VOCÊ NÃO TEM MEDO DA EXPECTATIVA?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

—–Mensagem original—–
De:
VOCÊ NÃO TEM MEDO DA EXPECTATIVA?  
Enviada em: quinta-feira, 17 de abril de 2008 15:51
Para: [email protected]

Assunto: Você não tem medo?

 

 

Pastor Caio: Que a paz do senhor esteja em seu lar!

 


O motivo deste e-mail, em primeiro lugar, é para dizer que tenho gostado muito de ler seu site, tenho sido edificada, aprendido muito e tirado algumas dúvidas de minha cabeça.


Você é um homem muito inteligente, suas mensagens expressam isso muito bem. Também sei que se dedica em tudo o que se propõe a fazer. Isso nos dá a certeza que não tem tempo para brincadeiras e nem muito menos para falar bobagens; afinal é só o que tem por ai; não o vejo como mais um no meio disso tudo.


O outro motivo que me traz até aqui é para te fazer uma pergunta.

Estive em Santos no dia 12/04/2008 e amei estar ali. Nunca tive a oportunidade de vê-lo pregar. Aquela foi a primeira vez, fiquei muito maravilhada com sua pregação. A maneira natural com que você falava — fechava os olhos como uma oração a Deus, como se não estivesse mais ninguém ali. Achei tão bonito, sem frescuras; sem aquelas maneiras exageradas que os pregadores têm, querendo levar a platéia ao delírio. Com você é diferente. Tudo é simples. O choro que acontece [em mim aconteceu], veio da alegria de ouvir uma palavra limpa, cheia de conteúdo, com verdade. Senti-me muito bem, poderia ficar horas ali ouvindo que não me cansaria. Sabe minha vontade era de poder ficar conversando com você, jogando conversa fora, aprendendo, conhecendo,entendendo. Mas isso é pra poucos, não é o meu caso; pena, pois, a vida passa tão rapidamente e não conseguimos viver o quanto desejamos e conhecer pessoas especiais; poder conviver com elas é privilégio de alguns. Sempre gostei de estar com gente que me ensinasse algo, gente que tivesse algo para acrescentar em minha vida. Você com certeza seria uma delas. Enfim, o que quero dizer é que lá em Santos, eu percebi que muitos não entenderam o que você estava dizendo; e fiquei triste, pois sei que você também deve perceber isso. Então a pergunta:


Você não tem medo que esse povo que agora está te ouvindo não esteja apenas trocando de pastor? Que sejam pessoas que estavam sim desiludidas com suas igrejas e estão migrando para O Caminho da Graça sem entender o que realmente você está propondo?

As pessoas sempre estão precisando de alguém que os guie, talvez não estejam agora depositando em você esta responsabilidade?

Sei que você não deseja isso, mas é um risco que corre diante de um povo que está sempre à procura de novidade; e sempre voltarão ao poço para beber a água que nunca vai saciar a sede deles; acredito que muitos não entenderam isso.


Posso ser um pouco mais sincera? Não gosto daqueles pregadores que imitam seus pastores, mas sinceramente vi que ali naquela reunião alguns desejam isso; é uma pena, pois sei que esse não é o seu desejo criar discípulos à sua semelhança; sei que você espera que cada um ande seu caminho com sua consciência.

Bom é isso! Fique com Deus!

 

Abraço em sua esposa, que por sinal é linda!!

 

E você, pastor, como amei olhar em seus olhos e ver quão meigos eles são; cheios de compaixão. Acho que o senhor deve ser uma pessoa muito amável; cheio de ímpetos, é verdade; mas sempre amoroso.


Deus te abençoe!

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Resposta:

 

 

Minha amada irmã: Graça e Paz!

 

 

Obrigado pela sua carta e pelas suas expressões de desejo e de crescimento no Evangelho puro e simples.

 

Sobre sua questão, digo o seguinte:

 

1.      Que grande parte das pessoas que está no Caminho da Graça entendem o que digo e prego;

 

2.      Que nem todos os que entendem, praticam o que entendem; pois, os vícios antigos são profundos, e, em geral, lentos no saírem das almas das pessoas — aqui e ali há recaídas religiosas em alguns;

 

 

3.      Que entre os que entenderam e praticam, há até os que tentam minimizar as implicações de meu significado no processo inteiro, pelo medo de serem interpretados como meus discípulos; ou por temerem que alguém pense que o Caminha da Graça é a seita do Caio;

 

4.      Que alguns dos que se achegam ao Caminho, o fazem por tristeza e não por alegria, posto que desejassem, se pudessem, teriam ficado em seus lugares de origem, não tendo ficado por total impossibilidade e intolerância de alguma forma [da parte do grupo ou líder dele] —; e que, portanto, chegam a nós como se estivessem indo para uma UTI; e, somente depois, para alguns ‘bem depois’, é que vêem e discernem o significado mais profundo do nosso compromisso com o conteúdo mais simples do Evangelho: Boa Nova para a vida agora;

 

 

5.      Que entre nós sempre haverá aqueles que se ajuntam pela moda ou pela simples revolta infantil. No entanto, esses não suportam muito tempo, e em geral debandam. Afinal, muitos chegam pensando em Graxa e não em Graça. Ora, esses se assustam ao ver que não há barganhas a fazer, muito menos com o pecado deliberado e cínico. Sim! Especialmente em suas formas de juízo e desamor!

