TINHA DÚVIDAS, MAS O OBREIRO ME SEDUZIU- confissão do moço

—– Original Message —– From: TINHA DÚVIDAS, MAS O OBREIRO ME SEDUZIU- confissão de um moço To: [email protected]> Sent: Sunday, January 08, 2006 12:27 AM Subject: Seduzido por um obreiro da igreja Início: 19:30h Apesar de tudo, A PAZ pro senhor, Pastor Caio. Me desculpe se for objetivo e direto ou se não souber interligar as coisas, contudo concorda que não se resume uma vida em poucas linhas? Pois bem…andei lendo algumas cartas e na última vi que o Sr. disse que não estava respondendo e/ou publicando cartas que tratam de homossexualismo, porque já discutiu demais sobre o assunto. Mas pelo menos me ouça (na verdade leia), pois não sei mais o que penso, sinto, quero… Na verdade: PENSO, SINTO e QUERO… e este é o maior problema. Minha história é (infelizmente) mais ou menos assim: Fui o filho que teve as primeiras influências do evangelho, visto que minha mãe, quando me teve, havia pouco tempo que se convertera ao cristianismo. Desde pequeno tive mais contato com minha mãe do que com meu pai, em razão de ele passar a maior parte do tempo trabalhando (não sei se isso influenciou). Nesse meio tempo ela me falava de DEUS e seu feitos e terminei indo para igreja. Nunca tive orientação sexual (seja lá qual raio de conselho sobre sexo ou sexualidade fosse…!). Cresci descobrindo tudo sozinho… pelo visto errado. Fui me desenvolvendo e percebendo (involuntariamente) que eu tinha atração por homens. Nunca sofri um abuso, assim como outras pessoas dizem, argumentando que fora tal razão o estopim do estado homossexual delas no presente. Vivi atrelado a esse sentimento por toda minha infância, sem contatos em “maiores proporções”… (DETALHE: agora as 19:50h do dia 07 de janeiro de 2006, fui interrompido nessa escrita por uma ligação “dele”, pedindo pra eu deixar o meu telefone ligado, a fim de me ligar mais tarde, quando voltar da casa da “namorada”; ou seja, de madrugada.) Tenho uma promessa de Deus em relação ao louvor. Canto na igreja desde pequeno (na verdade há quase um ano que não mais canto). Aos 15 anos, por decisão própria, fui querer ter relação com uma mulher mais velha (29 anos na época). Quase não rolou, estava nervoso, apreensivo, com medo de “falhar”… E foi uma coisa tão rápida! Ela quis repetir, mas não aceitei (foi a única mulher que fiz sexo e uma única vez). Tive algumas namoradas, onde uma realmente eu amei. Pensava muito nela, quando estávamos juntos me excitava, enfim… Só não rolou sexo porque “éramos crentes” e os lugares não permitiam. Esse relacionamento terminou e de lá pra cá não namorei ninguém. Daí, certo dia de semana de 2005, num banco, recebo o convite do “homem” do caixa, de 29 anos, para cantar em sua igreja; e logo pede meu número telefônico. Enquanto eu escrevia no papel meu corpo e mãos tremiam, as mãos suavam… e não sabia o porquê…, era como se meu corpo estivesse renegando algo, avisando algo, não sei… Não era atração por ele, pois esse homem há alguns anos desejou ter um relacionamento com minha irmã e nunca senti nada por ele. No fim de semana conseguinte ele me liga e conversamos normalmente. Ele puxava assuntos comigo… Na verdade os assuntos fluíam. Daí por diante, além dos finais de semana, ele passou a ligar no meio da semana do seu trabalho. Ao passo que pensei: “Caraca! Ele liga muito pra mim!” Foi então que passou pela minha mente alguma coisa. Mas logo me ignorei, porque “ele era crente”. Eu que andava pensando essas besteiras… Ele estava sendo um amigão que nunca tive e não deveria achar isso. Cheguei a chorar, pedindo desculpas a Deus por estar pecando. Como não sei dizer geralmente um NÃO, passávamos horas e horas no telefone. Chegamos a contar nossas histórias, incluindo as amorosas… e concluímos que ÉRAMOS PARECIDOS, estávamos esperando A PROMETIDA. Conseqüentemente, conversas no MSN também foram ficando freqüentes. Num belo bate-papo via internet, um assunto deu oportunidade a ele dizer que teve uma namorada que fazia sexo oral com ele. Até então tudo bem. Mas no desenrolar do bate-papo ele começou a trocar os pronomes ELA por ELE. E (falo a verdade) ainda não estava me tocando. Peço que acredite em mim. Apesar de ter 19 anos na época, não sabia no que aquilo iria dar, pois estava envolto num ambiente desconhecido. Nunca tive sequer um dos meus dois irmãos homens que conversassem comigo sobre sexo ou conversar comigo seja lá do que for em tempo integral. Daí, continuei