TEMO QUANDO MEUS FILHOS NAMORAM MULHER BONITA



 


—– Original Message —–
From:  TEMO QUANDO MEUS FILHOS NAMORAM MULHER BONITA
To: [email protected]
Sent: Sunday, April 02, 2006 1:13 PM
Subject: “CULPA E NEUROSE MATERNA”

 
Olá, Caio!
 

Estou aqui para comentar duas afirmativas suas (em seu site) que me fizeram refletir; e, portanto, me fizeram grande bem.

A primeira tem a  ver com o texto-carta CULPA E NEUROSE MATERNA; pois já me flagrei apavorada todas as vezes que vejo meus filhos com namoradas muito bonitas. Sei que é um preconceito, mas não consigo evitar a idéia de que se são bonitas demais, irão acabar traindo meus filhos; e a culpa será minha, porque “o que a gente faz, a gente paga”; e não existe melhor maneira de fazer alguém sofrer do que tocar em seus filhos.

Que raciocínio doentio!

Mas tenho dificuldade de me livrar dele. Toda garota bonita é uma ameaça para mim porque acaba sendo o prenúncio de que o castigo está chegando.

Sei que isso é horrível, principalmente porque uma garota não pode ser taxada desse jeito só por ser bonita. Ela não tem culpa e sua beleza não é prova de que será infiel.

Sei que esse é um preconceito horroroso, mas pelo menos eu o detectei e luto contra.

No fundo fico torcendo para que meus filhos se casem com moças “mais ou menos”, nunca com uma boazuda demais… 


O texto que você escreveu para aquela mãe me fez bem, principalmente quando menciona Eclasiastes e o fato de que não existe garantia de nada na face da terra, e nosso poder de influenciar a vida dos filhos é limitado.

Valeu!
 
O outro texto foi escrito para outra mulher e me fez pensar muito e ainda está martelando em minha cabeça: “… sexo não resolve o problema da sexualidade… a qual é bem mais ampla em suas demandas; e pede de nós muito mais do que apenas sexo. Sim, exige de nós também carinho, troca, afeto, identidade, cumplicidade, amizade, diálogo, perceria, e um vínculo insofismável.”

Eu nunca havia pensado nisso… 

(“sexo não resolve o problema da sexualidade…” “sexo não resolve o problema da sexualidade…” “sexo não resolve o problema da sexualidade…” “sexo não resolve o problema da sexualidade…” “sexo não resolve o problema da sexualidade…”)
 
Um forte abraço!!
_______________________________________________________


Resposta:


Querida amiga: Graça e Paz!


Se sexo resolvesse o problema da sexualidade, ninguém que tivesse muito sexo na vida deixaria de ficar contente e satisfeito. Mas, ao contrário disso, uma relação que só se baseia em sexo, acaba por criar a “Síndrome da Lua de Fel”, conforme o filme do mesmo nome bem retrata.

De fato, quando se faz do sexo o centro da relação, ele acaba apenas por gerar um nível de concentração apenas animal na alma, e que não tem o poder de atender aos reclamos mais profundos do ser.

Vejo o pessoal se entregando ao cío sexual como se sexo fosse a “Água da Vida”; e não é. Quem bebe apenas de tal “poço” tem sede de novo todos os dias; e acaba por sofrer da “Síndrome da Samaritana”.

Além disse, quanto mais sexo sem amor, mais vício sexual se instala na pessoa. Prova disso é que os homens e mulheres que se dedicam à variedade de parceiros (as) sexuais, são as pessoas mais insatisfeitas da terra.

E mais: o que pensam ser “prazer” é apenas aquela “afliceta” (como diz minha mulher), e que é confundida com gozo, mas que não passa do resultado mecânico de qualquer atrito em áreas de natureza excitante do corpo; porém, ainda é uma coceira se comparada ao verdadeiro prazer e gozo; os quais (prazer e gozo) só são atingidos quando amor, carinho, amizade e companheirismo se fundem ao desejo sexual. Nesse caso, a “afliceta” é descoberta como “farsa”, e a pessoa vê que nunca conheceu o prazer mesmo.

A maioria das mulheres deste país confessam que não conhecem prazer mesmo. Ou raramente experimentam o que, ainda de modo enganado, chamam de prazer. Os homens, por seu turno, pensam que ejacular é prazer, sem realizarem que até “na mão” se consegue aquele resultado.

Desse modo, eu lhe digo: a maioria não sabe o que é prazer, mas apenas o que é sexo; e maioria pensa que sexo bom é feito de “posições mirabolantes” ou que tem que haver “técnicas”, etc… Tudo engano!

É claro que duas pessoas que se amam não terão inibições na cama, e, por conta disso, poderão aprender a “bailar fazendo amor”. Todavia, sem amor, fica apenas a performance de “Kama Sutra” sem prazer; posto que assim como tudo o mais na vida, sem amor, nenhum sexo me aproveitará.

A maioria esmagadora dos seres humanos pensa que sexo tem a ver com o corpo, sem nem desconfiar que o âmbito do verdadeiro sexo é a alma.

Sem alma tem-se intercurso entre um macho e uma fêmea. Com alma tem-se sexo, no mais profundo sentido de sua criação divina.

Aqui não falo de sexualidade, mas de sexo mesmo. Falo da “relação” que se estabelece no encontro do amor. Encontro esse que eu creio não acontece muitas vezes numa única existência.
 
Bem-aventurados aqueles que um dia conheceram a transcendência do corpo, e experimentaram a existência de suas próprias almas no encontro total consigo mesmos num corpo e na alma do outro encontrado.


