Um Legado de Co-lega Para Co-lega!

Nomes e todas as formas de identificação, são retirados por mim em cada Resposta que aqui eu cole. Exceto aqueles e-mails nos quais as pessoas já me enviam dando-me tal permissão ou ensejando essa liberdade. —–Original Message—– From: Daniel Sent: domingo, 6 de julho de 2003 To: [email protected] Subject: Minha alma pastoral quebrou… Mensagem: Pastor Caio, Fui fundador de uma denominação na cidade…e em pouco tempo eu já contava com quatro mil almas…50 pastores e uns 300 obreiros. Assim, no curso dos anos perdi a alegria e o prazer com a vida, me tornando uma maquina do evangelho. Planejei minha destruição e deixei tudo…indo morar noutro lugar. O sistema me matou… Infelizmente ele foi criado por mim mesmo… A ajuda que peço, é porque meu senso crítico é tão aguçado, ou sou tão cheio de justiça própria, que não consigo receber a Graça de Deus e sair deste funil espiritual. Talvez possa me ajudar a compreender e aceitar a Graça de Deus… Grato Daniel ************************** Meu querido Daniel: Sinto muito que você tenha esperado tanto pela minha resposta. Perdoe-me, de coração! Sei do que você está falando. De 1973 a 1991 servi a Deus com prazer e alegria. Só me ocupava da Palavra. Em 1991 duas coisas me aconteceram, e para minha constituição humana e espiritual, me fizeram muito mal: 1. Aceitei, contra todos os meus desejos durante toda a vida, ser eleito para uma função de natureza político-religiosa. Na própria posse eu declarei que não havia nascido para aquilo. Disse: “Eu sou Biribá, não nasci para ser Fruta do Conde”. Dois anos depois, percebi que aquele não era um serviço pastoral, mas uma atividade de gari, limpando esterco de pastor. Pelo menos, à época, era de esterco que aquela posição me ocupava o tempo todo. Devagar…o bicho mal cheiroso foi penetrando em meu ser, e fui perdendo a alegria de servir. Fui tentando sair daquilo pelas beiradas, mas até nas beiradas havia “aquilo”. Tive minha primeira depressão. Olhava para trás e sabia que aquele caminho negava tudo aquilo pelo que eu havia vivido. Fui morrendo enquanto meu sucesso “naquilo” era celebrado. 2. Com a aceitação da função político-religiosa, vieram outras implicações. Eu tinha que ter dinheiro para manter aquilo e tudo mais. De súbito, um abismo chama outro abismo, e um ministério chama outro ministério—no fim você não sabe por que Mistério você está naquele Ministério. Vai perdendo o sentido. Em 1994 meu coração não suportava mais…Me perguntava todos os dias, em meio a inigualável sucesso, honra, respeito, e quase canonicidade, o que eu estava fazendo ali. Fui me deprimindo, mas não podia deixar de manter o circo funcionando. Agora eu corria atrás do próprio rabo, e as reuniões de trabalho e os negócios do ministério, me roubavam todo o tempo que antes era da Palavra. Fui secando por dentro. A alma era sensível, daí, sempre haver conteúdo. O espírito tinha comunhão com Deus, daí, sempre haver bom-senso em tudo o que dizia. A mente pensava rápido, daí poder fazer tantas coisas ao mesmo tempo. E a base da fundação espíritual de meu ser havia sido, pela Graça de Deus, espiritualmente rica e humana no exercício de minhas relações. Então, eu fazia “saques” do meu próprio passado para poder viver o presente. Mas o coração estava apenas excitado, mas não estava contente. O resto foi apenas o acumulo e necessidade…e ladeira abaixo, todos os crentes ajudam! Pelo que percebi, você está vivendo a estação das culpas. Caiu a ficha das perdas e você não se perdoa. Então, para muitos o que sobra como melhor cenário é tentar fazer como Pedro no Mar de Tiberíades: tentar puxar a rede cheia de 153 grandes peixes, sozinho. Surge também nessa hora o remorso de Judas, a depressão de Elias, o mau-humor mortal de Jonas, o pranto de Davi: Absalão, Absalão, meu filho Absalão!