UMA VIAGEM FILOSÓFICA – Einstein, Kant, Huxley, Rohden, Spinoza, Caio e Juliano

 

 

 

 

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From: UMA VIAGEM FILOSÓFICAEinstein, Kant, Huxley, Rohden, Spinoza, Caio e Juliano  

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Sent: Thursday, August 02, 2007 12:52 PM

Subject: Filósofos…..Essência de Deus!

 

Graça e Paz Pastor Caio!

 

Postei no meu blog, um texto onde escrevi alguns comentários dos filósofos, e também sua refutação quanto provar a existência de Deus – Deus não existe, Ele é!

Gostaria antes de mais nada pedir sua liberação para colocar trechos de seus textos em meu blog.

Segue o texto que escrevi:

 

A visão dos Filósofos sobre Deus – E a “existência” de Deus

Uma viagem filosófica

Einstein, Kant, Huxley, Rohden, Spinoza, Caio e Juliano.

 

 

 


Quando, olhamos para toda a Criação, e para os Cosmos criados – ou creados, como diz o filósofo Huberto Rohden – tentamos entender seu funcionamento, ou ainda, imagina-se quem criou tudo isso! Nós, que cremos na Bíblia, como revelação de Deus, acreditamos realmente que tudo foi criação de Deus. Mas secularmente falando, os filósofos, os meta-físicos, os físicos e outros, ainda tentam encontrar a Causa inicial  para os efeitos que vemos hoje em toda a criação. Buscam nas facticidades as respostas para encontrar a Realidade.

 

Olhando tudo isso, e estudando muitos dos conteúdos destes homens, vou tentar em poucas palavras colocar o que alguns pensam a respeito de Deus e a comunicação com Ele, e juntamente concluir com o nosso pensamento, e de outros também.

 

*Nota: Antes de mais nada precisamos notar que a substituição da palavra tradicional latina crear pelo neologismo moderno criar é aceitável em nível de cultura primária, porque favorece a alfabetização e dispensa esforço mental – mas não é aceitável em nível de cultura superior, porque deturpa o pensamento.

 

Crear é manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência. O Poder Infinito (Deus) é o creador do Universo – um fazendeiro é um criador de gado.

 

Sendo assim, eles dizem que o homem pode ter um encontro com Deus, a partir de que se concentre, e entre em absoluto silêncio. Eles crêem que, segundo Spinoza, Deus é a Alma do Universo. Huberto Rohden diz que Deus é o Eu – Cósmico. Albert Einstein sob influência de Spinoza diz que Deus é a Suprema Realidade, a Verdade Absoluta, onde acredita que a matemática, quando totalmente abstrata, é o contato direto e imediato com a alma da Realidade Universal, para além de todas as Facticidades concretas.

 

Para entendermos estes termos, precisamos entender a palavra Universo. O Cosmos ou Mundos (todo universo creado) é um sistema bipolar, composto do Uno da causa e do Verso dos efeitos. O Uno pode ser chamado Fonte (Deus), e o Verso (creação) são os canais. A própria palavra Verso quer dizer “derramado”, sendo o particípio passado do verbo latino “vertere”, que significa efundir, derramar. Assim, a própria filologia do termo nos dá o sentido exato da sua significação. A única fone do Uno se efunde pelos canais múltiplos do Verso. O Uno é o mundo da Causa Infinita, o Verso é o mundo dos efeitos finitos.

 

Dizem que os fatos Verso não favoreciam o valor Uno; o caminho do Uno para o Verso era da razão intuitiva, mas o caminho do Verso para o Uno seria de inteligência analítica – e este caminho é inviável.

 

O homem meramente intelectual tem apenas o que poderíamos chamar de “ex-tuição”, ao passo que o homem racional tem “in-tuição”, a visão de dentro, que parece ser uma invasão de fora. Para que a intuição possa funcionar, a ex-tuição tem que ser reduzida ao mínimo, mesmo a zero. Onde tendo feito isso possa ter um encontro, ou uma inundação do Uno ao Verso.

 

Outros ainda dizem sobre o paradoxo do ego-pensante e do cosmo-pensado. No primeiro caso, confia o homem exclusivamente no poder do seu próprio pensamento, da sua egoidade humana, da sua atividade cerebral. É natural que este resultado, da ego-pensação não possa ser grande, que deva ser como um átomo em comparação com o Universo. Dizem que há pouquíssimos homens cosmo-pensado. Dizem que não são eles que com seu ego pessoal pensam, mas são pensados pelo poder do cosmos, pela Alma do Universo, suposto que eles permitam essa cosmo-pensação.

