Era novembro de 1998.
O ano mais tenebroso de minha existência, o dia mais escuro de minha vida, a noite mais desesperada de minha alma.
Lukas e eu chegávamos em Miami.
Não havia dormido um segundo, revolvendo-me nas agonias de uma morte que eu não sabia que poderia quase matar e também não deixar vivo.
Puro estado de desespero.
Pegamos as malas.
Para mim, era como se fosse a última vez para todas as coisas—sobretudo, cada coisa!
Sempre passava batido pela Imigração e pela Alfândega.
Naquele dia a Alfândega me chamou para que abrisse as malas.
Fui angustiadamente chateado com o fato de que aquilo estivesse acontecendo—se eles ao menos soubessem que eu era um zumbi, ali, naquele dia e naquela hora!
—Não precisa abrir!
Não olhei para ela.
Senti o cheiro.
O aroma da pela de minha avó Zezé.
As mãos…Identicas.
Atitude…Igual.
Assinei onde seus dedos indicavam.
Era uma questão de confiança.
—Você é um guerreiro. Não desista nunca.
Olhei para ela. Meu desespero deu lugar à outra coisa…
—Quem a senhora pensa que eu sou e por que me diz isso?
—Trabalhei a vida toda para o FBI e sou especialista em identificação de personalidade pela configuração das letras, pelo desenho, pela assinatura. É por isto que eu sei. Mas você está caindo. Levante. Seja forte!
Fui andando achando que havia encontrado um anjo.
Nunca tive duvida disso.
Nele,
Caio