VI “LUTERO” E PENSEI NO QUE VOCÊ PROPÕE!

 

 

 

 

  

 

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From: VI “LUTERO” E PENSEI NO QUE VOCÊ PROPÕE!

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Sent: Sunday, August 19, 2007 15:29

Subject: A RELIGIÃO ACHA JESUS LOUCO – sempre achou!

 

 

Caro Caio:

 

 

Espero que seu pai esteja bem, em franca recuperação.

 

 

Li seu texto “A RELIGIÃO ACHA JESUS LOUCO – sempre achou”, logo após ter assistido o filme “LUTERO”, sobre o seu chamado e a sua vida. De fato é impossível não encontrar similaridades entre o contexto onde Lutero – sem que tivesse intenção, acaba por provocar o maior cisma religioso da história até hoje-e os dias de hoje.

 

Naquele filme vi o esforço de Lutero, movido pelo amor a Deus e pela força da revelação do Evangelho, em restaurar o verdadeiro propósito da igreja, de dentro para fora, e também ver a destruição que seus algozes promoveram em retaliação a sua posição. Ele foi taxado de louco e de demônio pelos seus pares.

 

Não pude deixar de ver traços similares a desta caminhada de Lutero em sua jornada, até hoje. Durante 30 anos você tentou –assim como Lutero- mudar a cabeça da “igreja”. De dentro para fora. Mas os fariseus e a vida te obrigaram a fazer seu cisma pessoal, e através disso, muitos tem podido receber e muitos outros recuperar o verdadeiro Evangelho de Jesus.

 

Seu esforço em despertar consciências para o Evangelho foi por mim lembrado no filme quando Lutero, diante do imperador da Alemanha e dos representantes do papa, mencionou: “… porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável.”, em especial para não transformarem, nos dias voláteis de hoje, a Graça em “graxa”.

 

Enfim, querido amigo, quando te chamam de louco, demônio, herege ou de “elogios” similares comparam-te, contextualmente, a quem historicamente é reverenciado por eles mesmos. O grande medo destes é perder o controle das “massas”, e é que a consiência do Evangelho faz: liberta as pessoas colocando-as em posição de poder tomar suas próprias decisões caminhando na sua experiência com Deus. Isto suas pregações e textos do site tem promovido em grande escala.

 

Que o Senhor continue usando sua vida como uma pedra de tropeço para aqueles que nada tem do Evangelho em si mesmos e de uma pedra de esquina para ajustar o coração de cada um no caminho.

 

Eliézer.

 

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Resposta:

 

 

Querido irmão Eliézer: Graça e Paz!

 

 

Lutero foi um homem; e nada além de apenas um homem. Ele não era o homem moralmente mais ilibado de sua sociedade [longe disso]; nem o mais culto; nem o mais inteligente; nem o mais sábio [a sabedoria andou muito longe dele muitas vezes], nem o mais influente; e menos ainda o mais “adequado”; pois, psicologicamente era um homem com muitos tormentos; e, depois de conhecer a Graça, ainda assim sofreu algumas seqüelas de outros tempos.

 

De fato, Lutero era um homem muito doente de alma e coração; e sofria de males psicológicos que hoje o poriam sob forte indicação para ajuda psiquiátrica e psicológica; sem falar que é obvio que, hoje, ele deveria viver sob medicação e assistência médica.

 

Tudo o que não havia em Lutero era equilíbrio psicológico; nem antes, nem durante e nem depois do advento da Reforma.

 

De fato, para mim, Lutero foi o pivô, o elemento histórico e fenomenológico de uma força Inconsciente Coletiva que estava pronta para derramar-se sobre a Europa já fazia alguns séculos; embora nos últimos cem anos antes de Lutero a tal força tivesse ganhado muito mais intensidade com os pré-reformadores; todos eles pessoas bem mais equilibradas que o Reformador alemão.

 

Assim, Lutero não é um Paulo; ele está mais para um Gideão; para um homem apanhado pelas circunstancias e que teve seu papel beneficamente superlativizado pelas perseguições que sofreu; de modo que um Lutero “deixado”, não perseguido, teria sido um Lutero sem significado histórico.

