TENHO A MALDIÇÃO DE MEU PAI

—–Original Message—– From: Sou a repetição de meu pai… Sent: sexta-feira, 17 de outubro de 2003 18:31 To: [email protected] Subject: Herdei uma maldição… Mensagem: Olá Pastor Caio, tudo bem? Pastor tenho vivido momentos estranhos em minha vida, é como se a história do meu pai estivesse se repetindo em mim. Meu pai era muito mulherengo, frio, seco, tudo que ele fazia não dava certo; e o pior: ele não tinha fé, uma vida (truncada). Vejo tudo isso em mim. Tenho 6 anos de cristão. No início achava que Deus iria mudar minha vida por completo (o tal do “tudo se fez novo” que Paulo falou), mas os anos foram passando, e essas palavras não fazem tanto sentido para mim. Com isso fui me decepcionando muito com Deus. Deus tirou ou permitiu que todos os meu sonhos não se realizassem. Hoje sou crente, porém sem propósito, sem esperança no futuro, e com um sentimento de maldição do meu pai sobre mim, sem contar os outros problemas existenciais. Um grande abraço ******************************** Meu amado irmão: Graça e Responsabilidade sobre você! Meu querido: Nada é mais fácil que transferir responsabilidades! E não há caminho mais fácil pare se deixar as coisas como elas estão do que a “atitude Gabriela Cravo e Canela”. Aquela que diz: “Eu nasci assim, vou viver assim, vou morrer assim, sempre Gabriela”. Ora, essa atitude é fruto da pessoa ter aceito alguma sugestão de script para a vida, e ter adotado, ainda que inconscientemente, a tal programação. Nós não somos vespas e nem abelhas, que já nascem com todas as funções minuciosamente predefinidas pela “Rainha”, ou pelos “instintos do softer” da comeia. Li sua carta e fiquei achando interessante. Conheço a “igreja” e a Igreja desde que nasci. Fui batizado na “igreja católica”, em razão do meu pai ser católico. E na “igreja presbiteriana” em razão de minha mãe ser protestante. Cresci ouvindo as histórias dos crentes e dos beatos. Ambas as avós eram muito “religiosas”, cada uma do seu lado do “muro da separação” construído no Século 16. Mas até o fim da década de 80—, quando começou esse negócio de “quebra de maldições” entre os evangélicos—, ninguém fazia transferência de responsabilidades pessoais para ninguém. Digo: transferências no nível em que você assume como sendo as suas “heranças”, portanto, coisas que você herdou. Naquela tempo, quando alguém achava que estava “repetindo o pai”, e não gostava do replay, tentava honrar pai e mãe, melhorando-os em si mesmo. Ora, não poucas vezes eu ouvi histórias como a sua. A diferença é as pessoas não usavam os pais como justificativa para a “repetição”. Ou elas assumiam que eram assim; e ponto. Ou admitiam que tinham aquela inclinação; e lutavam contra. De quinze anos para cá é que as figuras parentais ganharam um papel freudiano-satânico nas vidas dos crentes. Melhor seria se fosse apenas um papel freudiano. Pelo menos se tentaria desencavar a ossada psicológica, fazer uma boa exumação do fantasma, e, uma vez feitas as pazes com essa “sombra”, se buscaria andar na paz e sem neurose—como qualquer bom terapeuta sugeriria a você. O problema é que nem mesmo Freud eles deixam livre para tentar ajudar o sujeito. Ou é o Dr. Freud ou é o Dr. Satã. Mas os dois juntos não combinam. São de escolas diferentes. Quando se institui a tal da “maldição”, evoca-se a “herança”, mas se a faz vincular-se a “algo” alienígena, punitivo, vingativo e diabólico. Assim, trata-se de um carma; e carmas não são tratáveis, são assumidos. No carma não há “nova criatura”; há apenas a mesma e miserável criatura. Você já prestou atenção para ver que quando um cara está se dando bem ele nunca diz que sofre de um carma de felicidade e prosperidade. Ele diz que é sorte. Mas quando se dá mal, então, alguém tem que pagar a conta. Nesse caso, na melhor das hipóteses, aparece a lei do carma. Ora, se alguém quer tratar a si mesmo com tais mecanismos de “transferência”, deve pelo menos decidir se o “analista” será Freud ou Satã, pois as “escolas” de ambos não se complementam. Freud propõe uma viagem de encontro com os fantasmas parentais para que o individuo se enxergue; e desse ponto em diante ande com as próprias pernas e com responsabilidades não neuróticas assumidas—e assim decida por si mesmo o que quer. Satã, todavia, não quer “analise”. Ele gosta de “formulas”, de pacotes, de