 

Este processo consiste em uma espécie de alargamento dos canais humanos para que as águas vivas da Fonte Cósmica possam fluir livremente por eles.

 

Neste caso é o Uno do Universo, a Alma invisível do Todo Poderoso que entre em ação, ao passo que os canais do Verso funcionem apenas como simples recipientes, veículos e transmissores. Quando o homem deixa de ser ego-pensante e passa a ser cosmo-pensado (também cosmo-vivido e cosmo-agido), sabe dos mistérios do cosmos mais do que através de 50 anos de ego-pensação.

 

Neste sentido, Einstein se coloque nesta categoria – de cosmo-pensado – devido dizer que as suas teorias foram todas uma revelação através de muitos minutos de intuição. Ele diz: “ Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar – e eis que a verdade me é revelada”.

 

Seria como estas 99 vezes ele se colocando como ego-pensante. Quando ele deixa de pensar, e se esvazia desta ego-pensação, ele mergulha em um momento de imenso silêncio, e sobre intuição – cosmo-pensado – vem à revelação de suas teorias.

 

O homem comum pensa que quanto mais ele aguçar seu esforço mental, tanto mais se aproxima da verdade. Ignora totalmente a distância entre o ego-pensante e o cosmo-pensado.

 

No cristianismo – dizem eles – esse fenômeno se chama revelação, inspiração ou outro nome que tenha, mas fundamentalmente trata-se do mesmo fenômeno: é a invasão da Alma do Universo dentro da consciência humana.

 

Neste sentido, dizem que a profunda vertical da experiência mística transborda sempre na vasta horizontalidade da vivência ética.

 

A consciência da paternidade única de Deus produz a ética da fraternidade universal dos homens.

 

Dizem ainda sobre a Infinitude da Realidade, do Ser Maior, da Luz Integral (Deus), e a finitude do homem. O chamado tempo e espaço que são reais somente para o homem. Neste ponto de vista cita-se Immanuel Kant, onde diz que o tempo e o espaço são categorias subjetivas dos nossos sentidos, e não realidades objetivas do mundo externo, ou seja, duração-dimensão, vive na permanente ilusão de que esta dupla sucessividade faça parte do mundo objetivo. Já observava Kant que nada é sucessivo em si, mas tudo é sucessivo em mim; a pseudo-sucessividade está nos meus sentimentos, não na realidade; esta é totalmente simultânea independente de tempo(sucessividade duracional), e de espaço (sucessividade dimensional). A simultaneidade induracional se chama “Eterno” (ausência de tempo), e a simultaneidade indimensional se chama “Infinito” (ausência de espaço).

 

Porque é que o homem é uma permanente vítima da ilusão de tempo e espaço?

A fim de existir como indivíduo!

 

Os nossos sentidos, diz Aldous Huxley, são válvulas de redução e de retenção, graças às quais o homem existe como indivíduo (ex-sistir = ser colocado para fora). Se o homem sofresse o impacto total da Realidade, da Luz integral do Ser, seria aniquilado. O homem existe graças a suas limitações. Tempo e espaço são como luzes suavemente dosadas para que o indivíduo possa suportá-las indene.

 

Assim sendo, o homem existe, por estar restrito ao tempo e ao espaço do aquém. Porém Deus – a Alma do Universo – “é” por estar além, no Infinito e Eterno.

 

Voltando ao sentido da relação do homem com o Uno (Deus), um filósofo diz que para conseguir ter este contato é necessário mergulhar em um profundo silencio. Um dos maiores tesouros que o Cristianismo oficial perdeu nestes últimos séculos, foi, sem dúvida, o tesouro do silêncio dinâmico. E talvez seja esta uma das principais razões da sua ineficiência na sociedade humana, afirma ele.

 

Meditar não é pensar. Meditar é esvaziar-se totalmente de qualquer conteúdo do ego e colocar-se, plenamente consciente, como canal vazio, diante da plenitude da Fonte, ou em linguagem da Sagrada Escritura: “Sê quieto – e saberá que Eu sou Deus”. Ou ainda:  “Deus resiste aos soberbos (ego-plenos) e da sua graça aos humildes (ego-vácuos)”. Segundo a eterna matemática cósmica, a cosmo-plenitude plenifica somente a ego-vacuidade, mas não plenifica a ego-plenitude.