 

Quando sua angustia de alma foi aplacada um pouco pelo entendimento do texto de Paulo aos Romanos (e depois aos Gálatas), sua insurgência contra Roma veio misturada com muitos elementos convergentes — a saber: o clamor das ruas, a insatisfação de muitos clérigos, a necessidade que alguns principados europeus tinham de ter um motivo religioso que os permitisse romper com o papado por uma causa nobre (e a “Reforma” lhes pareceu ideal); e, sobretudo, pela perseguição romana, a qual deu a ele [Lutero] o imediato status de inimigo qualificado do maior poder da terra: a Igreja de Roma.   

 

De fato foi Roma quem promoveu a Reforma, e não Lutero.

 

Eu disse que a consciência dele foi aplacada pela informação do texto, e ele creu no que estava dito; e, pelo texto ele foi adiante sem retroceder. No entanto, não foram a paz, a experiência do sossego de alma, o derramar de amor e Graça, e a alegria da boa liberdade — os elementos motivacionais de Lutero. Não! O texto havia dado a ele as razões de base teológica para romper com Roma, mas o fruto não era de excelência espiritual, mas, sobretudo, de natureza apologética; e historicamente capaz de receber o influxo de muitas forças e poderes hostis a Roma presentes naqueles dias de trevas.

 

Quanto mais leio sobre Lutero (ou, sobretudo, leio Lutero mesmo: suas cartas, sua correspondência com amigos, príncipes e reis), mas me convenço do seguinte:

 

1.                Ele era um homem em busca de libertação para suas pulsões sexuais descomunais;

 

2.                Ele revoltava-se com a opressão da Igreja sobre o povo;

 

3.                Ele foi impactado intelectualmente pela certeza de que se Paulo estava certo, a Igreja de Roma estava errada;

 

4.                Ele não hesitou (tanto por convicção como também por revolta) em enfrentar Roma com a verdade do Evangelho;

 

 

5.                Uma vez que isso foi feito o próprio Lutero se tornou símbolo de algo maior do que ele;

 

6.                O amparo que teve para traduzir a Escritura para o alemão popular deu ao que iniciara o poder revolucionário que o movimento ganhou;

 

 

7.                A alquimia do movimento misturava piedade pessoal do povo, muita revolta popular, uma grande dose de interesse político numa eventual ruptura com Roma, e o grito libertário de Lutero, o qual se fundamentava na Escritura, e, nela, sobretudo, em Paulo.

 

 

Entretanto, tudo o que aconteceu [com a perseguição sofrida em razão da opressão de Roma], incitou os ânimos de Lutero também de modo errado, pessoal, briguento, provocativo, e, por vezes, para além de toda medida de sabedoria e bom senso.

 

Mesmo assim, quando é a hora, até o louco e de fato descontrolado pode ser o instrumento do momento. Ninguém nunca sabe!

 

O que sei é que Lutero se fosse meu contemporâneo, eu mesmo, como irmão e amigo, recomendaria a ele que se tratasse com urgência.

 

Num artigo aqui do site, meu filho Ciro [autor do artigo] disse, e eu concordo com ele, que Lutero é uma das pessoas mais difíceis de se “precisar” na história. Isto porque quase todos os fatos de sua vida são sempre interpretados doutrinariamente, de um lado ou de outro.

 

Está na hora de se salvar Lutero da Reforma e a Reforma de Lutero; historicamente falando.

 

Entretanto, a inadequação humana dele para com o que de fato aconteceu exclusivamente pela Graça Soberana, é a melhor expressão da liberdade de Deus usando até Lutero, até qualquer um; dependo de Seu desígnio.

 

Lutero, porém, está longe de ser meu herói.

Irmão sim, mas não herói; isto é que é difícil de explicar aos Reformados e Protestantes.