kits, e de feitiços. Não há o que compreender. E na terapia do diabo um mal se combate com outro. Assim, é mandinga contra mandinga. O que não se pode é tentar a conciliação pseudo-psicológica e pseudo-teológica que se vem tentando fazer no meio evangélico. Deve-se assumir ou uma coisa ou outra, se a opção for essa, a do tratamento das “heranças”. O interessante é que você aprendeu o “diagnóstico” da doença—a maldição de meu pai—, e não aprendeu a cura. Ora, quem fez o diagnóstico, deveria também oferecer e realizar a cura. Mas é assim que as coisas ficam: um monte de gente com “diagnósticos neuróticos” e, neuroticamente sem cura. Nada poderia ser pior. É fazer a alma duplamente enferma pelas agonias do inferno. Só mais uma coisa: herança todos nós temos. Somos herdeiros de Adão. Somos herdeiros de toda a humanidade. Somos conectados a redes visíveis e invisíveis. Mas ainda somos “nós”, não somos “eles”. Meu nome é Caio, não é Legião. Sofri e sofro influencias de muitos. Mas eu sou eu, e tenho que aprender a ser responsável com “Eu”. Portanto, sem rodeios, ainda que com todo carinho—ninguém escreve o tanto que eu já escrevi até aqui se não estiver realmente querendo “ajudar”—, quero dizer a você algumas coisas bem simples e bem práticas: 1. Seu pai não é diferente de 80% dos homens que vivem na Terra. A única diferença é que é seu pai. 2. E você não é diferente de 80% dos jovens de sua idade. A diferença é que é você. 3. Você transferiu a responsabilidade para seu pai, depois para Paulo, e agora para Deus. Aliás, sua última transferência foi para essa “coisa viajante”—sem cara, sem nome, sem endereço, e cármica—, que é a Maldição. Enquanto você não se encarar e souber que você é que tem sido assim; e que é você quem tem que lidar com suas próprias pulsões, heranças, escolhas, desejos, paradigmas culturais, e necessidades psicológicas—nada vai mudar! A libertação começa com a Verdade. Leia I João 1: 5 a 2: 3—e você descobrirá que a maior verdade humana é sua própria mentira. Daí a gente, para poder andar na verdade e na luz, ter que começar confessando nossa mentira de ser, nosso auto-engano. Então, para que não pequemos, a gente começa confessando que tem cometido pecado. Do contrário, fazemos a Deus “mentiroso”—que foi o que você inferiu—, e a Palavra de Deus não é permanente em nós. Não fazer isto é atestar que a verdade não está em nós! Estranho: Deus é Luz e nele não há treva nenhuma. Eu sou chamado a andar na luz, mas não posso dizer que não tenho sombra—pecado—, pois, se o fizer, a luz não está em mim. Então, para ser da luz e andar nela—assim como Ele andou—, tenho que assumir que Ele andou na luz-luz por que Ele é Luz e Nele não há treva nenhuma. Mas eu não sou Ele e nem como Ele. E para andar na luz como Ele na Luz está, tenho que começar na primeira confissão da luz em mim, que é a declaração de que “tenho cometido pecado”. Somente assim o sangue de Jesus, o Filho de Deus, me purifica de todo pecado. Ora, desse modo desativa-se o processo da culpa, da neurose, da irresponsabilidade, da transferência, e da pior de todos os pecados em nós, que é dizer: Eu sou uma vítima Sua, ó Deus. Quem mandou me fazer filho do meu pai. “Eu” não sou eu. “Eu” sou “ele”. E a Palavra do Senhor não tem operação em mim porque o Senhor me fez como “ele”. Então, eu não tenho cometido pecados; eu sou apenas herdeiro da maldição de papai”. Dá pena, mas não gera libertação! Assim, meu querido, nosso pior pecado pode ser nossa primeira luz. Negar quem somos, é pecado. Confessar o pecado de quem somos, é luz; e é andar na verdade. Acabe de vez com esse “inventário” e com o “pagamento de um advogado” para resolver essas questões de herança; pois, você tem o Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo. Ele sim, é a propiciação pelos nossos pecados; e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. Portanto, comece a ler com calma tudo o que está escrito aqui neste site. Se você já tivesse lido outras coisas, com certeza já estaria muito mais “pacificado”. Este site—nos seus conteúdos—poderá ser muito útil a você. Centenas de pessoas já me escreveram exatamente se sentindo assim como você está agora. E a maioria delas hoje dá testemunho de como as coisas mudaram quando começaram a se tratar na verdade. Receba meu beijo. E me escreva sempre que precisar. Nele, Caio