jó, mas justo, pode sofrer tudo… E sofrer sem saber a razão. E, ainda assim, ter que manter a fé.

Diz que há ocasiões em que o homem mal é instrumento de Deus para curar o homem que ainda tem chance de arrependimento, mesmo que seja sendo levado cativo para o chão das impotências, em Babilônia, no Egito, ou no mundo inteiro.

Diz que quem fala a verdade corre o risco de morrer, mas insiste que é para falar assim mesmo, porém, com sabedoria.

Diz que até Deus quando visitou o mundo foi crucificado!

E profetiza que até do que sobrara de bom de Deus no mundo, a Igreja, os discípulos, logo a corrupção tomaria conta.

E também profetiza que o testemunho de Jesus não aconteceria quando estivessem falando o nome de Jesus, mas apenas quando um pequenino rebanho estivesse vivendo o Evangelho na Terra.

No meio de tudo se ouve Jesus dizer:

“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo”.

Entretanto, algum diabo, ensinou aos “cristãos” que não é assim… Que com Jesus se pode ter tudo o que a Bíblia e Jesus nos garantem que não teríamos…

Ou seja: um diabo ensinou que viveríamos não apenas na terra de Gosen, como os hebreus no Egito, mas também na terra do Gozem, como os que viviam em Sodoma e Gomorra.

Sim, algum diabo disse que se poderia pular do Pináculo do Templo que os anjos nos socorreriam, e pulamos. Disse que se o adorássemos, continuaríamos donos de nós mesmos, e cremos. Disse que poderíamos alterar a natureza da matéria, e que os poderes não seriam abalados.

Para completar, vêm os apóstolos e nos garantem que é de sofrimento em sofrimento, e de gozo em gozo na fé, que perseveraríamos a fim de preservar as nossas almas.

E tudo termina na Revelação do Fim, o Apocalipse.

Portanto, fico chocado quando vejo discípulos de Jesus crendo que ainda estamos vivendo no Jardim do Éden.

Gente! Dói mesmo!… Mas, como me disse meu pai, babando na UTI sem poder controlar a fluxo do alimento: “Meu filho! É assim mesmo!”.

Quem crê assim, não tem do que reclamar!

Quem anda assim caminha na fé!

Quem assim sabe, é feliz até quando chora!…

 

Nele, que contou como as coisas são,

 

Caio

9 de maio de 2009

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