Sem amor e sem alma sexo é experimento de meninos e meninas. Só isto. Por isto é que eu digo que aquilo que as pessoas chamam de sexo, nada mais é que uma massagem ou ginástica de corpos, mas não é o verdadeiro sexo, pois esse não pertence ao âmbito do corpo, mas da alma.
 
Mas quando a verdade do amor encontra com sua alma no outro, o Gênesis apresenta sua face sempre nova, fazendo mundos surgirem, e mergulhando o ser na contemplação do divino.

“E serão os dois uma só carne”—diz o Gênesis.

Paulo diz que não se deve unir corpos sem amor — como na prostituição —, pois aquele que se une a um outro… faz alguma troca com ele… e sem amor essa sempre será uma troca que não une, mas que acentua a separação… sem falar que dependendo de quem é o outro… sua carga espiritual passa no contato.

Temos o corpo, a alma e o espírito. É pelo sexo que corpo e alma experimentam sua fusão mais profunda. Os nossos sentidos táteis, olfativos, visuais, auditivos, e sensoriais são instrumentos da alma. Eu vejo, cheiro, ouço, toco, e sinto com a alma.

Daí a plenitude desses sentidos se expressarem como nunca quando se faz amor…é a alma em deleite, experimentando todo o seu poder de ser alma.

A experiência do genuíno prazer é sempre uma experiência da alma. Pessoas podem ser frias numa relação, e o oposto numa outra…nada mudou em suas constituições…mas tudo mudou…porque a alma, enfim, teve sua chance de experimentar a ela mesma no corpo e na alma do ouro.

Sem a alma tem-se a mecânica do sexo… mas nada além disso. Com alma o sexo se tornar divino, e nos mergulha também em contato com o nosso próprio espírito.

Estou escrevendo isto para você porque leio aqui no site acerca dos dilemas das pessoas com relação ao sexo. Parece que todos sentem falta da obrigação do sexo. Quase nunca vejo as pessoas buscando alma…

Pode ser que alguém encontre um dia uma outra alma… depois de ter encontrado a alma que amou, e que lhe deu gozo no ser. Mas acho muito difícil.

Neste sentido, eu creio que só se ama com toda a intensidade da alma uma única vez na vida… raramente duas.

Quem diz que viveu “isso” em plenitude muitas vezes e com pessoas diferentes, conheceu apenas as fugazes sensações do corpo, isolado da alma, ou apenas o aflito desejo da própria alma, buscando um prazer que só será encontrado na outra única alma, não num outro corpo.

Olhando por esta perspectiva tem-se que dizer que o sexo pleno — corpo, alma e espírito — é divino e terapêutico.

Por ele a alma se desentope e o ser mergulha no sentir mais divino e pleno que se pode experimentar na terra.

Quem encontrou tal “contato”, não o perca, pois ele não se faz repetir muitas vezes na vida.

Seria então isso algo parecido com o encontro de almas gêmeas?

Não! as almas não são gêmeas. Elas se fazem gêmeas. Sofrem um processo de assimilação e de interpenetração, gerando instalações de projeções psicológicas de um na alma do outro. Daí o outro se tornar gêmeo não porque o era, mas porque se tornou.

Ora, uma vez que se tenha encontrado num “outro alguém” a sua própria projeção, dificilmente haverá outra plenitude para substituir a original.

Só um milagre!

A alma recusa tentar buscar outros amores porque ela sabe que teria que deixar de ser quem ela é, a fim de poder experimentar outra coisa… e que nunca mais será divina… mas apenas físico.

Sexo sem alma é coito de zumbis!

“Ó filhas de Jerusalém! Eu vos rogo que não acordeis e nem desperteis o amor até que este o queira…pois o amor é forte como a morte…e duro como a sepultura o ciúme”.

Ora, isto é acerca do segundo texto que você comentou. Sim, sexo e sexualidade não são a mesma coisa. Há sexualidade sem sexo assim como há sexo sem nenhuma sexualidade.

Agora, deixe-me dizer alguma coisa sobre seu problema com as namoradas bonitas de seus filhos.

De fato, o que há, nesse caso, é a projeção de seu próprio juízo, medindo os outros com as suas próprias medidas!

Sim, você projeta a você mesma nas meninas bonitas e vê nelas o que existe em você.

Na realidade, tudo o que você me disse é que teme que elas sejam para os seus filhos o que você tem sido para o seu marido; e teme que elas venham a fazer com eles o que você, como mulher bonita e “boazuda” (você não falava delas, mas de você mesma), fez com o seu esposo.

Beleza não é problema, a menos que seja acompanhada de infidelidade conjugal. Entretanto, havendo amor, saiba: a mulher mais bela do mundo está protegida pelo seu próprio amor pelo seu marido.

Todavia, quero dizer a você que as mulheres que mais traem não são as belas, mas justamente as feias e inseguras, e que se dão aos homens a fim de fazer compensação em razão de sua auto-imagem negativa.

As mulheres que mais traem são as “mais ou menos”, ou mesmo as feias; pois elas é que precisam desse tipo de afirmação mais do que as belas.

Portanto, aproveite a situação declarada por você e saiba que seu problema não é “preconceito” contra a beleza, mas projeção de seu próprio interior sobre toda mulher bela que você encontra.

As belas são assediadas, mas só vai quem quer… As feias, todavia, caçam, buscam, fazem fácil, e precisam de tais afirmações!

Por hora é isto que tenho a dizer a você!


Receba meu carinho e minhas orações!

 

Nele, em Quem o que vale é ser,

 

Caio