Isto porque, por um lado, temos muitos protestantes tentando torná-lo um homem absolutamente “santificado” e basicamente sobre-humano. Por outro lado vemos alguns apologistas católicos e/ou ateus, querendo pintá-lo como uma encarnação demoníaca de pura maldade.

Conhecer os escritos de Lutero e sua vida é então um exercício fascinante para qualquer um que se interesse pela psicologia do homem da Reforma. E mais: pela alma coletiva que se estabeleceu no movimento Reformado e isso muito tem a ver com o próprio espírito separatista de Lutero.

 

Aliás, eu diria que se não fossem seus defeitos, dificilmente ele teria tido virtudes tão próprias para o momento histórico.

 

Sim! Pois o homem Lutero, fora daquela hora, de muito pouca valia teria sido para a causa da fé. E digo isto ainda que fazendo admissão de que muito do que se chamou de Reformar nada mais foi que insurreição política motivada pelos impulsos mais mesquinho dos poderosos contemporâneos do Reformador.  

 

Não concordo com muita coisa, mas entendo o fenômeno sem pieguice.

Contradições…


Por um lado vemos um historiador famoso e lingüista como Heinrich Von Treitschke (protestante), dizendo que “Lutero inventou o Novo Alemão em um dia”. Enquanto Janssen (católico) diz que “Lutero não fez qualquer contribuição à língua alemã”. As duas posições são não são verdadeiras. Lutero traduziu para o Alemão a obra mais difundida durante os próximos séculos, indubitavelmente isso influenciou a língua alemã. Entretanto, ele não a criou, obviamente.

Lutero ajuda seus comentadores, tanto positivos quanto negativos, por ser uma criatura de profunda e absoluta contradição. Era capaz de afirmar e negar a mesma coisa em um espaço pequeno de tempo, o que nos permite citá-lo em quase qualquer tipo de ocasião, dependendo da utilização que queiramos dar a ele.

Sua personalidade tinha marcas de profunda neurose e sem dúvida ele tinha tendências a surtos psicóticos. Uma vez, durante uma missa, enquanto se lia a passagem do Evangelho sobre o Gadareno, ele teve uma crise, e caiu no chão gritando: “Não estou possuído. Não estou possuído!”

Ele tinha também uma personalidade maníaco-depressiva, e procurava vencer sua depressão através de excesso de trabalho ou excesso de oração; e depois passava por períodos de profunda melancolia e quietude; e que podemos ver nos seguintes exemplos:

 “Eu preciso de duas secretárias. Eu praticamente não faço nada o dia todo a não responder e escrever cartas.”.

 

Isto ao mesmo tempo em que diz:

 

“Eu sou pregador do Convento e do Refeitório; e sou vigário do distrito; e, por isso, sou onze vezes mais que um Priorado; sou responsável pelos reservatórios de peixe de Leitzkau; e sou agente no Torgau no interesse da paróquia em Herzberg. Dou aulas em St. Paulo, e estou trabalhando em pesquisas nos Salmos e hinos. De fato, raramente me sobra tempo para assumir minhas funções e fazer as missas. Fisicamente estou bem, mas sofro em espírito. Por quase todos os dias na semana passada eu fui jogado entre a morte e o inferno; de tal modo que ainda tremo por todo o meu corpo e sinto-me exausto. Tempestades de desespero e de blasfêmia assolaram-me e eu tinha perdido Cristo quase completamente” (Luther’s Letters, Enders Edition, vol. 1, pp. 66, 67, e vol. 6, pg. 71).

     

Também temos o oposto disto; e conforme o que lhe aconteceu já em 1521:

 

“Estou aqui, em total mornidão; tenho negligenciado a oração; e ando sem ter em mim qualquer suspiro ou desejo pela Igreja de Deus. Estou incendiado por todos os desejos possíveis desta minha carne descontrolada. É o ardor de espírito o que eu deveria sentir. Mas, ao invés disso, é o ardor da carne; desejo; preguiça; mornidão; sonolência—é o que me possui” (ibid. vol. 3, page 189).