—tentando carregar até os pecados dos filhos! Também conheço essas aflições. Sem falar na raiva de Sansão, no cumprimento de votos éticos só explicados por você à você mesmo, como aconteceu com Jefté, quando imolou a filha. Sim! sei o que é sofrer com Elcana. E conheço da dor de Davi quando “realizou” a injustiça feita contra Urias. Conheço o ódio de Jezabel e senti a tristeza de Hagar. Fui visitado pelo Anjo quando morria de medo na cova dos Leões. Conheci as pedradas de Simei, e assisti meus conselheiros se voltarem contra mim, como na sublevação de Jerusalém pelos conselheiros de Davi. Conheci os saltos de um coração que palpita ante a consciência da decisão politica de mandar fazer um censo. E tive que escolher entre cair nas mãos de Deus ou na mão dos homens. Enquanto isto a vida é um salmo de agonia. E sua consciência profetiza o tempo todo contra você mesmo. A alma recusa consolar-se. A Graça parece ser apenas para os outros. A nossa “graça” não nos perdoa. E, os “colegas”, muitas vezes, lhe desejam mais desgraça ainda… Desgraça pouca para um cara como eu, era bobagem… Depois vieram os profetas de cachorro morto, dizendo: Eu sempre soube…que algo iria acontecer! Mas se eram profetas, por que aos invés de me adularem–como alguns faziam–, ou de me perseguirem–como era o caso de outros tantos–…não vieram “proféticamente” me falar o que disseram depois, terem sabido antes? E mais depressão… E o pior: aparece sempre o pior de nós e de nossas carências nesta hora. Um abismo sempre chama outro abismo para as aventuras do buraco! Numa hora dessas o que de pior pode nos acontecer é a visita dos Amigos de Jô. Eles oprimem mais que o Diabo. Então começam a vasculhar a alma da gente… E até aquelas coisas que um dia foram as suas virtudes, passam agora a ser parte de uma antiga dissimulação sua…e que você havia escondido muito bem—é o que os abutres imaginam. Aí, meu amigo, você tem que decidir se é Judas ou se é Pedro! Se, tocado de remorso, se mata… Ou se arrependido, vai ao encontro de Jesus, mesmo que seja na praia… Eu fui, literalmente, para a praia. Foi quando na Florida, numa noite das mais escuras, tirei a roupa…e fui nu para o mar. Somente um, talvez dois amigos…ficaram comigo. Fiquei três anos na praia. Queimado. Ardido. Belamente magro e dolorido. Mas fui para a praia com Jesus! E sabe o que descobri? Que meu pecado já estava perdoado desde antes da fundação do mundo! E que o Pacifico era raso se comparado ao lugar para onde ele foi banido para sempre! Ora, eu sempre soube disso. Mas nunca tinha tido que transformar teologia em psicologia da Graça aplicada a mim mesmo. Então, descansei… Arrependimento? Muitos! Mas quase todos não do que me acusaram de ter feito, mas daquilo que eu permiti que fosse feito de mim—e, muitas vezes, até consenti. Sabe o que penso? Se você tirar um tempo para navegar pelas águas deste site, seu coração encontrará muitos Bons Portos. E mesmo que você esteja ainda nas tempestade…jogue tudo fora…que se perca o navio…mas que não se perca a sua vida. Que adianta ao homem ter uma grande igreja e perder a sua alma? Que adianta ao homem evangelizar o mundo todo e terminar seus dias sem alma? Que adianta ter todo esse Poder que mata a alma? De minha parte, dou graças a Deus por tudo o que lhe aconteceu—mesmo sem saber o quê aconteceu ou como—,pois, não tenho dúvida de que você está à caminho de se tornar muito melhor. Se perguntassem hoje a mim e a meus filhos—e até àqueles que sofreram as conseqüências próximas de meu desastres—, se eles gostariam que tivesse sido diferente, a resposta, eu sei, seria uma só: de modo nenhum! Gostaram? É claro que não. Mas aprenderam que o Bem de Hoje não existiria sem o Dia Mal de Ontem. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente! E, nas mãos Dele, de fato, tudo coopera para o bem. Especialmente se a gente Confiar. Agora, meu amado: CHEGA DE SOFRER COM JUSTIÇA PRÓPRIA! ESTÁ CONSUMADO! O ESCRITO DE DÍVIDAS FOI PAGO! FIQUE LIVRE DESSE MAL! Seu irmão de Estrada e de Praia, Caio