ignorando “meus pensamentos”, chegando a levar na “esportiva” certas “brincadeirinhas” que ele tirava. Foi quando, em outro dia, ele me falou por telefone que estava excitado. Fiquei mudo. E começou a falar como estava. E terminei ficando excitado e respondendo que estava também. E no fim desse papo rolou uma masturbação seguida de muito choro da minha parte. Ele se preocupou e tentou me consolar. No fim, tudo aparentou estar resolvido. Ele pediu desculpas, oramos e fomos dormir. Os telefonemas não pararam. Tempos depois, ele me chamou para sair. Na verdade numa hora estranha 00:00. Não aceitei. Outros casos como esses aconteceram. Ao ponto dele dizer que queria vir em minha casa em tal horário. Outra vez me convidou para uma conversa a sós na casa de sua irmã. Fui. E lá começou a se insinuar pra mim. Outras vezes se seguiram. Numa dessas vezes fui certo pra dar um basta naquilo, dizendo que não podíamos ficar juntos, que seria melhor não nos falarmos, mas ele insistiu e terminou rolando o que não deveria. […] Ele me conquistou primeiramente pela amizade e depois pela carência que eu tinha. Aí pronto! Depois que rolou…, ele resolveu namorar uma menina e veio me dizer pra eu não ficar chateado pelo fato de começar um namoro. Não disse nada. Pelo contrário, disse que seria melhor. Quando resolvi fazer o mesmo, ele me disse que estava com ciúmes… Mas logo meu namoro (de três dias) acabou. Ele me confessou que não sente mais atração por mulheres (ele também teve poucas namoradas e sexo com algumas). Disse também ter tido relações durante sua infância com outros garotos e antes de mim com outro cara da igreja. “Só!” – garante. Vez ou outra ele se vê preocupado com sua situação. Já saímos muitas vezes, mesmo ele estando namorando. Ele não gosta dela, se gosta, gosta de outra maneira. Ele já disse que gosta de mim. “Eu queria envelhecer contigo”- disse-me uma vez. Vez ou outra ele tem um surto e diz que não podemos estar assim, da mesma forma eu digo… Mas… no mais… sedemos. Pode estar sendo ridículo isso tudo que escrevi e que vou escrever agora: REALMENTE EU HOJE O AMO. Como poderia ter acontecido uma coisa dessas na minha vida!? Um auxiliar do ministério da igreja me seduzir!? Minha concepção de igreja foi de água abaixo. Não consigo ouvir ele falar de Deus. Me dá agonia… Ele está na igreja, namorando, ceiando… enquanto eu estou sozinho, sem meus antigos preceitos. Não ceio mais, não canto mais, quase não oro mais… Não admito que ele esteja melhor do que eu…, porque me sinto usado e descartado. Pastor, é por aqui que me encontro. Sei que estou errado, mas o pior é que estou envolvido… …o Sr. já leu. Se houver alguma coisa diga-me. Só tenho medo de que o Sr. diga alguma coisa que já ouvi, coisas que não me façam mudar de concepção. Estou sem rumo. Pela razão queria muito mudar. Pela emoção… só a graça! DEUS TEM MISERICÓRDIA DE MIM!!!!! Se não tiver nada a dizer, pastor, pelo menos ore por mim. Socorro em nome de Jesus! Fim: 23:12h ________________________________________________________ Resposta: Meu querido amigo e irmão: Graça, Luz, Paz e Poder sejam sobre a sua vida! Li e reli a sua carta. Orei. Pedi discernimento a Deus e Pai das Luzes. Agora sinto desejo de lhe escrever. Inicialmente gostaria de dizer que acredito que você não seja gay-gay-mesmo. Você é apenas um menino com auto-estima baixa, e que na infância brincou passivamente de sexo, ficando com uma referencia de natureza erótica fixada em sua alma de modo distorcido. E como você foi criado longe das malandragens dos meninos ativos, passando a maior parte do tempo nos corais e na musica da igreja, e, com isto, convivendo num ambiente onde sexo é tabu, e ainda tendo uma ‘iniciação sexual’ que foi um verdadeiro ‘atraso de vida’ —, sua identidade sexual foi ficando, ante os seus próprios olhos, cada vez mais em xeque. De fato, por mais herético que isto soe aos santos e imaculados ouvidos de alguns, sua melhor chance de caída na normalidade da vida teria acontecido caso você tivesse transado com a menina que você amou. Nesse caso, seria uma queda para cima, para a cura, por mais paradoxal que pareça a alguns! Mas como não aconteceu com ela, a referencia de sexo com mulher que lhe ficou fixada foi a da mulher de 29 anos, na qual você já foi grilado e com pavor de falhar. Ora, tal referencia é, em você, do ponto de vista psicológico, inferior às suas experiências infantis com os meninos, nas