 

O silêncio-presença e o silêncio-plenitude são uma ausência e uma vacuidade do ego humano que tem intenso desejo da Teo-presença e da Teo-plenitude.

 

O Uno do Universo é absoluto e eterno silêncio, e tanto mais favorável é a invasão do Uno no Verso quanto mais silencioso for este. Convém lembrar que esse silêncio não é ausência e vacuidade, mas é presença e plenitude. O mais intenso silêncio do Uno é a mais absoluta presença e a mais total plenitude.

 

Neste sentido, de se provar a existência de Deus e Sua relação com as creaturas, como muitos teólogos fazem, eu tenho que discordar com eles. Vemos os filósofos crendo de uma forma muito mais intrínseca em Deus, do que muitas vezes, os cristãos. Devido à ignorância de uns, e o ego de outros em procurar provar com seu intelecto a existência de Deus.

 

Como diz o pastor Caio Fábio, Deus não existe. Ele é Ele mesmo pra além de toda essência e existência. Portanto, argüir acerca da existência de Deus é o mesmo que negá-Lo.

Deus não existe. Ele é. Eu existo. Pois existir não é algo que seja pertinente ao que É. Existir é o que se deriva do que sendo, É de si e por si mesmo.

Deus não existe. O que existe tem começo. Deus nunca começou. Deus nunca surgiu. Nunca houve algo dentro do que Deus tenha aparecido.

Deus não existe. Se Deus existisse, Ele não seria Deus, mas apenas um ser na existência.

Se Deus existisse, Ele teria que ter aparecido dentro de algo, de alguma coisa, e, portanto, essa coisa dentro da qual Deus teria surgido, seria a Coisa-Deus de deus.

Existem apenas as coisas que antes não existiam. Existir surge da não existência. Deus, porém, nunca existiu, pois Ele é.

Sim, dizer que Deus existe no sentido de que Ele é alguém a ser afirmado como existente, é a própria negação de Deus. Pois, se alguém diz que Deus existe, por tal afirmação, afirma Deus, e, por tal razão, o nega; posto que Deus não tem que ser afirmado, mas apenas crido.

Deus É, e, portanto, não existe. Existe o Cosmos. Existem as galáxias. Existem todos os entes energéticos. Existem anjos. Existem animais e toda sorte de vida e animal vivente. Existem vegetais, peixes, e organismos de toda sorte. Existem as partículas atômicas e as subatômicas. Existe o homem. Etc. Mas Deus não existe. Posto que se Deus existisse dentro da Existência, Ele seria parte dela, e não o Seu Criador.

Um Criador que existisse em Algo, seria apenas um engenheiro Universal e um mestre de obras cósmico. Nada, além disso. Com muito poder. Porém, nada além de um Zeus Maior.

Assim, quando se diz que Deus está morto, não se diz blasfêmia quando se o diz com a consciência acima expressa por mim; pois, nesse caso, quem morreu não foi Deus, mas o “Deus existente” criado pelos homens. Tal Deus morreu como conceito. Entretanto, tal Deus nunca morreu De Fato, pois, como fato, nunca existiu — exceto na mente de seus criadores.

Assim, o exercício teológico, seja ele qual for, quando tenta estudar Deus e explicar Deus, tratando-o como existente, o nega; posto que diz que Deus existe, fazendo Dele um algo, um ente, uma criatura de nada e nem ninguém, mas que também veio a existir dentro de Algo que pré-existia a Ele, e, portanto, trata-se de Algo – Deus sobre o tal Deus que existe.

A Escritura não oferece argumentos acerca da existência de Deus. Jesus tampouco tentou qualquer coisa do gênero. Tanto Jesus quanto a Escritura apenas afirmam a fé em Deus, e tal afirmação é do homem e para o homem — não para Deus —; pois se fosse para Deus, o homem seria o Deus de Deus, posto a existência de Deus dependeria da afirmação e do reconhecimento humano. Tal Deus nem é e nem existe; exceto na mente de seus criadores.

Deus não existe. O que existe pertence ao mundo das coisas que existem OU não existem. Deus, porém, não pertence a nada, e, em relação a Ele, nada é relação.