 

 

Com Jesus não era diferente. A leitura dos evangelhos nos dá conta de que andavam com Ele todos os tipos humanos, e com toda sorte de percepção e de interpretação sobre Ele e sobre o que Ele dizia.

 

Jesus, todavia, não se preocupou com isso. Ensinou a todos conforme a capacidade de compreensão de cada um, mas sabia que compreender palavras não significa aderir ao conteúdo proposto como forma de entendimento da vida como um todo.

 

Assim, Ele investia mais de perto em alguns, não em muitos. E entre esses alguns [os apóstolos e discípulos que o seguiam no caminho], deu especial atenção a três deles [Pedro, Tiago e João]; a uma família de amigos em Betania; e aos que Lucas oito relata que o seguiam e o serviam em Suas necessidades.

 

Entretanto, me pergunto: por que devo eu me preocupar com aquilo que Jesus tratou com naturalidade e simplicidade?

 

O que tenho de fazer é sempre tratar a tudo como Ele, meu Senhor e Mestre, tratou ou trataria. Se assim fizer, e buscar incansavelmente fazer, tudo estará bem. Afinal, no meio do povo há sempre aqueles que pensam como Judas. Assim como também sempre há daqueles que ao verem o Mestre fraco, sendo levado, impotente, unem-se aos gritos de raiva dos que preferem Barrabás.

 

Não estou inaugurando uma era hoje. Tanto porque a Palavra me diz como é, como também em razão de que desde os 18 anos que experimentei todas as formas de adulação — e, sinceramente, não foi por aí que o inimigo alcançou a minha carne em sua fraqueza.

 

Além disso, quase tudo o que você puder imaginar de propostas e de seduções, minha alma tem conhecimento; pois, contam-se aos milhares as tentativas do diabo de perverter o Caminho de Jesus em mim, no curso das décadas de pregação da Palavra a milhões de seres humanos.

 

Sinto as coisas de longe. E posso me enganar na intensidade ou na força daquilo dentro de alguém, mas raramente me engano quanto à existência daquela coisa na pessoa. O tempo sempre mostra, e amo quando estou enganado.

 

Os que Deus tem colocado comigo na condução dos grupos, quase todos, são pessoas já muito rodadas e lúcidas a respeito do significado do chamado. Alegro-me em Deus pela vida de cada um deles.

 

Onde existe amor e simplicidade — tudo fica claro e fácil de resolver!

 

Costumo dizer o que penso. Já fui mais impetuoso do que agora. Há oito anos atrás eu estava virando todas as mesas. Hoje, no entanto, especialmente de quatro anos para cá, sinto que algo serena em mim, e que cresce como alegria paciente em meu coração.

 

Desse modo, se algo me parece estranho entre os que caminham comigo, digo o que sinto; se estiver errado, peço perdão; e se estiver certo, amo a pessoa sem muitas palavras, pois, tudo o que alguém admite, já está tratado; e o mais será processo de Deus na pessoa.

 

Os que estão chegando de lugar nenhum [ou seja: de nenhuma igreja] — em geral não dão qualquer trabalho. Os que dão mais trabalho são justamente os que já possuem muita vivencia religiosa. Esses de vez em quando têm seus surtos de antigas angustias, hábitos ou preocupações.

 

Desse modo, não me esqueço de como as coisas são, e nem de como é a natureza humana, e, assim, olhando para mim mesmo, vigiando minhas motivações e compromissos, ando em paz; sabendo que Aquele que começou a boa obra há de concluí-la em amor e graça nas nossas vidas.

 

Espero que você una-se a uma Estação do Caminho. Se Santos for a Estação mais próxima, fique lá, pois, meu amado filho-amigo, Marcelo Quintela, há de acolhê-la em amor; e, com ele, todos os irmãos da Estação-Santos.

 

Receba todo meu carinho e reverencia pela sua vida, alma e sonhos de crescimento no Evangelho.

 

 

 

Nele, em Quem tudo está resolvido,

 

 

 

 

Caio

 

18/04/08

Lago Norte

Brasília

DF