Lutero também tinha uma obsessão com o demônio, tinha a tendência de atribuir qualquer coisa que se lhe opunha à obra de Satanás, e talvez assim tenha instituído o germe da mania-demoníaca que vemos em boa parte das igrejas reformadas.

Temos múltiplas citações dele a respeito de suas constantes lutas com Satanás, mas uma das mais clássicas é: “Satanás dorme comigo mais freqüentemente do que minha esposa.”

Lutero também não tinha limites na língua, e não se importava em falar vulgarmente (inclusive com pungentes alusões sexuais); sendo essas algumas das coisas que mais seus acusadores usaram contra ele em seu tempo, e que ele em si mesmo assumiu sem pudores.

 

Não só falava como escrevia vulgarmente, e não era exatamente uma pessoa muito paciente como ele mesmo confessa:

 

“Ira age como um estimulante para todo o meu ser. Ela afina minha esperteza, põe um fim aos assaltos do diabo e me conduz ao que não temo. Eu nunca escrevo ou falo melhor do que quando estou com raiva. Se eu desejar compor, escrever, falar, orar e pregar bem, eu tenho que estar com raiva (“Table Talk,” 1210).”

 


Essa passionalidade de Lutero é uma de suas maiores características psicológicas. Lutero era sem dúvida Bipolar.

 

Uma de suas frases mais clássicas foi comentada por Nietzsche, em sua crítica ao espírito anti-racionalista romântico alemão:

 

Lutero diz:

 

“Se eu pudesse conceber pela razão que o Deus que mostra tanta ira e malignidade pudesse ser misericordioso e justo, de que me valeria a fé?”

 

E Nietzsche comenta:

 

“Desde tempos antigos, nada jamais criou maior impressão sobre a alma alemã; nada tentou a alma alemã também mais que esta dedução [de Lutero], a mais perigosa de todas, a qual por todas as verdades é pecado contra o intelecto: credo quia absurdum est.”

 

Essa passionalidade também acaba se refletindo em sua própria auto-percepção. Lutero acaba se convencendo que a Palavra de Deus não é Sola Scriptura, porém Solo Lutero.

 

Podemos ver isso em diversas passagens em que ele fala coisas como:

 

“Quando estou com raiva, não estou apenas expressando a minha ira, mas a ira de Deus”.

 

“Santo Agostinho e Santo Ambrósio não podem ser comparados a mim”.

 

“Nem em mil anos Deus derramou dons tão grandes sobre qualquer bispo como Ele derramou sobre mim” (E61, 422).

 

“Deus me indicou sobre toda a Alemanha, e eu audazmente me comprometo e declaro que quando vocês me obedecem, de fato e sem nenhuma dúvida, vocês estão obedecendo não a mim, mas a Cristo” (W15, 27).

 

“Quem quer que não me obedeça, não está desprezando a mim, mas a Cristo”.

 

“Quem quer que rejeite minha doutrina não pode ser salvo”.

 

“Ninguém deve se levantar contra mim”.

 

“O que eu ensino e escrevo permanecerá verdade mesmo que o mundo inteiro caia em pedaços” (W18, 401).

 

Lutero também acabou criando as sementes da igreja triunfante, que iguala a Deus a sua causa – própria:

 

“Se Deus se preocupa com os interesses de Seu Filho, então Ele cuidará dos meus; minha causa é a causa de Jesus Cristo. Se Deus não se interessa pela glória de Cristo, Ele estará pondo o que é Seu em perigo; e Ele mesmo terá de aceitar a vergonha”.

 

Ao mesmo tempo Lutero é capaz de brigar com esse Deus e esse Jesus [que ele mesmo criou] sempre que sua vontade não é feita:

 

“Eu tenho mais confiança na minha mulher e nos meus discípulos do que eu tenho em Cristo” (“Table Talk”, 2397b). “Deus muitas vezes age como um homem louco”; “Deus é estúpido” (“Table Talk”, No. 963, W1, 48).