Defender a existência de Deus é ridículo. Sim, tal defesa apenas põe Deus entre os objetos de estudo. Por isto, dizer: “Deus existe e eu provo” — é não só estupidez e burrice; mas é, sem que se o queira, parte da profissão de fé que nega Deus; pois se tal Deus existe, e alguém prova isto, aquele que apresenta a prova, faz a si mesmo alguém de quem Deus depende pra existir… e ou ser.

O que “existe”, pertence à categoria das que coisas que são porque estão. Deus, porém, não está; posto que Ele É.

Ser e estar não são a mesma coisa, como o são na língua inglesa. O que existe pertence ao que é apenas porque está. Deus, entretanto, não está porque Ele É.

“E quem direi que me enviou?” — perguntou Moisés. “Dize-lhes:  O Eu sou me enviou a vós outros!” — disse Ele.

Desse modo, Deus não diz “Eu Estou”, mas sim “Eu Sou”. Ora, um Deus que está, não é, mas passou a ser. Porém o Deus que É, mas não está; não pertence ao mundo das coisas verificáveis; posto que Aquele que É, não está; pois se estivesse, seria —, mas não Seria Aquele de Quem procedem todas as existências, sendo Ele apenas um ele, e não Ele; e, por tal razão, fazendo parte das coisas que existem — mas sem poder dizer Eu Sou!

Jesus também falou da sutileza do ser em relação ao estar. Quando indagado acerca da ressurreição pelos saduceus (que não criam em nada que não fosse tangível), Ele respondeu: “Não lestes o que está escrito? Eu sou o Deus de Abraão, eu sou o Deus de Isaque, eu sou o Deus de Jacó. Portanto, Ele é Deus de vivos, e não de mortos; pois para Ele todos vivem”. Assim, os que vivem para sempre são os que são em Deus, e não os que estão existindo. A vida eterna não é existir pra sempre, mas ser em Deus.

Assim, para viver eternamente eu tenho que entrar na dissolvência da existência, a fim de poder mergulhar naquilo que está pra além do que existe; posto que É.

A morte pertence à existência. A vida, porém, se vincula ao que não existe, pois, de fato É.

O que existe carrega vida, mas não é vida. A vida, paradoxalmente, não pertence ao que é existente, mas sim ao que É.

Quando falo de vida, refiro-me não às cadeias de natureza biológica que constituem a vida dentro da existência. Mas, ao contrario, ao falar em vida, refiro-me ao que é para além da existência constatável.


Enfim, qualquer deus materialmente ou mentalmente fabricado é pseudo-deus, um ídolo. O Deus verdadeiro não é objeto dos sentidos ou da mente. Ele é a infinita e única Realidade que se revela por intuição espiritual. E por isso mesmo, o Deus verdadeiro não é pensado nem pensável, não pode ser dito por ser invisível. Tudo que é pensável ou dizível é uma facticidade ilusória, mas não é a realidade verdadeira.

 

O homem verdadeiramente religioso é, pois, um homem espiritual no sentido de não por em dúvida a importância e sublimidade dessa realidade supra-personal e seu escopo – importância essa que não é suscetível nem carece de demonstração científica. Essa Realidade existe para ele com a mesma necessidade e evidência com que ele mesmo existe.

 

Dessa forma poderíamos concordar com Einstein: “Deus é a Lei e o Legislador do Universo”. “Diante de Deus todos somos igualmente sábios e igualmente tolos”.

 

Na Graça Daquele, que É pra além da existência da nossa percepção!

 

Juliano Marcel

(com a colaboração de Albert Einstein, Immanuel Kant, Aldous Huxley, Huberto Rohden, Spinoza e Caio Fábio – conforme seqüência em foto)

 

02/08/07

Bragança Paulista

 

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Sobre as afirmações acima, sem comentar sobre o seu texto, que o senhor já deve ter reconhecido, o que o senhor pensa sobre esta forma de ver Deus, como a Alma do Universo, e sobre o ego-pensante e o cosmo-pensado?

 

Abraços pastor Caio!!!!

 

Receba meu carinho!!!

 

Beijos…….

Juliano Marcel

Só os otimistas conseguem extrair força do fracasso, para triunfarem da próxima vez“.

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Resposta:

 

 

Meu querido mano: Graça, Paz e Revelação!

 

 

Deus é espírito, não alma. A alma depende do espírito. A alma depende do corpo. A alma é vivente (existente), mas o espírito é que é vivificante.

 

Assim, o Deus Alma do Universo é um ente do Universo — sendo “seu” entusiasmo, “sua” emoção, “sua” moção, “sua” pulsão, “sua”…, sempre “sua” em relação a “seu” pertencimento ao Universo.