quais você ficava excitado em razão do proibido, bem como porque não tinha medo de falhar, posto que você devia ser do tipo ‘passivo’ na relação com os meninos mais ‘levados’ que você. No entanto, o fato de você me dizer que amou, desejou e quis transar ardentemente com a sua ex-namorada, me faz crer que você não é gay-gay, posto que um homem realmente gay não fica tomado por tais paixões e desejos; sendo, para ele, tal ocorrência, algo tão impossível quanto eu me sentir excitado sexualmente por um homem; ou seja: algo impossível. Assim, o que vejo é o seguinte: 1. Um rapaz que teve experiências de natureza homossexual na infância, e que teve sua iniciação sexual com o sexo oposto de modo inferior ao padrão já internalizado desde a infância, o qual era, como já vimos, de natureza homossexual. No entanto, você não nasceu assim. Você foi ficando assim. Ou seja: você foi sendo fabricado pela existência, e pela falta de orientação e intimidade com alguém que lhe amasse com intimidade sexualmente orientadora e corajosa, você acabou por se tornar intimo do cara que só queria ter você como amante. 2. É obvio que ele ‘visava’ você há muito mais tempo. Até porque, sinceramente, ele me parece do tipo que lida com isso de modo muito mais tranqüilo que você, e, para ele, que deve ser muito mais experiente que você imagina, será um perfeito cenário ter você de amante, enquanto ele faz a fachada santa dele ao entrar com alguém de véu e grinalda na “igreja”. 3. Sua atual paixão por ele também é outra fixação em curso. Afinal, você, que é um garoto de coração bom, não pode ser dar a alguém sem amor. Desse modo, você ‘santifica’ a relação, psicologicamente, para você mesmo, dizendo que HOJE O AMA. 4. Creio de todo o coração que esse cara é nocivo para a sua existência. Sem tirar as responsabilidades que são suas, as dele, são maiores nesse caso; e isto em razão das iniciativas, insistências, ousadias, convencimentos, cuidados, e, sobretudo, pelos suspiros de ‘ah! quem me dera envelhecer com você!’. Assim, ele aprisiona você numa caixinha, na qual você ficará empacotado, enquanto ele preenche a vida dele com o que interessa, sabendo que você, o ‘outro’, o espera de madrugada, quando acaba a hora dele ser machinho, conforme a conveniência. De fato, no que diz respeito a ele, creio que ele escolheu, entre os caminhos gays, o pior de todos: esse de casar e manter uma mulher presa à fachada de uma conjugalidade vitimada pela mais perversa forma de traição: a do marido com um outro homem! Ora, isto sem falar na irresponsabilidade de gerar filhos sob tal mortalha conjugal! 5. Se você quer ajuda, então fique sabendo que ainda há esperança para você cair fora dessa malha. E, com isto, não estou lhe dando garantias de reversão sexual, embora, no seu caso, que é alguém que um dia já amou e desejou uma mulher, eu creio que tal reversão ainda seja possível; e isto apenas se você quiser muito e mesmo; e, além disso, se parar de ter qualquer coisa com esse cara ou com qualquer outro; dando a si mesmo a chance de namorar de verdade uma menina, tendo ainda a oportunidade de saber que ‘o seu melhor’ até agora ainda é doença da infância; posto que eu sei que se você amar uma mulher outra vez, e com ela conhecer o sexo em sua plenitude, devagar tudo isto irá desaparecer de você. Minha recomendação é dura, porém cheia de carinho. E saiba: eu não a faria, como na maioria dos casos não faço, se sentisse que você era gay-gay mesmo. Mas como não sinto assim, aconselho a você tudo o que lhe disse acima, e, também, que entre num processo terapêutico, buscando abrir sua sexualidade, discernindo seus traumas, e abraçando as suas sombras ante a luz da Graça de Deus. Portanto, recomendo-lhe a busca de um terapeuta sério e responsável, de preferência não religioso, e, se desejar, pode mostrar a ele a carta que lhe escrevi. Também lhe recomendo a leitura exaustiva desse site, sempre buscando discernir o significado da Graça de Deus para a sua vida; pois, creia, é somente descansando na Graça que você encontrará a si mesmo, não importando o que você encontre. Não entre nessa de ser amante do “obreiro”. Quando eu era menino, quando as pessoas iam ao banheiro fazer o famoso número 2, diziam que iam “obrar”. Pois é! Fuja do “obreiro”, pois será “obra” na certa! Receba meu carinho e, com certeza, minha oração! Nele, em Quem ninguém tem que ser quem não é, e, muito menos, viciado em ser quem não precisa ser, Caio