 

Lutero também é capaz de ver em Jesus sua própria fraqueza; ao comentar João 4 acerca de Jesus e da mulher samaritana, ele afirma:

 

“Jesus cometeu adultério com a mulher do poço sobre a qual nos fala João. Não estavam todos perguntando: ‘O que vem Ele fazendo com ela? ’ Em segundo lugar ele adulterou com Maria Madalena; e por último com a mulher flagrada em adultério, a quem Ele despediu tão suavemente. Assim, até Jesus, que era tão santo, tem de ter sido culpado de fornicação antes de morrer” (“Table Talk”, 1472) (W2, 107).

 

Lutero também [em sua teologia] acabou completamente esquecido de qualquer tipo de movimento para fora de si mesmo e em relação aos outros; pois chega até mesmo ao ridículo ao falar:

 

“Não interessa o que o povo faz; só interessa o que eles crêem”. “Deus não precisa de nossas ações. Tudo o que Ele quer é que oremos a Ele e que lhe sejamos gratos. Mesmo os exemplos de Cristo significaram nada para Ele mesmo. Não tem importância como Cristo se comportou — o que Ele pensava é tudo o que interessa” (E29, 196).  

 

Assim, não é de se estranhar que ele gostaria de arrancar Tiago da Bíblia!

Porém ao mesmo tempo, Lutero nos afirma a realidade da humanidade em pecado; mas parece só conceber a Graça como indulgência, e nunca como poder transformador do ser; a começar do dele:

 

“Seja um pecador e peque com ousadia, mas creia mais ousadamente ainda. Todos os homens, incluindo os santos e os apóstolos são pecadores. Todo bom santo é um bom pecador. Os apóstolos eram pecadores… Eu creio que os profetas frequentemente pecavam graves pecados”.

 

Agora com relação a três aspectos que a Igreja em geral assume como inegociáveis da espiritualidade cristã: temperança (especialmente no álcool), sexo e falar a verdade; eis como ele via a questão.

Sobre o álcool Lutero escreve e afirma que o povo alemão bebia tanto que somente uma calamidade os faria parar de beber. E conclui: “Eu sei que não pratico o que ensino” (Enders, 2, 312).  

 

E, de fato, honestamente, ele realmente não praticava:

 

“Deus considera a bebedeira um pecado pequeno; tem que considerar; afinal, quem pode parar com isto?”

 

“De acordo com o ditado, temos que nos compor com os tempos; e os tempos são ruins; as pessoas estão piores; nossos atos mais que piores… Até aqui a bebida tem me impedido de escrever e de ler; vivendo com os homens tem-se que viver como eles vivem”.

 

“Se eu tiver um copo de cerveja, vou quer o barril”.

 

“Estou atormentado por infecções na garganta como nunca antes; possivelmente resultado do vinho forte, o qual aumentou a inflamação; ou pode ser uma bofetada de Satanás”.

 

“O que é necessário para que alguém viva uma vida de autocontrole não existe em mim”.

 

Seu amigo Alexander chega a afirmar que Lutero era viciado em beber demais e incapaz de parar.

Casamento e sexo…

 

Também sobre o casamento ele era ambíguo. Podemos vê-lo afirmando coisas muito belas e interessantes, moralizantes até; apresentando-se como o restaurador da posição nobre do casamento na sociedade:

 

“Nenhum dos ‘Pais da Igreja’ jamais escreveu qualquer coisa notável sobre o casamento”.

 

Entretanto, ele também demonstra sua fraqueza sexual quando escreve a respeito de sua própria sexualidade:

 

“Em vez de reluzir no espírito, estou reluzindo na carne”.

 

“Eu queimo com todos os desejos de minha carne e que me comem e me ardem com chamas de desejo. Resumindo: Eu que deveria ser um do espírito, estou comendo meu próprio coração pela minha entrega à carne, através da lascívia, da preguiça, da mornidão e da sonolência” (Enders 3, 189).

 

E continua afirmando o que seria a solução de seu problema:

 

“O ferrão da carne pode ser facilmente diminuído tão somente haja meninas e mulheres à disposição”.

 

“O corpo pede uma mulher e precisa tê-la”.

 

“Casar é um remédio para a fornicação”.