UMA VOLTINHA NA ETERNIDADE

Ia sentando aqui pra escrever sobre o Paradoxo de Epimenides, quando olhei para o lado e vi a foto de minha família reunida nos 50 anos de casamento de meus pais. A imagem do Lukas cresceu do lado esquerdo do quadro. Parecia que ele estava só na foto. Então, no coração aquela espada rasgou de dentro para fora. Que dor meu Deus! E ela tira o coração do peito em carne viva, como se fora a mão raivosa de um índio no campo de batalha.

Olho a sala. E sou assolado pela força de uma saudade que grita aos meus ouvidos que ela será o que é até que ela se torne presença diante de daquele por quem ela clama.

Então você vê a eternidade. A sala está aqui, mas não me contém. Olho a eternidade na imensidão “do dentro de mim.” E vejo a eternidade por uma eternidade de um pouquinho de nada. E me ilumino com sua luz e amor.

De súbito tudo começa a voltar a ser o que era. A sala é a sala. A foto é a foto. Mas eu estou um poucos vazado pela eternidade. Viajei outra vez até a sua porta e senti o seu cheiro de amor e glória.

Assim, a síntese de tempo e eternidade vai acontecendo de modo cada vez mais profundo, e o tempo me faz saudoso e certo da eternidade, e a eternidade ilumina o tempo que me cerca.

Caio