 

A distinção que Paulo faz entre “alma vivente”, de um lado (relacionada ao criado, no caso, a Adão); e, de outro lado, a “espírito vivificante” (relacionado a Jesus, o Creador) — estabelece com clareza que alma decorre do espírito; sendo neste caso a designação de Deus como Alma do Universo no mínimo pobre.

 

Deus é espírito.

 

É espírito em diferença absoluta do que no ser humano o espírito é — posto que o espírito humano é-sendo; e Deus É para além do ser-sendo; pois tudo o que é-sendo é criado.

 

O Deus Alma do Universo decorre de uma noção basicamente Hindu da existência. Afinal, na perspectiva hindu clássica Deus apenas se pode ser a Alma do Universo — uma espécie de Mahatma Gandhi Impessoal-Cósmico; ou seja: o Grande Emulador não-pessoa da Existência — pois, numa visão panteísta da Existência (deus é tudo e tudo é deus), o melhor que se pode intuir sobre Deus é que ele seria a alma permeante de tudo o que existe, sendo assim também existente em tudo o que existe. Portanto, sendo... — e nunca apenas e sobretudo o Eu Sou.

 

Sobre o ego-pensante e o cosmo-pensado, creio que Albert Einstein está certo quando ilustra tal diferenciação mencionando sua experiência de pensar e ser pensado: “Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar – e eis que a verdade me é revelada”.

       

Agora mesmo ao responder sua carta pouco estou pensando, pois, desde sempre, percebi que o muito pensar produz muito pouco quando se trata de Deus; visto que de fato não há nada a ser pensado sobre Deus.

 

O Deus pensado pelo homem é um criado creado pelo homem. Sim! Tanto é uma “creação” do homem como originador de “tal Deus”; como também é ele criado do homem, visto que existe para e pelo homem; e, sem o homem, “tal Deus” não está, posto que não É.

 

Eu creio que acerca de Deus tudo o que pode existir é decorrente do Pensado antes do pensamento. Ou seja: decorre de Revelação.

 

Ora, revelação por natureza é algo Pensado e mostrado ao pensante. Entretanto, o pensamento do pensante que recebe o Pensado sem esforço, funciona não como causa do recebimento do Pensado, mas como meio de sua expressão relativa no mundo dos sentidos contidos no tempo e no espaço.

 

Ora, o conceito de Pensado como tendo relação com o esvaziamento do intelecto presunçoso do poder do pensar, corresponde exatamente ao que se ensina sobre a Graça como favor imerecido; ou seja, no nosso caso, como um Favor Imerecido não pensado pelo homem, mas Pensado por Deus.

 

Assim foi que Jesus disse que o escriba, o sábio e os pensadores passaram ao largo da revelação em razão de seus egos-inflados, porém, os humildes, os de ego-ensinável em razão de serem abertos e não sistêmicos, receberam e recebem a revelação; ou seja: o Pensado.

 

Por isso creio também que a meditação não é pensar, mas abrir-se para o todo, pela via do descanso e do amor.

 

É do descanso que ama que nasce a meditação que enche o ser do Pensado; ou seja, da revelação.

 

Entretanto, não é a meditação como arte e disciplina o que provoca a revelação, posto que a revelação tem sua origem no indevassável mistério do conhecimento de Deus sobre o homem; e não o contrário.

 

A Encarnação é a manifestação absoluta do Pensado no ambiente relativo do tempo e do espaço. Assim se sabe que o Pensado é independente de qualquer processo humano; pois, como disse Paulo: “Quem subiu aos céus, isto é, para trazer Jesus ao mundo? Ou quem desceu ao abismo, isto é, para trazer a Jesus dentre os mortos?”  

 

O Pensado pensa o que quer; mas os que pensam nada sabem acerca disso!

 

Por isto, Isaías diz que os pensamentos de Deus não são como os dos homens, assim como os caminhos de Deus diferem totalmente dos nossos.

 

Espero ter contribuído de alguma forma. Para muitos parece luxo inócuo do refletir isso de que aqui tratamos. Entretanto, tudo o que disse, você bem sabe, nada mais que aquilo que do Evangelho nos é Pensado; ou seja: revelado.

 

 

 

Nele, que É; e em Quem tudo mais só é-sendo Nele,

 

 

 

Caio

 

02/08/07

Lago Norte

Brasília